Urnas eletrônicas são realmente seguras? Quais vulnerabilidades?

Muitas pessoas têm dúvidas sobre a segurança das urnas eletrônicas.

As urnas eletrônicas representam um avanço significativo na modernização do processo eleitoral brasileiro. Elas proporcionam uma apuração mais rápida, reduzem a margem de erro humano e garantem a acessibilidade para milhões de eleitores. 

No entanto, a segurança desse sistema sempre levanta debates acalorados, especialmente durante o período eleitoral. Sendo assim, o questionamento sobre sua vulnerabilidade gera discussões na imprensa e nas redes sociais, o que alimenta dúvidas sobre a integridade do processo.

Vale ressaltar que, desde sua implementação, a Justiça Eleitoral tem investido em medidas rigorosas de proteção para garantir a confiabilidade das urnas eletrônicas. Em paralelo a diversas camadas de segurança, são realizados testes públicos para verificar possíveis falhas. Apesar disso, ainda há críticas e preocupações sobre vulnerabilidades técnicas e riscos internos. 

Logo, neste texto, iremos analisar a segurança das urnas eletrônicas e também explorar algumas de suas possíveis vulnerabilidades. Juntamente com isso, explicaremos qual é a alternativa a esses dispositivos, bem como listaremos outros países que, assim como o Brasil, os utilizam. Por fim, iremos discutir possíveis soluções para as dúvidas em relação aos mesmos.

As urnas eletrônicas são realmente seguras?

Todos os anos a questão da segurança das urnas eletrônicas vem à tona. Apesar disso, durante as eleições no Brasil, a discussão em torno desse assunto aumenta de maneira considerável. 

Sobre isso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) assegura que o sistema é confiável e que diversas medidas de proteção garantem a lisura do pleito. Mas, para entender melhor essa segurança, é importante analisar os mecanismos adotados e os testes realizados ao longo dos anos.

Testes públicos e auditoria do sistema

Desde 2009, o TSE realiza Testes Públicos de Segurança (TPS), nos quais especialistas em tecnologia da informação tentam encontrar vulnerabilidades no sistema das urnas. Até o momento, nenhuma fraude foi comprovada e os desafios levantados durante esses testes têm servido para aprimorar o sistema.

Em conjunto a isso, existem diversas formas de auditoria e verificação dos votos. Sendo assim, entre os principais métodos está a Cerimônia de Votação Paralela, realizada na véspera da eleição. 

Nela, algumas urnas são sorteadas e levadas para um ambiente controlado, onde votos em papel são depositados e posteriormente comparados com os registros digitais. Ou seja, esse procedimento permite verificar se há inconsistências na contagem.

Mecanismos de segurança digital

A urna eletrônica utiliza criptografia, assinatura digital e certificação de software com o intuito de  evitar adulterações. Em outras palavras, qualquer tentativa de executar um software não autorizado faz com que a urna seja bloqueada, impedindo ataques externos. 

Da mesma forma, o sistema opera de forma isolada, sem nenhuma conexão com a internet ou com redes externas. Isso é algo que é responsável por eliminar os riscos de invasões cibernéticas.

Outra camada de proteção é a assinatura digital utilizada nas mídias que armazenam os dados da votação. Isso garante que os resultados não possam ser alterados após a apuração. 

Ademais, a conferência do Boletim de Urna (BU) permite que qualquer pessoa compare os resultados físicos com os divulgados pelo TSE, o que aumenta a transparência do processo eleitoral.

Quais as vulnerabilidades das urnas eletrônicas?

Embora o TSE assegure a confiabilidade do sistema, especialistas em segurança apontam algumas vulnerabilidades técnicas e operacionais que podem comprometer a integridade do processo eleitoral. Nesse sentido, entre elas, estão:

  • Risco à proteção do sigilo do voto: os votos são registrados digitalmente de forma embaralhada, mas alguns pesquisadores afirmam que seria possível reorganizá-los utilizando dados públicos da eleição. Isso comprometeria o sigilo do voto em determinadas circunstâncias;
  • Criptografia inadequada: a chave criptográfica usada para proteger as mídias das urnas eletrônicas é a mesma para todos os dispositivos. Isso significa que, se um invasor conseguir acesso a essa chave, poderia potencialmente decifrar os dados de todas as urnas do país. Além disso, a chave de decriptação é armazenada de forma insegura, o que aumenta os riscos.
  • Uso de algoritmos desatualizados: algumas funções de verificação utilizadas nas urnas já foram consideradas obsoletas por especialistas em segurança. Isso significa que, com o avanço da tecnologia, seria possível desenvolver novos métodos para explorar essas falhas;
  • Modelo de segurança voltado apenas a ataques externos: o TSE prioriza a proteção contra invasores externos, mas muitos especialistas argumentam que agentes internos podem representar um risco maior. Servidores que têm acesso ao código-fonte das urnas poderiam, em teoria, inserir falhas intencionais sem serem detectados;
  • Verificação de integridade limitada: ainda que as urnas realizem uma autoavaliação durante a inicialização, toda a informação necessária para modificar esse sistema está armazenada dentro do próprio dispositivo. Isso levanta preocupações sobre a possibilidade de manipulações sem a devida detecção.

Qual é a alternativa às urnas eletrônicas?

