Colecionadora de títulos, vencedora de Emmy e artista renomada: quem foi a carnavalesca Rosa Magalhães


Artista foi a carnavalesca que mais ganhou títulos no Sambódromo do Rio, sendo sete no total. Rosa deixa legado para o Carnaval e para a cultura brasileira como um todo. Títulos e trabalho de Rosa Magalhães ao longo de 50 anos de avenida fazem da carnavalesca a grande dama do carnaval do Rio
Reprodução/G1
A carnavalesca Rosa Magalhães morreu nesta quinta-feira (25), aos 77 anos. A artista ganhou sete títulos ao longo de mais de 50 anos de Carnaval Carioca. Além disso, ganhou um Emmy e dirigiu uma cerimônia olímpica.
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Rosa era artista plástica, com três graduações: em pintura, cenografia e indumentária. Ela também trabalhou como professora da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
A entrada no mundo do samba aconteceu em 1970, quando se tornou assistente do Salgueiro.
“Naquela época mulher não ia à quadra da escola de samba. A gente trabalhava no quintal da casa de um diretor salgueirense, em Botafogo. Lá a gente fazia alegorias e fantasias. E fazia a montagem final dos carros no Pavilhão de São Cristóvão”, disse Rosa em entrevista ao g1 em 2020.
Com este primeiro trabalho, como uma das assistentes de Fernando Pamplona, Rosa conquistou seu primeiro título, em 1971. Foi quando o Salgueiro começou a fazer um Carnaval diferente, exaltando a cultura negra, com o enredo “Festa para um rei negro”.
Já como carnavalesca, o primeiro título foi conquistado em 1982, no Império Serrano. À época, ela assinou o carnaval da escola ao lado de Lícia Lacerda.
“Foi uma luta. O Pamplona deu a ideia do enredo, e nós desenvolvemos. Mas mudamos um monte de coisa, a começar pelo nome. De ‘Praça 11, Candelária e Sapucaí’, para ‘Bum bum paticumbum prugurundum’. Briguei muito, o trabalho levou um mês para ser aceito”, lembrou.
A dupla Rosa-Lícia ainda fez um dos mais memoráveis carnavais da Estácio de Sá, o “Ti-ti-ti do sapoti”, em 1987. Quando Lícia se mudou para os Estados Unidos, Rosa seguiu sozinha e fez mais dois enredos para a Estácio.
Sequência de títulos
Rosa Magalhães relembra campeonatos em seus 50 anos de carnaval
A época de ouro da carnavalesca aconteceu entre 1994 e 2001, na Imperatriz Leopoldinense. Foi na Verde e Branca de Ramos que Rosa se firmaria com um trabalho requintado, luxuoso e calcado em enredos históricos muito bem trabalhados.
Criatividade, riqueza de detalhes e acabamento passam a ser a marca de carnavais perfeitos. Foram cinco títulos, sendo um tricampeonato – de 1999 a 2001 –, em 18 anos de trabalho na Imperatriz. Com isso, Rosa se tornou a grande dama do Carnaval Carioca. Veja a seguir:
1994: Catarina de Médicis na corte dos Tupinambôs e dos Tabajères
1995: Mais vale um jegue que me carregue, que um camelo que me derrube, lá no Ceará
1999: Brasil, mostra a sua cara em… Theatrum Rerum Naturalium Brasiliae
2000: Quem descobriu o Brasil foi Seu Cabral, no dia 22 de abril, dois meses depois do carnaval
2001: Cana-caiana, cana roxa, cana fita, cana preta, amarela, Pernambuco… Quero vê descê o suco na pancada do ganzá
Nem Joãosinho Trinta, amigo e parceiro de Rosa no Salgueiro de 1971, chegou a tanto. O carnavalesco tem nove títulos em três escolas diferentes, sendo dois bicampeonatos pela Beija-Flor.
“Carnaval é uma cachaça. Mas daquela bem boa, lá de Paraty”, disse Rosa Magalhães.
A carnavalesca também foi campeã pela Unidos da Vila Isabel, em 2013.
Pan, Jogos Olímpicos e mais
Além do Carnaval, Rosa venceu um prêmio Emmy — um dos mais importantes da TV mundial. Ela foi indicada na categoria figurino pelo trabalho na abertura dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro.
Já em 2016, a carnavalesca foi responsável pela cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos do Rio. A festa teve Martinho da Vila cantando “Carinhoso” e muito samba.
Para Fábio Fabato, jornalista e amigo da carnavalesca, Rosa merece estar no mesmo altar de artistas como Tarsila do Amaral e Candido Portinari.
“Rosa foi a maior fazedora da maior das festas populares do planeta. Só isso já bastaria para ser considerada uma das grandes artistas brasileiras de todos os tempos. Uma capacidade única de descobrir histórias e contar para as pessoas a partir de uma linguagem inventada pelo Brasil: o desfile das escolas de samba.”
Rosa também trabalhou como cenógrafa de várias novelas e séries da TV Globo.
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