PRÉVIA | Jogamos Assassin’s Creed Shadows, game que tem muito a provar

Para a Ubisoft, Assassin’s Creed Shadows é um game que representa muito mais do que um novo capítulo de uma de suas séries mais famosas. Enquanto títulos anteriores como Mirage e Valhalla tiveram sucesso, o restante das empreitadas recentes da empresa não vêm dando muito certo, o que a colocou em uma situação financeira complicada.

Até mesmo por isso, a companhia decidiu dar uma atenção extra ao novo jogo de mundo aberto, que foi adiado duas vezes para receber polimentos. E, pelo que a companhia nos mostrou recentemente, parece que seus esforços estão dando certo — e polimento pode ser justamente a palavra que vai definir a experiência.

A convite da Ubisoft, no dia 15 de janeiro tivemos a oportunidade de jogar mais de quatro horas de uma versão bastante completa de Assassin’s Creed Shadows. Durante esse tempo, pudemos conferir as introduções dos personagens Naoe e Yasuke, bem como jogar uma missão um pouco mais avançada, mas ainda pertencente aos trechos iniciais do jogo.

Assassin’s Creed Shadows começa com foco na narrativa

Logo no começo do jogo, somos introduzidos a Diogo, um homem forte que acompanha uma série de missionários portugueses que querem passe livre para exercer suas atividades no Japão. No entanto, eles dependem da aprovação do lorde Oda Nobunaga para fazer isso, e é justamente esse pedido importante que temos a chance de acompanhar.

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Foto: Divulgação/Ubisoft

Diogo — que logo ficará conhecido como Yasuke — é essencial para que o pedido seja aceito, dado que seus instintos guerreiros chamam rapidamente a atenção de Nobunaga. Em troca de liberar as negociações dos portugueses, ele pede que o curioso homem passe a lhe servir. Em seguida, o jogo corta para mostrar o personagem já como um guerreiro com vestimentas de um samurai, que acompanha seu novo suserano em um massacre na região de Iga.

Nesse trecho inicial, mais do que a atenção que a Ubisoft está dando à narrativa ou ao upgrade visual notável da série, foi possível notar como funciona a nova solução de dublagem do jogo. Entre as opções disponíveis no título está um modo fiel à realidade, no qual portugueses falam sua língua nativa — com o sotaque de Portugal — e japoneses se comunicam em seu próprio idioma.

O efeito dessa escolha gera estranhamento em um primeiro momento, mas ela acabou se mostrando bastante natural depois de pouco tempo. A sensação que fica, muito disso graças à narrativa, é a de que estávamos assistindo a um capítulo da série Shogun — mas sem o inglês sendo usado como um “substituto” ao holandês para alcançar audiências mais amplas.

A sensação que fica, muito disso graças à narrativa, é a de que estávamos assistindo a um capítulo da série Shogun

Já o trecho com Naoue foi totalmente em japonês, e um pouco mais tradicional para os padrões da série. Uma ninja ainda em treinamento, ela traz uma visão diferente do massacre de Iga, durante o qual é mandada por seu pai para proteger um artefato escondido em uma caverna, que tem a marca dos assassinos em sua entrada.

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Foto: Divulgação/Ubisoft

Ela falha em sua missão, e o objeto especial acaba sendo roubado por um homem mascarado que deixa uma cicatriz no rosto da jovem. No entanto, não demora até que ela volte a ação e recupere o artefato — simplesmente para perdê-lo novamente para um verdadeiro exército de samurais e ninjas, que claramente pertencem a uma ordem cujos interesses vão para além das guerras que marcam o processo de unificação do Japão.

Nesse sentido, Assassin’s Creed Shadows se aproxima muito do que foi visto em títulos como Odyssey e Valhalla. Embora o trecho que jogamos não confirme isso, há uma impressão forte de que, tal qual nos jogos anteriores, a caçada a essas figuras misteriosas vai ser um ponto importante da narrativa e será essencial para entender a história completa.

