Com oficinas lotadas, mecânicos tentam recuperar carros atingidos pela enchente no RS: ‘uns quatro meses até arrumar todos’


Conserto envolve avaliação, recuperação e reforma. Estimativa é de que 2,4 mil oficinas foram afetadas pela enchente e 800 delas seguem fechadas. Carros foram atingidos pela enchente no RS
Reprodução/ RBS TV
A rotina de mecânicos no Rio Grande do Sul após as cheias e os temporais de maio envolve horas de trabalho, já que cerca de 200 mil veículos foram danificados pelas enchentes. Em alguns casos é necessário restaurar próprios carros que já estavam no local.
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Dono de uma oficina mecânica, Rodrigo da Rosa precisa agora consertar os carros que estavam consertados após os veículos ficarem praticamente submersos.
“Acho que vai uns quatro meses até arrumar todos os carros. Tenho que arrumar um de cada vez. É eu sozinho aqui, meu cunhado me ajuda também, mas na parte elétrica quem mexe mais sou eu”, explica Rodrigo.
Localizada em Porto Alegre, a oficina de Rodrigo está com 23 carros que precisam ser consertados novamente devido aos danos causados pela água.
Carros ficaram embaixo d’água em oficina em Porto Alegre
Reprodução/ RBS TV
“Não sei se dou risada, não sei se eu choro, não sei nem o que eu faço”, diz o dono da oficina em um vídeo que mostra os carros mergulhados na água.
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‘A fila de espera está bem longa’
A estimativa da indústria de reparação de veículos é de que 2,4 mil oficinas foram afetadas pela enchente e que 800 delas continuam fechadas.
A oficina de David Carlson, situada no município de Canoas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, também foi afetada pela enchente, mas ele conseguiu salvar os carros que estavam em conserto.
Dos 74 carros que estão esperando para ser recuperados, 60 sofreram danos significativos com a inundação. “A fila de espera está bem longa”, comentou David.
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Recuperação
Para recuperar os veículos afetados, o processo envolve algumas etapas:
Avaliação;
Parte mecânica;
Parte elétrica;
Parte eletrônica;
Reforma estética.
O mecânico Estevam Davi Schafer explica que carros mais novos são mais difíceis de serem recuperados. Os automóveis fabricados mais recentemente têm módulos de GPS, conexão wi-fi e outros componentes eletrônicos que são facilmente afetados pela água.
“Quanto mais tecnologia o carro tem, mais ele é afetado pela enchente, porque mais componentes eletrônicos ele tem. Então, é mais difícil de recuperar”, explica.
Contudo, mesmo os componentes mecânicos são danificados em situações como a da enchente.
“É muito importante entendermos que a água causa danos a todos os componentes do carro, sejam eles mecânicos ou eletrônicos”, diz Estevam.
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Desligar a bateria, para evitar mais danos ao sistema e possíveis acidentes com os acionadores (por exemplo, do airbag);
Verificar se entrou água na admissão, retirando para que a água não seja aspirada para dentro do motor;
Verificar se entrou água no óleo motor, sendo necessário trocar se ele estiver contaminado. Se não foi dada a partida no motor do veículo, o óleo e a água não se misturam, por isso conseguimos esgotar a água do sistema;
Fazer uma nova troca de óleo após o mesmo atingir sua temperatura de trabalho (que normalmente é em torno de 90°C, podendo variar), assim o restante de água que ficou no sistema irá se misturar com o óleo novo, podendo ser esgotada junto com ele;
Verificar se entrou água no cilindro do motor, retirando o que sobrou antes de arrancar, para evitar problemas em peças como biela, pistão, árvore de manivelas, bloco do motor etc;
Verificar se entrou água na transmissão. Em carros manuais, na maioria dos casos, a água acaba danificando o rolamento e acionador da embreagem podendo ser necessária a remoção da transmissão para efetuar o reparo. Em carros automáticos, a água danifica os componentes das embreagens internas do câmbio, exigindo abrir e trocar as embreagens e vedações danificadas;
Verificar se entrou água no tanque de combustível, é necessário fazer a remoção de todo combustível, e, na maioria dos casos, a melhor maneira de fazer isso é fazendo a remoção do próprio tanque;
Desligar todos as centrais eletrônicas e conectores e efetuar a limpeza delas;
Trocar filtro de combustível;
Conferir filtro de ar;
Conferir filtro de cabine (ar-condicionado);
Conferir correia de sincronismo e correias de acessórios, quando houver, se há barro ou detritos;
Conferir os freios (hidráulica e mecânica); se os freios não forem devidamente limpos e lubrificados podem acabar ficando encravados devido à ferrugem que a água causa. A limpeza hidráulica é igualmente importante tendo em vista que o líquido de freio perde suas propriedades ao absorver umidade, podendo deixar o veículo até sem freios;
Conferir arranque, pois a água estraga os componentes internos do arranque, fazendo com que o mecanismo não acione;
Conferir alternador, já que em alguns casos há danos nas bobinas, sendo necessária a troca;
Conferir óleo da direção hidráulica, que pode ser contaminado e, sem reparo, pode causar danos internos no sistema de direção.
Leilões vendem carros afetados pela enchente
Muitos dos 200 mil carros que foram afetados pela enchente estão sendo vendidos em leilões por valores que variam de 45% a 60% do preço da Tabela Fipe.
O pregões devem vender até 5 mil veículos, estima uma empresa do setor. Os automóveis são destinados a leilão depois que os proprietários acionam o seguro, que paga a indenização e fica com o bem.
Ao todo, 111 veículos da enchente foram comercializados no primeiro leilão que ocorreu em junho, atraindo compradores de diversos perfis.
A expectativa do setor é uma ampliação nas vendas com o passar dos meses.
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