Nem o chá que você bebe está livre dos microplásticos e o pior: são bilhões de partículas a cada saquinho

A ciência já descobriu que os microplásticos estão presentes na água potável e no ar. Agora, um novo estudo revela que nem mesmo o chá é inofensivo.

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Um novo estudo mostrou que bilhões de micro e nanoplásticos (MNPL) podem ser ingeridos naquela xícara de chá deliciosa. Essas partículas minúsculas são liberadas pelos saquinhos de infusão do chá, comprados em qualquer mercado, feitos de plástico, a base de polímero. A pesquisa foi publicada na revista científica Chemosphere, no final de 2024.

Para a pesquisa, foram feitos 300 chás de saquinho de três marcas diferentes. Neles, foram encontrados MNPLs de nylon 6 (NY6), polipropileno (PP) e celulose (CL).

O estudo mostrou que foram liberados, aproximadamente, 1,2 bilhão de partículas por mililitro de polipropileno, 135 milhões de celulose e 8,18 milhões de nylon 6, durante a infusão.

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Para chegar nesses resultados, primeiro, as bebidas foram preparadas normalmente e depois, usadas diferentes técnicas e equipamentos para extrair e caracterizar as amostras de MNPL presentes no líquido.

Dentre elas: microscópio eletrônico de varredura (Mev) e de transmissão (Met), espectroscopia no infravermelho de reflexão total atenuada (FTIR/ATR, na sigla em inglês), espalhamento dinâmico de luz (DLS), Velocimetria Laser Doppler (LDV) e a análise de rastreamento de nanopartículas (NTA).

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Microplásticos no intestino

As partículas encontradas foram “manchadas” com um corante têxtil chamado iDye Poly-Pink, para entender como interagiam com três tipos de células derivadas do intestino humano: Caco-2, HT29 e HT29-MTX.

Os resultados mostraram que, após 24 horas de exposição a 100 g/ml de nanoplásticos, foi absorvida uma quantidade significativa dos NPLs nas células. Ainda, as células intestinais, que produzem muco, foram as que mais absorveram os micro e nanoplásticos, que chegaram a penetrar no núcleo celular, onde há o material genético.

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Como pode afetar a saúde humana

Essa ingestão pode trazer inúmeras implicações na saúde humana, indica o estudo, podendo afetar diferentes orgãos, células e tecidos. Os resultados sugerem que o muco intestinal possui um papel imporante na absorção dessas partículas. Agora, é preciso que mais estudos sejam feitos para entender quais são os  potenciais efeitos da ingestão dos MNPLs a longo prazo.

“Essas descobertas ressaltam a importância de identificar novas fontes de exposição ambientalmente relevantes a MNPLs, para desenvolver amostras realistas de MNPLs e investigar mais profundamente seus potenciais efeitos na saúde humana”, ressaltam os cientistas.

Fonte: Teabag-derived micro/nanoplastics (true-to-life MNPLs) as a surrogate for real-life exposure scenarios