Vítima de golpe milionário da B&B Capital vendeu apartamento para investir na empresa em Ribeirão Preto


Dono da financeira, empresário André Luiz de Jesus da Rosa está foragido há um ano. Prejuízo de clientes é de R$ 40.219.026,51. MP aguarda relatório da PF para pedir condenação de envolvidos em golpe milionário da B&B
Uma das 227 vítimas do golpe milionário aplicado pela agência de investimentos B&B Capital, de Ribeirão Preto (SP), o administrador Rafael de Almeida Carvalho chegou a vender um apartamento e investiu R$ 860 mil no negócio.
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Segundo ele, a promessa era de rendimento mínimo de 2% ao mês. O caso foi descoberto em março do ano passado, quando o dono da empresa, André Luiz de Jesus da Rosa, avisou funcionários por meio de mensagem que havia “quebrado” e que tinha fechado a agência.
Ele está foragido há mais de um ano. Em outubro, a Polícia Civil concluiu o inquérito e pediu a prisão preventiva dele e o indiciamento de Alex Sandro de Jesus da Rosa, irmão do empresário, Pedro Eduardo Freitas Duarte, Paulo Rogerio do Nascimento e Phelippe Augusto Chrysostomo da Silva, todos vinculados à B&B.
“Todo investimento que você fazia lá, você teria um rendimento mínimo de 2% ao mês. Porém, lá no contrato dizia também que 50% de tudo que eles fizessem de rendimento era da B&B Capital e os outros 50% era liberado ao investidor. Você via o dinheiro no papel, no extrato. Quem retirava o dinheiro, conseguiu às vezes até ter algum lucro. Mas quem não retirava o dinheiro, só via o lucro no papel”, diz Carvalho.
O extrato bancário dele à época mostra as inúmeras vezes que foram feitas transferências para a B&B.
Extrato bancário mostra inúmeros transferências para a B&B Capital, de Ribeirão Preto
Reprodução/EPTV
O Ministério Público aguarda o relatório de análise que deve apontar o fluxo do dinheiro e como funcionava o mecanismo da empresa.
“Se a empresa efetivamente aplicava esse dinheiro no mercado de capitais ou se fazia outros tipos de investimento ou se simplesmente era uma entrada e saída de dinheiro, onde os clientes mais novos apresentavam seu dinheiro e isso era usado para saque dos clientes mais antigos. Não sabemos como eles operavam esse mecanismo”, diz o promotor de Justiça Augusto Soares de Arruda Neto.
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Desde quando o golpe foi descoberto, o g1 tenta localizar a defesa de Rosa. À EPTV, afiliada da TV Globo, a defesa de Pedro Eduardo disse que ele apenas atuava como advogado da empresa e que Phelippe não fazia parte da B&B há anos.
Os advogados de Paulo Rogério disseram que ele também é vítima da empresa e vão provar a inocência dele. A defesa de Alexsandro disse que ele não tem participação no esquema e está colaborando com as autoridades.
André Rosa é suspeito de aplicar golpe milionário em clientes de todas as regiões do Brasil
Reprodução/Redes Sociais
Empresário está foragido há mais de 1 ano
André Luiz de Jesus Rosa está foragido desde o dia 21 de março do ano passado, quando enviou uma mensagem ao irmão informando que havia “quebrado” e que tinha fechado a empresa de investimentos.
Menos de um mês depois, no dia 8 de abril, um caminhão de mudanças esteve na casa dele, no Jardim Canadá, em Ribeirão Preto, para retirar do imóvel diversas caixas com pertences pessoais dele. A polícia acompanhou a ação.
Família de André Rosa, proprietário da empresa B&B Capital, contratou caminhão para fazer mudança de estelionatário
Divulgação
Ele é suspeito de um golpe milionário onde a empresa dele, a B&B, oferecia aos clientes retorno de até 3% ao mês.
No fim de março do ano passado, a Justiça autorizou a retirada de dois carros de luxo que seriam de André. Os veículos estão bloqueados para uma possível indenização das vítimas.
Carro de luxo apreendido na casa de André Rosa, sócio da B&B Capital, em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
Dentro do imóvel, em um fundo falso, ainda foram encontradas armas e munições. O material foi apreendido.
André não é visto há oito meses, desde que o golpe foi descoberto. Antes de fugir, ele chegou a deixar um envelope para o irmão, