
Com o pé no hip-hop e o coração na quebrada, a Sue The Real está fazendo barulho no mundo dos games — e por bons motivos. Fundado por Raquel Motta e Marcos Silva, o estúdio independente brasileiro quer muito mais do que apenas entreter: a missão é expandir o olhar sobre a cultura negra e periférica por meio de jogos cheios de identidade, criatividade e reflexões potentes.
“A ideia de criar a Sue The Real nasceu da vontade de ver suas próprias vivências representadas nas telas. “Queríamos criar jogos e animações que falassem sobre nós, sobre o que a gente vive como pessoas negras”, conta a dupla. E assim, com muito talento e referências da cultura hip-hop, nasceu um estúdio que hoje inspira outras pessoas a fazerem o mesmo.”, desta Marcos Silva.
Games com alma, flow e crítica
Enquanto muita gente ainda acha que “jogo é só brincadeira”, a Sue The Real prova o contrário. O estúdio aposta em narrativas que não só divergem dos estereótipos, como também criam pontes com temas importantes como amizade, comunidade e pertencimento.
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É o caso de One Beat Min, um jogo 2D de ritmo e luta inspirado em batalhas de beatbox que fala sobre sonhos e desafios, e de Hit It Back, que traz o clássico “taco bets” para o universo digital explorando temas como vingança e união no bairro.
“Queremos que as pessoas se divirtam, mas também se sintam representadas. Que vejam suas próprias histórias e dilemas ali”, explica Marcos.
Apesar de avanços no setor, o estúdio faz um alerta: representatividade não pode ser só estética. “Depois da pandemia e do Black Lives Matter, a diversidade virou um produto, não uma causa”, critica Marcos. Para eles, é essencial que pessoas negras, LGBTQIAPN+, indígenas e PcDs estejam também nos bastidores — criando, programando, desenhando e ocupando espaço real na indústria.
E ocupar esse espaço no Brasil não é fácil. “Falta recurso e oportunidade, mas talento tem de sobra. O problema é que os investimentos e editais ainda se concentram no Sudeste, especialmente em São Paulo”, destaca Marcos.
Fazer muito com pouco (e com estilo!)
Mesmo diante dos desafios, a Sue The Real aposta alto em tecnologia e inovação com uma pegada bem autêntica. Hoje o estúdio usa principalmente a Unity 3D, mas está de olho na Godot Engine, uma ferramenta open source que vem ganhando força no mundo dos jogos.
“Se de um lado temos narrativa e do outro inovação, o que equilibra é o design. A gente busca soluções simples, mas impactantes”, explicam.
Além de criar, eles também fazem questão de compartilhar: formar novos profissionais, colaborar com a comunidade e incentivar quem está começando no universo dos games faz parte do DNA do estúdio.

Dicas de ouro para quem quer entrar nesse universo
Para quem está começando, mas sente o peso das barreiras — seja por falta de grana ou acesso a cursos —,Marcos têm um conselho direto: participe de game jams. “Elas são ótimas para aprender, conhecer gente, criar portfólio e se desafiar”, reforça.
Outras dicas? Comece pequeno, faça bem-feito, aprenda um pouco de tudo (mesmo que depois vá se especializar) e, o mais importante, não tenha medo de mostrar o que você criou. “Feedback é essencial. Saber ouvir, ajustar e, às vezes, até desistir de um projeto faz parte do processo.”
E pra manter o estúdio de pé? Criatividade é o nome do jogo. Além de vender seus próprios títulos, a Sue The Real presta serviços para outros estúdios e já desenvolveu jogos sob encomenda. “Descubra seu diferencial e transforme isso em produto. É o que sustenta o estúdio nos momentos difíceis.”
Games também são política, cultura e transformação social. A Sue The Real está aí pra provar que jogar pode — e deve — ser um ato de representatividade e orgulho.