Eleições na Venezuela: Brasil se cala e líderes mundiais se pronunciam; veja reações

O presidente Nicolás Maduro foi reeleito na Venezuela neste domingo (28), segundo o anúncio do CNE (Conselho Nacional Eleitoral). A oposição, porém, denunciou uma fraude nas eleições e líderes mundiais exigem transparência na apuração.

Presidente Nicolás Maduro vence eleições na Venezuela

Representantes da Argentina, Chile, Estados Unidos e União Europeia questionaram a legitimidade da vitória de Nicolás Maduro na Venezuela – Foto: AFP/ND

Com 80% das urnas apuradas, o Conselho Nacional Eleitoral informou na madrugada desta segunda-feira (29) que Maduro obteve 51,2% dos votos, contra 44,2% do candidato Edmundo González Urrutia.

Opositores alegam que houve uma “fraude grosseira” na apuração das urnas e que o adversário de Maduro ganhou com 70% dos votos. “Queremos dizer ao mundo que a Venezuela tem um novo presidente eleito e ele é Edmundo González Urrutia”, declarou a líder da oposição, María Corina Machado.

Maduro, atual presidente da Venezuela foi eleito pela primeira vez em 2013, após a morte do antecessor Hugo Chávez. Em 2018, sua reeleição teve a legitimidade questionada e não foi totalmente reconhecida pela comunidade internacional.

Qual a posição do Brasil?

Até a publicação desta matéria, o presidente Lula ainda não havia se pronunciado sobre a vitória de Nicolás Maduro. Segundo o portal R7, O governo de Luiz Inácio Lula da Silva vai esperar por mais informações sobre a eleição da Venezuela para se pronunciar de forma oficial.

Antes das eleições, porém, Lula criticou a declaração de Maduro, de que haveria “banho de sangue” e “guerra civil” na Venezuela caso não fosse reeleito. “O Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica; quando você perde, você vai embora”, disse Lula em 22 de julho.

O diplomata Celso Amorim, assessor especial de Lula, foi enviado à capital venezuelana, Caracas, para acompanhar as eleições como observador internacional. Para Amorim, não houve nenhum incidente no processo eleitoral.

Ele falou à jornalista Andréia Sadi que ainda é preciso conferir todas as atas eleitorais e que “não pode sair falando que foi fraude nem que está tudo ótimo”.

“O fato principal que nos leva a ser cauteloso é que não deram o resultado público mesa por mesa, porque o governo deu até agora é um número, mas tem que mostrar como chegou nesse número: ata por ata”, comentou.

Candidato de oposição, González Urrutia foi escolhido de última hora para disputar as eleições; María Corina Machado foi seu braço direito na campanha – Foto: Reprodução/X

Treta com Milei

Nas redes sociais, presidente argentino Javier Milei chamou Maduro de ditador e desqualificou o resultado das eleições. “Argentina não vai reconhecer outra fraude e espera que desta vez as Forças Armadas defendam a democracia e a vontade popular”, publicou.

O presidente da Venezuela reagiu às acusações em seu discurso de vitória nesta segunda-feira: “Milei, você não me suporta nem por um round, seu bicho covarde. Você é um fascista completo. Lixo, você é a ditadura”, retrucou.

Comunidade internacional se divide sobre vitória de Maduro na Venezuela

As eleições na Venezuela dividiram a comunidade internacional. Alguns chefes de Estado criticaram a falta de transparência do processo eleitoral e receberam o resultado das eleições com ceticismo. Outros demonstraram apoio a Nicolás Maduro. Confira o compilado da AFP:

Estados Unidos

O Secretário de Estado dos Estados Unidos, diplomata Antony Blinken, expressou “grave preocupação” com o resultado eleitoral anunciado na Venezuela, que pode não refletir a vontade do povo. Ele pediu uma apuração “justa e transparente” dos votos.

“Agora que a votação foi concluída, é de vital importância que cada voto seja contado de forma justa e transparente. Pedimos às autoridades eleitorais que publiquem a contagem detalhada dos votos (atas) para garantir a transparência e prestação de contas”, exigiu.

