São Paulo completa 471 anos: conheça histórias de quem vive a cidade a pé


Na capital dos congestionamentos, é a pé que se conhece São Paulo: é o caso de Cícero, carteiro; Dona Cida, que recolhe material reciclável; Helena, corredora; e Popó, guia turístico. Edifício Martinelli, primeiro arranha-céu de São Paulo
Reprodução/Jornal Nacional
A cidade de São Paulo completa neste sábado (25) 471 anos. E o Jornal Nacional conversou com quem vive a cidade a pé.
Na capital dos congestionamentos, é a pé que se conhece São Paulo.
“No dia a dia, na correria, o paulistano, ele não para pra olhar uma construção de um prédio assim, tá vendo?”, diz o carteiro Cícero José Aprigio de Oliveira.
A profissão fez do Cícero um guia do Centro. Ele, que veio de Alagoas jovem e tinha dúvidas se ia se encontrar na metrópole.
“Tanto ônibus, tanto trem, metro e gente… Eu pensava assim: onde eu for trabalhar, será que vou conseguir voltar pra casa?”, conta Cícero.
A resposta depende do ponto de vista. Pro Nordeste, ele não voltou mais. Fez a vida em São Paulo, com o trabalho que sonhava. Neste sábado, comemora o Dia do Carteiro e o aniversário da cidade que vê crescer.
“Cada dia São Paulo aumenta, né? Qualquer terreninho constrói um prédio, uma selva de pedra”, reforça Cícero.
O primeiro arranha-céu foi um prédio no Centro: “O prédio Martinelli. Esse prédio é muito bonito, né?”, diz Cícero.
“Ali foi nossa casa. Na praça do lado, ali, nós dormíamos ali na praça. Na rua, até conseguir negociar a terra aqui, entendeu?”, recorda Maria Aparecida Rodrigues, catadora de recicláveis.
Uma terra na borda sul da cidade. Dona Cida e outras mulheres subiram as casas que redefiniram a paisagem do bairro: “Essa região, conforme vocês viram aí, tudo isso era mato”, conta.
Ela caminha muito, até hoje, para trabalhar. Dona Cida recolhe material reciclável.
“Esse é o Manuel. Então é assim que eles faz e eu vou pegando [o material reciclável] nas casas”, conta Dona Cida.
Uma vida vivida em São Paulo — que dá pra dizer, ajudou a construir.
“São Paulo vai fazer 471, quando fez 400 eu tava chegando. 71 anos comemorando junto com São Paulo no aniversário”, celebra.
Uma cidade em movimento.
“Eu vou testemunhando a passagem do tempo, das estações, durante os meus treinos, né, mas também da transformação da cidade, das ruas, das casas”, diz Helena Corrêa, corredora e secretária executiva.
Filha de mãe mineira e pai cearense, Helena é paulistana. Há 14 anos, saiu para correr na rua pela primeira vez e viu uma cidade que muita gente não conhece.
“Do outro lado tem uma catedral, uma igreja antiga, que você pode entrar a qualquer hora e admirar. A gente olha pouco, né? Porque você não exercita o hábito de olhar”, analisa Helena.
Repórter: “E São Paulo tem esses segredos?”
Helena: “Tem. Acho que todo bairro tem, né?”
Popó é guardião de alguns desses segredos.
“Você andar a pé em São Paulo, tem que prestar atenção e observar a beleza que existe dentro desta cidade”, afirma Francivaldo Gomes, o Popó, que é guia turístico.
Repórter: “Até onde a gente menos espera?”
Popó: “Perfeitamente. Dentro de um cemitério.”
A paixão pela história preservada no Cemitério da Consolação transformou o coveiro em guia de turismo: “Um dos maiores mausoléus da América Latina se encontra neste cemitério. É o túmulo do Conde Francisco Matarazzo”, conta.
Popó também ajudou a construir São Paulo. Chegou do Ceará pra trabalhar na construção civil. E fez dessa cidade, casa.
“A cidade de São Paulo tem seus altos e baixos, né? Mas eu procuro ver sempre o amor que existe dentro dela”, fala Popó.
“Mesmo com as coisas ruins, com os problemas, eu tenho uma relação de carinho com a cidade”, conta Helena.
“Éa cidade que acolhe todos. Sempre tem espaço pra mais um, é igual coração de mãe”, diz Cícero.
“Um lugar que chama Lar. Lar, amor e compaixão porque abraça todos nós. Não importa quem somos”, resume Dona Cida.
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