Dois protagonistas

Depois de testemunharmos as introduções, fomos levados a um trecho mais adiantado do game, no qual Nobunaga está morto e Yasuke e Naoe estão trabalhando juntos. Nele, nossa missão é acompanhar uma reunião entre diferentes lordes que resulta em confusão, com o jovem filho de um participante sendo sequestrado — o que coloca em risco uma aliança importante.

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Foto: Divulgação/Ubisoft

A partir desse momento foi possível explorar o mundo de Assassin’s Creed Shadows de forma um pouco mais livre e perceber algumas de suas características. A mais evidente delas vem na forma de um sistema de furtividade renovado, no qual o uso de sombras é mais importante até mesmo do que o posicionamento do personagem controlado.

Além disso, tanto Naoe quanto Yasuke podem se arrastar, o que os permite se esconder até mesmo em matos com altura baixa. No entanto, a jovem é sem dúvida muito mais habilidosa nesse sentido, sendo a única capaz de realizar os tradicionais assassinatos da série — e seu tamanho diminuto possibilita que ela se mescle mais facilmente aos ambientes.

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Foto: Divulgação/Ubisoft

Já Yasuke é a opção ideal para quem gosta de combate direto, embora alguns de seus equipamentos — que incluem porretes e naginatas — tenham movimentos mais lentos. Ele compensa essa falta de agilidade com força bruta e resistência, se mostrando capaz de encarar vários inimigos de uma só vez em campo aberto — algo bem difícil para sua contraparte, que perde vida bem facilmente.

Enquanto a narrativa apresenta pontos específicos para a troca dos personagens, nos momentos de mundo aberto é possível alternar entre eles segurando um único botão. Com isso, você não é obrigado a encarar o estilo de gameplay de que não gosta e pode decidir qual o momento mais adequado para ser mais furtivo ou largar as sombras para encarar o perigo de frente.

Assassin’s Creed Shadows traz fórmula refinada

Devido a nosso tempo limitado com Assassin’s Creed Shadows, não foi possível investir a fundo em muitos de seus sistemas, como os níveis de habilidades ou os diversos equipamentos que podem ser comprados ou encontrados em locais específicos. Nesse sentido, inclusive, o título está mais para Odyssey do que para Valhalla, com uma variedade ampla de armas e armaduras com estatísticas e bônus diferentes.

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Foto: Divulgação/Ubisoft

Em geral, o que deu para notar é o quanto essa é uma experiência refinada em comparação com outros jogos da série. Ao mesmo tempo que há uma sensação de continuidade, foi possível sentir que a Ubisoft dedicou um tempo extra para pensar no design dos ambientes, criar inimigos com um nível de dificuldade intenso, mas não injusto, e garantir que toda a parte do gameplay vai funcionar bem.

Em minhas quatro horas com o jogo, o único momento em que senti que tudo podia ser um pouco melhor foi no final. Nele, tive que perseguir um alvo dentro de um castelo com corredores apertados, e eles foram responsáveis por alguns problemas de câmera quando o combate com inimigos era necessário.

Apesar disso, a primeira impressão é a de que Assassin’s Creed Shadows é resultado de uma análise cuidadosa da Ubisoft, que detectou os pontos fortes da franquia e se dedicou a refiná-los. O combate é divertido (e bem diferente entre Naoe e Yasuke), a furtividade foi aprimorada e faz mais sentido, e a narrativa apresentada até o momento combina bastante com o cenário e com os personagens apresentados.

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No entanto, a experiência anterior com a série diz que ainda é cedo para dar um veredito mais amplo sobre o novo capítulo. Afinal, Assassin’s Creed Valhalla (por exemplo) também tem uma abertura de peso, e só depois de algumas horas é possível notar o grande inchaço de objetivos e colecionáveis que prejudica a experiência como um todo.

Com essa observação, é fácil afirmar que minha experiência inicial com Assassin’s Creed Shadows foi positiva e solidificou a vontade de conferir mais sobre sua aventura. Mas, reforço: ainda é cedo para dizer se o jogo vai manter o bom ritmo de seu começo e se ele tem o que é preciso para se tornar o grande sucesso do qual a Ubisoft precisa para continuar respirando.

Jogamos Assassin’s Creed Shadows no PC via streaming em uma sessão promovida pela Ubisoft Brasil.

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