
A cidade de Joinville, no Norte de Santa Catarina, tem o menor número de candidatos a vereador jovens das últimas cinco eleições, segundo dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Desde a eleição de 2008, o município não registrava um número tão baixo de candidatos entre 18 e 29 anos.

Candidaturas jovens sofreram queda em Joinville – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil/ND
Na ocasião, 19 jovens se candidataram ao cargo de vereador, com os homens sendo maioria nesta faixa-etária (15). Na eleição seguinte, em 2012, o número de jovens subiu para 28 candidaturas, novamente com homens na maioria dos casos (16).
Já em 2016, houve um novo crescimento no número de candidatos entre 18 e 29 anos. Naquele pleito, foram 33 candidaturas e, desta vez, a divisão entre os gêneros esteve mais equilibrada: foram 17 homens e 16 mulheres.
O auge das candidaturas jovens em Joinville foi na última eleição, em 2020, quando 37 pessoas entre 18 e 29 anos disputaram os votos dos eleitores. No pleito, as candidaturas masculinas foram predominantes, com 24 homens disputando o cargo.
Número de candidatos a vereador jovens caiu mais de 70%
Em 2024, o número de candidatos a vereador jovens ficou abaixo do registrado em 2008. Nesta eleição, apenas 11 candidaturas entre 18 e 29 anos foram registradas, uma queda de 70,27% com relação a 2020. Deste número, quatro mulheres colocaram seus nomes à disposição do eleitorado.

Gráfico mostra evolução das candidaturas jovens – Arte: ND
Embora o número geral de candidatos a vereador em Joinville tenha reduzido neste ano, a proporção dos postulantes jovens também caiu. Veja as porcentagens das últimas cinco eleições:

Proporção de candidatos jovens para total de postulantes caiu – Foto: ND
Especialista aponta motivos para redução no número de jovens candidatos a vereador
Para o doutor em Ciência Política e professor da Faculdade Ielusc, João Kamradt, a queda no número de candidatos jovens em Joinville pode estar relacionada muito mais a um fechamento das estruturas partidárias para esta parcela da população que a um desinteresse com a vida pública.
“Sinceramente, minha opinião não é que haja necessariamente um desinteresse, mas sim que o ambiente político está muito agressivo e isso torna o ato de ser político mais caro”, explica Kamradt.
Para o professor, é necessário estar disposto ao confronto, além de ter que enfrentar o feedback da população que, segundo Kamradt, é instantâneo. “Pode se tornar um outro ponto que não incentiva nenhum pouco a participação do jovem”, diz.
Choque de gerações?
Ainda conforme o doutor em Ciência Política, seria necessário que os partidos políticos cultivassem novas lideranças. Esta tarefa, porém, pode esbarrar em outras questões.
“Isso muitas vezes cobra como custo o afastamento de antigas lideranças. Então, há um jogo de poder em trazer novos rostos para política se isso significar a queda de um antigo e conhecido nome. Logo, nem sempre há interesse dentro das estruturas partidárias”, afirma João Kamradt.
Em 2024, dos 19 partidos com candidatos a vereador, oito possuem nomes entre 18 e 29 anos na disputa. Destas legendas, sete são de centro ou centro-direita e apenas uma de esquerda.