Diante das preocupações que os especialistas levantam sobre a segurança e também sobre a transparência do processo eleitoral, uma alternativa que se discute frequentemente é a implementação do voto impresso. 

Sendo assim, tal modelo prevê que, além do registro eletrônico, ocorra a geração de um comprovante físico do voto, permitindo uma auditoria mais confiável e detalhada. Dessa forma, seria possível realizar uma verificação independente em caso de suspeitas de irregularidades.

Vantagens do voto impresso

  • Permite auditoria manual caso haja suspeitas de fraudes, o que possibilita a recontagem dos votos e aumenta a transparência do sistema;
  • Garante uma verificação independente dos votos registrados eletronicamente, reduzindo a dependência exclusiva da tecnologia;
  • Aumenta a confiança da população no processo eleitoral, já que os eleitores podem visualizar seu voto impresso antes de confirmá-lo.

Desafios do voto impresso

  • Pode gerar filas e aumentar o tempo de votação, já que a impressão e a conferência do voto exigem etapas adicionais;
  • Existe o risco de manipulação física dos votos impressos, o que poderia comprometer a integridade do processo;
  • O alto custo de implementação e manutenção, que envolve impressoras, papel e logística, pode ser um obstáculo para a adoção desse sistema em larga escala.
A principal alternativa às urnas eletrônicas é o voto impresso, um método que vários países ao redor do mundo utilizam.
A principal alternativa às urnas eletrônicas é o voto impresso, um método que vários países ao redor do mundo utilizam. | Foto: DALL-E 3

Outros países que usam as urnas eletrônicas

A adoção de urnas eletrônicas não é algo exclusivo do Brasil. Em tal sentido, esse sistema tem sido utilizado em diversas partes do mundo como uma forma de modernizar o processo eleitoral, agilizar a apuração dos votos e reduzir erros humanos na contagem. 

Desse modo, segundo um levantamento que o Instituto para Democracia e Assistência Eleitoral (IDEA) realizou, pelo menos 17 países ao redor do mundo utilizam urnas eletrônicas em alguma medida. Tal contexto leva em consideração o uso seja em todo o território nacional ou em regiões específicas. Os países que adotam essa tecnologia são:

  • Estados Unidos (em alguns estados);
  • Índia;
  • México;
  • França;
  • Peru;
  • Rússia;
  • Venezuela;
  • Bangladesh
  • Butão;
  • Panamá;
  • Omã;
  • Bulgária; 
  • Albânia;
  • Fiji;
  • Namíbia;
  • Irã.

Cada país desenvolveu um modelo próprio de urna eletrônica, com variações nos mecanismos de segurança, protocolos de uso e formas de auditoria. Enquanto alguns sistemas funcionam exclusivamente com registro digital dos votos, outros incorporam o voto impresso como um mecanismo adicional de conferência e auditoria. 

Assim, essa diversidade reflete as diferentes abordagens adotadas para garantir a integridade e a confiabilidade do processo eleitoral. Elas consideram fatores como por exemplo infraestrutura, orçamento e desafios políticos de cada nação. Finalmente, apesar dos avanços, o uso das urnas eletrônicas ainda é alvo de debates sobre segurança, transparência e viabilidade técnica.

Como poderíamos resolver as discussões sobre a segurança das urnas eletrônicas?

Para minimizar as dúvidas sobre a segurança do processo eleitoral, é possível que se adotem algumas medidas:

  • Maior transparência nos testes de segurança: a realização de testes abertos com a participação de especialistas independentes poderia aumentar a credibilidade do sistema;
  • Melhoria nos mecanismos de auditoria: implementar processos de auditoria mais rigorosos, com o envolvimento de diferentes setores da sociedade, tornaria o processo mais confiável;
  • Atualização constante das tecnologias: garantir que os algoritmos de segurança sejam sempre os mais avançados evitaria vulnerabilidades conhecidas;
  • Ampliação do debate público: promover discussões sobre o funcionamento das urnas eletrônicas de forma clara e acessível ajudaria a combater desinformações e teorias da conspiração.

Conclusão

As urnas eletrônicas representam um avanço significativo para o processo eleitoral brasileiro, pois garantem rapidez, acessibilidade e praticidade na votação. No entanto, a segurança desse sistema continua sendo um tema de debate. 

Embora existam mecanismos que são adotados pela Justiça Eleitoral para garantir a integridade dos votos, especialistas apontam possíveis vulnerabilidades que devem ser levadas em consideração.

Diante disso, alternativas como o voto impresso são discutidas, mas trazem desafios logísticos e financeiros. Além disso, a experiência de outros países mostra que a adoção de urnas eletrônicas pode ser segura desde que acompanhada de boas práticas de auditoria e transparência.

Em suma, a modernização do sistema eleitoral é algo essencial para fortalecer a democracia, mas é fundamental que haja um debate constante sobre a segurança das urnas eletrônicas. Ou seja, a população tem o direito de confiar no processo eleitoral e, para isso, medidas de aprimoramento devem ser adotadas sempre que for necessário.

Assim, se você deseja entender mais sobre a segurança das urnas eletrônicas, continue acompanhando conteúdos sobre o tema e fique por dentro de todas as atualizações sobre o mesmo.

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