O cooperativismo como solução para os gargalos de Santa Catarina

O cooperativismo em Santa Catarina é diverso e começou a mirar destinos internacionais. Em visita ao Grupo ND na última quinta-feira (25), o presidente recém-empossado da Ocesc (Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina), Vanir Zanatta, falou sobre como gargalos do Estado podem se tornar oportunidades para crescimento por meio do cooperativismo.

Vanir Zanatta

Vanir Zanatta é o novo presidente do Ocesc para o próximo quadriênio – Foto: Germano Rorato/ND

Eleito em abril como o novo presidente da entidade para o mandato de 2024/2027, Vanir frisa que o cooperativismo no Estado vai muito além do agronegócio e do crédito. Ao todo, são sete ramos no Estado: agropecuário, consumo, crédito, infraestrutura, saúde, trabalho e produção e serviços e transporte.

Cooperativismo em Santa Catarina

Das 249 cooperativas catarinenses, 34 estão na Grande Florianópolis, 66 no Oeste, 50 no Sul, 25 na Serra, 36 no Norte e 38 na região do Vale. A diversidade de atuação faz com que Santa Catarina tenha mais de 50% da população associada a algum tipo de cooperativa, em torno de 4,2 milhões de pessoas. Só em 2023, 370 mil pessoas ingressaram em algum tipo de cooperativa, um crescimento de 9,6%.

Foram 7.000 novos postos de trabalho criados no ano passado, que se somaram aos mais de 93,5 mil empregos diretos gerados em Santa Catarina.

Apenas em receita, foram R$ 85,3 bilhões, um crescimento de 3,7%, acima da expansão do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no período, de 2,9%. Sobre esse valor, foram R$ 3,4 bilhões de impostos revertidos para creches, hospitais, estradas e segurança, por exemplo.

Vanir também refletiu sobre os gargalos do Estado e falou sobre a meta de expandir internacionalmente. “Gostaria muito que até o fim do mandato de quatro anos, nosso sistema tivesse alguma cooperativa com filial lá fora”, declarou.

Zanatta acredita no potencial de SC de se expandir internacionalmente por meio do cooperativismo

Vanir Zanatta acredita no potencial de Santa Catarina de se expandir internacionalmente por meio do cooperativismo – Foto: Germano Rorato/ND

Ping Pong com Vanir Zanatta

Além do agronegócio, quais outros setores prosperam em Santa Catarina por meio do cooperativismo?

O sistema Ocesc trabalha com sete ramos do cooperativismo, com 249 cooperativas registradas, e todos os setores são importantes. O crédito é o ramo que mais tem associados, o agro é o que tem potência maior de faturamento. Isso faz o cooperativismo catarinense ser o mais diversificado e o Estado o mais cooperativista do Brasil, com mais de 50% da população associada a uma cooperativa, o que nos dá a certeza de que Santa Catarina é bastante associativa e cooperativa.

De onde veio esta afinidade do catarinense?

A educação que temos, talvez herança dos europeus, fez com que o nosso Estado desenvolvesse muito esse lado cooperativista. Além disso, uma cooperativa só nasce por causa de uma necessidade, o que faz com que as pessoas tentem resolver seus gargalos juntos. Assim, eles formam uma cooperativa.

Qual é o gargalo do sistema cooperativista catarinense hoje?

A infraestrutura. Precisamos ajustar a infraestrutura catarinense. Por exemplo, São Paulo tem estradas melhores e, com isso, uma logística mais ajustada e mais rápida. Se tivéssemos isso, nosso Estado cresceria muito mais. Além disso, o governo tem que fazer a sua parte. Nós gostamos de ter governo, mas um que fique como um juiz de futebol, que quanto menos aparece é o que melhor acontece.

Como o sistema cooperativista pode aproveitar o mercado internacional?

Tem essa possibilidade, claro. Gostaria muito que até o fim do mandato de quatro anos, em que me comprometi a ficar na Ocesc, nosso sistema tivesse alguma cooperativa com filial lá fora. Porque outros países vêm para o Brasil e abrem fiiais de suas cooperativas aqui. Estamos ainda crescendo horizontalmente, temos que crescer agora para outros países, para que a gente também coloque uma semente e vá trabalhando, aprendendo e desenvolvendo esse lado internacional. Podemos crescer juntos. Nosso trabalho é tão bom quanto o deles, ou até melhor.

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