Advogado da irmã de comerciante assassinado após descobrir traição pede a exumação do corpo


Leandro Weissmann, que representa Marcelly Peretto, apresentou a resposta à acusação do crime. Igor Peretto foi assassinado a facadas no apartamento da irmã em Praia Grande (SP). Advogado de Marcelly Peretto pede pela exumação do corpo de Igor para realização de novo laudo cadavérico
Reprodução/Redes Sociais
O advogado de Marcelly Peretto, irmã do comerciante assassinado a facadas no apartamento dela em Praia Grande, no litoral de São Paulo, apresentou a defesa da cliente à Justiça. No documento, obtido pelo g1, Leandro Weissmann negou o envolvimento da mulher no crime e citou “imagens editadas” no laudo cadavérico de Igor Peretto, pedindo a exumação do corpo do rapaz.
Três pessoas próximas a Igor foram presas, sendo elas Marcelly Peretto (irmã), Rafaela Costa (viúva) e Mário Vitorino (cunhado). As mulheres se entregaram à polícia, enquanto o homem foi detido após ser encontrado escondido na casa de um tio de Rafaela.
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Conforme descrito pelo advogado Leandro Weissmann no documento, o laudo cadavérico de Igor Peretto apresentava imagens editadas.
“Cadê a realidade do ocorrido? Há que se fazer a exumação de Igor, visando a elaboração de um laudo mais sério e o mais próximo possível à realidade e sem máculas, que nulificam sua elaboração, restando, portanto, impugnado o trabalho apresentado em sua integralidade”, declarou.
O advogado citou que, após a exumação, deseja um prazo para a apresentação de quesitos úteis, considerados por ele como necessários e obrigatórios “para a busca da tão almejada verdade real”. Ao g1, o profissional explicou que depois do procedimento a defesa possui um tempo para questionamentos sobre os ferimentos e dinâmicas dos fatos.
No documento, Weissmann negou que Marcelly tenha envolvimento com a morte do irmão. “A acusada não cometeu os delitos que lhe são imputados nem tampouco concorreu com o resultado, pela morte de seu irmão Igor. A Denúncia é inepta e totalmente fadada ao insucesso”, pontuou.
Para ele, a denúncia feita pela promotoria da Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) foi equivocada ao afirmar que Marcelly e Rafaela tinham relacionamento amoroso. “De onde tira-se tal narrativa se desconhece, já que inexiste prova nesse sentido nos autos”, alegou.
“No dia dos fatos [morte de Igor], ambas tiveram uma relação íntima. Daí a afirmar, sem qualquer lastro, que ambas tinham um relacionamento, é amadorismo ou leviandade do órgão acusador”, complementou o advogado.
Triângulo amoroso?
Weissmann também negou a existência de um triângulo amoroso entre os acusados. “Além do fato de Marcelly e o acusado Mário estarem separados de fato há meses. E a separação, de fato, o próprio órgão acusador reconhece ao afirmar que Mário estava morando em outro endereço e não no mesmo imóvel que Marcelly”, disse.
A defesa acrescentou que a mulher não fugiu após o crime. “A denúncia, por mero oportunismo, desconsiderou que todos os envolvidos estavam embriagados e tinham usado substâncias entorpecentes”.
O advogado afirmou também que a cliente declarou, em depoimento à polícia, que não estava em “seu juízo perfeito”.
“Portanto, como já dito, não houve fuga de Marcelly. A mesma, atordoada, ouviu voz de comando de Mário, pessoa na qual convivia desde seus 16 anos de idade, sendo seu primeiro namorado e que exercia influência psicológica sobre si, apesar de separados de fato”, complementou.
Em nota, o advogado declarou também que a denúncia não apresentou provas da participação de Marcelly. “A narrativa de um suposto triângulo amoroso e de um prévio ajuste para o cometimento do homicídio não encontra respaldo nas provas e evidências dos autos”.
Marcelly Peretto foi presa suspeita de envolvimento na morte do irmão em Praia Grande (SP)
Yasmin Braga/TV Tribuna e Reprodução
Marcelly gritou por socorro
O advogado destacou o relato de testemunhas que alegam ter ouvido Marcelly gritando por socorro e pedindo para a polícia ser acionada. Os depoimentos, segundo ele, teriam sido ignorados pela acusação. Em contrapartida, os mesmos confirmariam a versão da cliente de que não houve participação. “E que, na verdade, [ela] foi vítima das circunstâncias”, alegou.
Weissmann disse que Marcelly e Igor eram irmãos e mantinham uma relação de amizade e confiança e que, por isso, a tentativa de imputar interesse financeiro na morte do rapaz não se sustenta. Ele afirmou que acredita que a justiça será feita, comprovando a inocência da mulher.
“Qual seria a vantagem auferida [garantida] por ela pela morte do seu irmão, vez que não pertencia a quadro societário das empresas cujos sócios eram apenas o acusado Mário e seus dois irmão, ressaltando que à época dos fatos, não mais vivia em regime marital com Mário Vitorino?”, finalizou.