Colômbia

Luis Gilberto Murillo, chanceler da Colômbia, pediu a “contagem total dos votos, sua verificação e auditoria de caráter independente” para “eliminar qualquer dúvida sobre os resultados”.

União Europeia

O chefe da diplomacia da União Europeia, o espanhol Josep Borrell, pediu que a Venezuela garanta “total transparência no processo eleitoral, incluindo a apuração detalhada dos votos e o acesso às atas de votação”.

Espanha

O ministro espanhol das Relações Exteriores, José Manuel Albares, pediu  que a Venezuela garanta “total transparência” na contagem dos votos, a “publicação das atas” e que “a calma e a civilidade sejam mantidos”.

Argentina

“DITADOR MADURO, FORA!!!”, escreveu o presidente argentino, Javier Milei, em sua conta na rede social X antes da divulgação dos resultados oficiais.

“Os dados anunciam uma vitória esmagadora da oposição e o mundo aguarda que reconheça a derrota após anos de socialismo, miséria, decadência e morte”, completou. “A Argentina não vai reconhecer outra fraude e espera que desta vez as Forças Armadas defendam a democracia e a vontade popular”.

Chile

O presidente chileno, Gabriel Boric, afirmou que os resultados anunciados são “difíceis de acreditar” e exigiu “total transparência das atas e do processo”. Pediu também que observadores internacionais não comprometidos com o governo confirmem a veracidade dos resultados”.

“Do Chile não reconheceremos nenhum resultado que não seja verificável”, declarou.

Peru

Javier González-Olaechea, chanceler do Peru, anunciou que convocará o embaixador do Peru na Venezuela para consultas diante dos “graves anúncios oficiais das autoridades eleitorais venezuelanas”.

Costa Rica

O presidente da Costa Rica, Rodrigo Chaves, repudiou “categoricamente” a reeleição de Nicolás Maduro como presidente da República Bolivariana da Venezuela, que considerou “fraudulenta”.

Uruguai

Para o presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou, “não se pode reconhecer um triunfo se não se confia na forma e nos mecanismos utilizados para chegar nele”.

Guatemala

“A Venezuela merece resultados transparentes, precisos e que correspondam à vontade do seu povo”, publicou nas redes sociais o presidente da Guatemala. Bernardo Arévalo também disse ter recebido os resultados “com muitas dúvidas”.

Itália

“Tenho muitas dúvidas sobre o desenvolvimento regular das eleições na Venezuela”, afirmou o chanceler italiano, Antonio Tajani, que exigiu “resultados que possam ser verificados”.

Aliados internacionais de Maduro saíram em defesa do presidente

Apesar das críticas ao redor do mundo, aliados do governo de Maduro reconheceram o resultado das eleições e reforçaram seu apoio à Venezuela.

China

A China felicitou Nicolás Maduro por sua reeleição e afirmou que está “disposta a enriquecer a associação estratégica” com o país latino-americano, segundo um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

Rússia

O controverso presidente da Rússia, Vladimir Putin, também felicitou Maduro. O país é um aliado tradicional da Venezuela e destacou que as relações entre as duas nações “constituem uma associação estratégica” e que acredita que estas se desenvolverão “em todas as áreas”.

Cuba

“Hoje triunfou a dignidade e o valor do povo venezuelano sobre pressões e manipulações”, escreveu o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, na plataforma X.

Nicarágua

“Nossa homenagem e saudação, em honra, glória e por mais vitórias”, dedicou o presidente Daniel Ortega, que enviou a Maduro “nosso abraço eterno”.

Bolívia

Luis Arce, presidente da Bolívia, saudou que “a vontade do povo venezuelano tenha sido respeitada nas urnas”, e ressaltou a “vontade de continuar fortalecendo os nossos laços de amizade”.

Honduras

A presidente de Honduras, Xiomara Castro, felicitou Maduro por “seu triunfo inquestionável, que reafirma sua soberania e o legado histórico do comandante”, em referência a Hugo Chávez, o falecido presidente que escolheu Nicolás Maduro como sucessor.

*com informações da AFP

Adicionar aos favoritos o Link permanente.