Garrincha, Totó, Alicate: tradição dos moradores cria a ‘cidade dos apelidos’ no ES


Com menos de 30 mil habitantes, a cidade de Alegre, no Sul do Espírito Santo, carrega essa tradição há décadas. Praça chegou a ganhar placa com “nomes” inusitados dados a moradores da região. Em Alegre, quase todo mundo tem apelido; confira alguns
Xuxa, Maradona, Cebola, Totó, Fanabó, Chacrinha e até Garrincha podem ser encontrados em um dia comum pelas ruas da cidade de Alegre, no Sul do Espírito Santo. Para boa parte dos moradores da cidade de 30 mil habitantes, os nomes de registro são dispensáveis, mera formalidade, porque a maioria das pessoas ganhou um novo “nome” quando passaram a ser mais conhecidas pelos apelidos.
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A tradição atravessa gerações e o município tem até uma placa que identifica Alegre como a cidade dos apelidos. Alguns são dados na infância e acabam virando o nome profissional na vida adulta. É o que aconteceu com o Superintendente da Defesa Civil do município, batizado como Carlos Lemos Barbosa Júnior, mas carrega na farda o apelido “Japonês Lemos”.
“Eu costumo falar que Japonês é o meu nome, o meu apelido é que é Carlos! Minha família tem a tradição do olho puxado, começou quando eu era criança, com as pessoas falando ‘olha o japonesinho’. E cidade pequena não tem jeito, quando pega, fica pra sempre”, lembrou o bem-humorado Japonês.
O Superintendente da Defesa Civil de Alegre foi batizado como Carlos Lemos Barbosa Júnior, mas é conhecido como ‘Japonês Lemos’.
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E nunca é tarde para ganhar um apelido, como aconteceu com Ananias, que após mais de 40 anos trabalhando em um restaurante que servia um prato com abacaxi a milanesa, virou “Ananais”, trocadilho com ananás, nome pelo qual o abacaxi é chamado em algumas regiões. “Hoje, mesmo aposentado, é como as pessoas falam”, disse.
E não faltam outras frutas e verduras, como Mamão, Mamãozinho e Cebola.
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Da horta e do pomar para o gramado do campo de futebol, o Garrincha de Alegre conta que o apelido surgiu por causa do avô, que era botafoguense, e sonhava que o neto jogasse como o craque da seleção brasileira. Ele acabou virando torcedor do Flamengo, mas nem por isso o jeito de ser chamado mudou.
“Tive que ficar com o apelido a vida toda, desde criança, a cidade toda me conhece assim. Se perguntar aqui quem é Jorge Luiz Barbosa, ninguém sabe!”, contou o aposentado.
Placa com os apelidos listados na cidade está na Praça Seis, em Alegre, Espírito Santo.
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A cultura de apelidar as pessoas cresceu tanto na cidade que virou uma crônica do escritor e coronel da Polícia Militar, Júlio César Costa. Durante 10 anos, ele listou mais de 400 apelidos e doou uma placa para a Praça 6 de Janeiro, com o objetivo de homenagear os cidadãos ilustres da cidade.
“Em alguns casos a gente não sabe o nome das pessoas, a gente conhece pelo apelido. No interior tem muito isso e acaba com as pessoas carinhosamente chamando e virando uma marca do município”, explicou o escritor.
José Paulo Rosa de Aguiar é conhecido na cidade de Alegre como Rosa Branca.
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Entre as lendas vivas de Alegre, um apelido foi o mais citado. “Meu nome é José Paulo Rosa de Aguiar, o vulgo Rosa Branca”, falou orgulhoso. Mordomo, garçom e jogador de futebol, Rosa Branca já jogou até contra o Zico, em 1970. Para ele, é esse apelido que vai ficar marcado na sua história e na da cidade.
“Fica essa homenagem para o resto da vida! O dia que a gente não tiver mais nessa área, todo mundo vai saber que o Rosa Branca existiu”, encerrou o ex-jogador.
Fabrício de Sousa, conhecido como ‘Sorriso’ e Jorge Luiz Barbosa, o ‘Garrincha’, na parte superior da foto. Milson Bittencourt da Rosa, conhecido como ‘Tito’, José Maria Cipriano, ‘Big Loira’ e Ananias, que virou ‘Ananais”, na parte inferior.
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