Larissa Luz conta os desafios para se consagrar tricampeã pan-americana de downhill

Depois de um final de temporada onde os objetivos não foram alcançados no Mundial – em Andorra, em agosto – e na Copa do Mundo – na França, em setembro – por conta de lesões, a atleta Larissa Luz, de 17 anos, se sagrou tricampeã pan-americana de downhill na categoria júnior feminino. Cerca de 470 ciclistas participaram da competição. A conquista aconteceu no fim de semana dos dias 21, 22 e 23, em Temuco, no Chile.

Larissa Luz no lugar mais alto do pódio no Pan-Americano de Downhill | abc+



Larissa Luz no lugar mais alto do pódio no Pan-Americano de Downhill

Foto: Arquivo Pessoal

“Para nós, essa é a prova mais importante aqui das Américas, onde se reúnem vários países. Ela disputou cona atletas da Colômbia, Equador, Chile e Argentina. Ela se consagrou tricampeã. Antes ela havia sido campeã da categoria juvenil, mas já conquistou o título gaúcho e brasileiro”, Tiago Lumertz, atleta, diretor da equipe Camptrail ATAC de MTB Downhill e proprietário da CT Bike Shop, empresa que patrocinou Larissa, que é natural de Estância Velha.

Em uma prova altamente técnica e disputada contra as melhores atletas do continente, Larissa mostrou toda a sua velocidade e habilidade, garantindo o topo do pódio. Em conversa com a reportagem do Grupo Sinos, a atleta estanciense, que já havia vencido o Pan-Americano em 2023 e 2024 na categoria inferior, detalhou a trajetória de preparação, a viagem e os momentos até garantir a medalha de ouro.

“Planejando a viagem, fui pesquisando a pista, o terreno, a altitude, a média de tempo que os pilotos faziam. Quando saiu a lista de inscritos, pesquisei uma por uma para saber sobre a técnica delas. Percebi que seria um campeonato difícil, mas eu estava disposta a fazer de tudo para trazer o outro para o Brasil”, conta Larissa, que é campeã gaúcha e brasileira da modalidade. No entanto, aqui no País, não há tantas adversárias. Por conta disso, ela compara seu tempo com o de meninos da mesma faixa etária.

“Eu vinha treinando downhill todos os finais de semana e fazendo academia, na Fun Fit, em Ivoti, durante a semana, porque eu não tenho como treinar bike nos dias úteis. Eu estudo (ensino médio) de manhã e faço curso de química à tarde. Foi uma rotina pesada, mas é o que eu gosto”, conta ela, que também recebeu auxílio do nutricionista Caio Cardoso.

A saída do Vale do Sinos aconteceu no dia 15. De carro, Larissa, Tiago Lumertz e Lucas de Negri embarcaram para o Chile. Um percurso de cerca de 3 mil quilômetros. Após três dias de viagem. O trio chegou e foi conhecer as pistas chilenas até a abertura do local de prova.

* Quinta-feira, dia 20 – Dia de track walk
(quando os pilotos podem caminhar no percurso da prova)

“Foi quando eu conheci a pista pessoalmente. Era enorme. Não estava acostumada com uma pista tão longa. Um terreno com muitos buracos, mas com poucas pedras e raízes. Era uma pista de alta velocidade. Foi difícil decorá-la, olhei muitos vídeos para poder decorar as linhas”, lembra.

Sexta, dia 21 – Primeiro dia de treinos

“Fizemos três descidas pela manhã e três à tarde. Conhecendo a pista em cima da bike, tive a impressão que a prova ia exigir muito da minha resistência, força e tranquilidade. Foi um grande desafio me adaptar à pista em tão pouco tempo”, revela.

Sábado, dia 22 – Dia da classificação

“Na minha primeira descida nos treinos, parei no trecho inicial porque estava mudando a cada descida. Tínhamos que ver a melhor estratégia. Além disso, vi que meu pneu estava totalmente murcho. Não tinha sinal que tinha furado ou quebrado o aro da bike. Entrei em desespero porque eu precisava treinar muito de manhã e à tarde era classificatória. O Lumertz e o Andrei Gheno me ajudaram. Vimos que tinha furado a fita do aro. Sou muito grata pela ajuda deles. Não deu tempo de treinar e fui às cegas para a classificatória. Fiz uma descida segura e consciente, sabendo que a final era no dia seguinte”

Mesmo com as dificuldades no dia da classificatória e sem querer saber da posição que largaria após a descida, Larissa garantiu a primeira colocação, com um bom tempo de vantagem para a segunda colocada.

Domingo, 21 – A final

“Fiz duas descidas de treino. A pista estava bem destruída. Tinha um certo receio e já fui planejando o que faria nesses piores trechos. Decidi que faria mais lento, para não comprometer meu resultado, e iria compensar nas partes seguras colocando mais velocidade”, inicia.

“Estava um nervosa, mas mantive o equilíbrio entre nervosismo, controle e tranquilidade. Essa foi a prova que mais tive controle da minha mente. Acredito que tenha sido uma grande virada de chave para obter o resultado que tive”, diz.

“Cruzei a linha de chegada muito feliz. Agradeci a Deus. Vieram os meus amigos da seleção brasileira para revelar o tempo. Falaram que fiquei em primeiro lugar, fizemos uma festa, comemoramos muito. Essa conquista não é algo que consegui sozinha. Tem muitas pessoas por trás ajudando, dando dicas. Nunca vai ser uma conquista individual. Estou muito feliz e orgulhosa pelo resultado. Dediquei muito tempo para isso. Valeu a pena e foi só o começo”, completa a atleta mais rápida da América.

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