Por dentro do hotel mais antigo de Londres

No coração do elegante bairro de Mayfair, entre antiquários centenários e lojas de alfaiataria artesanal, ergue-se com discreta nobreza o Brown’s Hotel, o hotel mais antigo de Londres em atividade.

Inaugurado em 1832, o Brown’s é mais do que um simples hotel: é uma cápsula viva da história britânica, um palco silencioso de encontros históricos, conspirações literárias e elegância atemporal.

Fachada do Brown’s Hotel, o hotel mais antigo de Londres em atividade

Hoje parte do sofisticado portfólio da Rocco Forte Hotels, o Brown’s mantém o raro equilíbrio entre tradição e modernidade. Ao atravessar suas portas, o visitante não entra apenas em um edifício, mas em uma narrativa de quase dois séculos, onde o passado se insinua com sutileza nos tapetes de padrão vitoriano, nas molduras douradas das paredes e nos sussurros que parecem ecoar entre as poltronas do English Tea Room.

Drawing Room do Brown’s Hotel é um ícone da essência londrina

Onde história e literatura se encontram em Londres

Foi ali que Alexander Graham Bell fez a primeira ligação telefônica em solo britânico. Rudyard Kipling escreveu partes de “O Livro da Selva” em uma das suítes. E Agatha Christie, hóspede frequente, inspirou-se no ambiente do Brown’s para escrever “At Bertram’s Hotel”, uma de suas obras mais emblemáticas.

O lobby do Brown’s, que faz parte do sofisticado portfólio da Rocco Forte Hotels

O hotel ainda carrega esse fascínio literário: sua biblioteca é um recanto silencioso onde volumes raros se alinham sob luz suave, e a atmosfera convida à introspecção tanto quanto à criação.

A elegância discreta da Rocco Forte

Desde que foi adquirido por Sir Rocco Forte em 2003, o Brown’s passou por uma cuidadosa renovação. O objetivo era claro: preservar sua alma vitoriana enquanto introduzia o conforto e a sofisticação que hóspedes do século 21 esperam.

Kipling Suite homenageia Rudyard Kipling, hóspede frequente do Brown’s

A designer Olga Polizzi, irmã de Sir Rocco e responsável pela identidade visual do grupo, redesenhou os interiores com um olhar respeitoso –misturando móveis de época com arte contemporânea britânica e tecidos de luxo.

Suíte Sir Paul Smith, projetada pelo próprio estilista em colaboração com Olga Polizzi

Hoje, as 115 suítes e quartos do Brown’s combinam o charme do passado com tecnologia de ponta. No spa, tratamentos com produtos orgânicos ingleses oferecem uma pausa do ritmo acelerado de Londres. Já o restaurante Charlie’s, sob comando do chef Adam Byatt, apresenta uma cozinha britânica moderna que respeita ingredientes sazonais e celebra produtores locais.

O ritual do chá como patrimônio de Londres

Nenhuma visita ao Brown’s está completa sem o tradicional chá da tarde, servido no English Tea Room, com suas paredes forradas de madeira, lareira acesa e pianista ao vivo.

The Drawing Room, sala de chá da tarde do Brown’s Hotel

O serviço —impecável e discreto— acompanha uma seleção de finger sandwiches, scones com creme de Devon e doces finos preparados diariamente. É um ritual que transcende o paladar e se inscreve na memória de quem o vivencia.

O Drawing Room oferece uma curadoria excepcional de chás finos, harmonizados com uma requintada seleção de sanduíches

Em uma Londres em constante reinvenção, o Brown’s Hotel permanece como um porto seguro da elegância clássica. Frequentado por intelectuais, membros da realeza, atores de Hollywood e viajantes exigentes, é um lugar onde o luxo não grita –sussurra. Onde o serviço não impressiona pela ostentação, mas pela atenção aos detalhes.

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