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Últimas palavras
Cronologia da morte do comerciante Igor Peretto: tudo que se sabe da descoberta da traição à morte
Reprodução
De acordo com as testemunhas, Igor declarou amor pela esposa, Rafaela Costa, minutos antes de ser morto a facadas no apartamento da irmã em Praia Grande. As últimas palavras constam em um inquérito da corporação e em uma denúncia do MP-SP.
“Vocês sabem o quanto eu amo aquela mulher, [o] quanto sou louco por ela”, disse Igor, de acordo com uma testemunha. “Vocês tudo contra mim, tudo armando contra mim. Eu era o único que não sabia de nada”.
Segundo a denúncia do MP-SP, Igor também demonstrou estar decepcionado com a irmã e o cunhado. “Do que adiantou eu fazer tudo? Eu me esforço tanto, eu fiz isso sempre por todos, seus traíras, p***”, teria dito a vítima antes de ser morta a facadas.
Triângulo amoroso
Casais (Mário e Marcelly, à esq. e Igor e Rafaela, à dir.) moravam próximos em Praia Grande (SP)
Redes Sociais
O MP-SP concluiu que o trio premeditou o crime porque Igor era um “empecilho no triângulo amoroso” entre Rafaela, Marcelly e Mario Vitorino. Ao g1, a promotora Roberta afirmou ter considerado o caso como “chocante e violento”.
A promotora disse que em nenhum momento os envolvidos tentaram salvar Igor ou minimizar o sofrimento dele. “Fizeram buscas de rota de fuga ou de quanto tempo demoraria para [o corpo] cheirar e chamar a atenção de alguém e eles terem tempo de fugir”, complementou.
Vantagem financeira
Igor Peretto, irmão do vereador de São Vicente (SP), Tiago Peretto (União Brasil), foi morto a facadas em Praia Grande
Reprodução/Redes Sociais e Thais Rozo/g1
De acordo com a denúncia recebida pela Justiça, a morte de Igor traria “vantagem financeira” aos acusados. Os advogados dos presos negaram a versão apresentada pelo MP-SP, que afirmou que Rafaela mantinha relacionamentos extraconjugais com Mário e Marcelly, estabelecendo uma relação íntima entre o trio sem o conhecimento do comerciante.
O Ministério Público citou quais seriam as vantagens financeiras aos denunciados. Segundo o órgão, Mário poderia assumir a liderança da loja de motos que tinha em sociedade com o cunhado, enquanto a viúva receberia herança. “Marcelly, que se relacionava com os dois beneficiários diretos, igualmente teria os benefícios financeiros”.
O MP considerou a ação do trio contra Igor um “plano mortal”. O documento diz que eles planejaram o crime, sendo que Mário desferiu as facadas, a viúva atraiu o comerciante e, junto com Marcelly, incentivou Mário a matá-lo.
O órgão levou em conta essas informações para elaborar a denúncia por homicídio qualificado. “O crime foi cometido por motivo torpe, pois Mário, Rafaela e Marcelly consideraram Igor um empecilho para os relacionamentos íntimos e sexuais que os três denunciados mantinham entre eles.
Ainda segundo a denúncia, o assassinato também foi praticado mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, pois Igor estava desarmado e foi atacado por uma pessoa com quem tinha relacionamento próximo e de quem não esperava mal.
Sobre o crime
Casais estavam dentro do apartamento onde Igor Peretto foi encontrado morto em Praia Grande (SP)
Yasmin Braga/g1 e Reprodução/Redes Sociais
O crime aconteceu em 31 de agosto no apartamento da irmã de Igor, em Praia Grande. Dentro do imóvel estavam a vítima, Marcelly e Mário Vitorino. Rafaela chegou com Marcelly ao apartamento, mas o deixou 13 segundos antes do marido chegar com o suspeito pelo assassinato.
De acordo com os depoimentos do trio e dos advogados, a viúva Rafaela tinha um caso com Mário. Além disso, o advogado de Marcelly chegou a dizer que a cliente e Rafaela tiveram um envolvimento amoroso no local antes da chegada de Igor e Mario no apartamento.
Igor Peretto foi morto a facadas e teria ficado tetraplégico [sem movimento do pescoço para baixo] se tivesse sobrevivido. A informação consta em laudo necroscópico obtido pelo g1. Três pessoas próximas à vítima foram presas: Viúva, irmã e cunhado.
Prisões
Mario, Marcelly e Rafaela, investigados pelo homicídio contra o comerciante Igor Peretto
Reprodução e Redes sociais
As mulheres se entregaram e foram presas em 6 de setembro, enquanto Mário foi detido após ser encontrado escondido na casa de um tio de Rafaela, em Torrinha (SP), no dia 15 do mesmo mês.
O trio havia sido preso temporariamente em setembro e, no início de outubro, a prisão temporária foi prorrogada. Na ocasião, a defesa de Rafaela chegou a entrar com pedido de habeas corpus, que foi negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A Justiça de Praia Grande (SP) converteu as prisões do trio, de temporárias para preventivas, após a denúncia feita pelas promotoras Ana Maria Frigerio Molinari e Roberta Bená Perez Fernandez, do MP-SP.
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