Brasileira que atuou no WikiLeaks conta como chegou a um dos maiores vazamentos da história e conversa com Assange em bar

Julian Assange se declarou culpado e foi condenado durante uma audiência no tribunal dos Estados Unidos nas Ilhas Marianas do Norte. Apesar da condenação por espionagem, devido a um acordo, ele foi posto em liberdade. No primeiro contato cara cara que a jornalista brasileira Natalia Viana teve com o hacker e ativista Julian Assange, fundador do WikiLeaks, ele mostrou a ela um bilhete escrito “don’t speak” (não fale, em tradução do inglês).
No primeiro contato cara a cara que a jornalista brasileira Natalia Viana teve com o hacker e ativista Julian Assange, fundador do WikiLeaks, ele mostrou a ela um bilhete e a orientação de “não falar”.
Eles estavam em um bar em Londres, cidade para onde Natália tinha voado às pressas para um trabalho até então “misterioso”. Dias antes, em 14 de novembro de 2010, quando estava em Santarém, no Brasil, ela recebeu uma ligação desconhecida convidando para um trabalho do outro lado do Atlântico (mas sem saber muitos detalhes sobre o que se tratava…).
Nesse bar, ela conversou pela primeira vez com Assange.
“Julian chegou para perto de mim e ele falou assim ‘don’t speak’. Ele falou ‘não fale’ e ele me mostrou um papelzinho que dizia assim ‘250.000 documentos secretos das embaixadas. Um décimo é muito importante, muitos não são importantes. Não fale nada’.”
Depois desse encontro na Inglaterra, por dias, ela trabalhou com ele e a equipe do WikiLeaks em uma mansão onde, depois, Assange viveu por anos em prisão domiciliar.
“Julian Assange é um homem, né? Ele é um ser humano. Eu acho que isso é importante as pessoas entenderem, porque a gente cria essa, a gente imagina uma pessoa, enfi a gente a gente ouve muita coisa e é muito difícil você trazer para o homem.”
É o que Natalia conta em entrevista ao episódio O Assunto desta quarta-feira (26).
“Julian Assange é um homem obcecado pelo trabalho dele, o trabalho da vida dele é o WikiLeaks.
Nesta terça-feira (25), Assange se declarou culpado e foi condenado durante uma audiência no tribunal dos Estados Unidos nas Ilhas Marianas do Norte. Apesar da condenação por espionagem, devido a um acordo, ele foi posto em liberdade.
“Ou seja, ele criou um modelo que pessoas que trabalham em organizações e governos que estão cometendo alguma coisa errada possam vazar, vazamentos massivos de informações para que isso possa ser publicado, para que isso venha público. É esse é esse o trabalho da vida do Assange. Fazendo isso ele impactou o jornalismo.”
Natalia descreve Assange como um homem obcecado pelo trabalho, que não tem “papo mole”, nas suas palavras, que não tem interesse por assuntos banais. Seus interesses, segundo ela, incluem discutir geopolítica, estratégias militares e arquitetura da informação, por exemplo.
“Ele é uma pessoa muito difícil. Acho que isso é importante dizer. Ums pessoa muito difícil de trabalhar, como muitos, aliás, que eu conheci na minha vida jornalística. É uma versão muito difícil de trabalhar, uma pessoa que não gosta de ser contrariada, uma pessoa muito cabeça dura. Mas é uma pessoa que eu reparei que gosta de discutir.”
Ouça a íntegra do episódio aqui.
O que você precisa saber:
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O podcast O Assunto é produzido por: Mônica Mariotti, Amanda Polato, Carol Lorencetti, Gabriel de Campos, Luiz Felipe Silva e Thiago Kaczuroski. Neste episódio colaboraram também Camila da Silva e Sarah Resende. Apresentação: Natuza Nery.
VEJA CORTES DO PODCAST O ASSUNTO EM VÍDEO
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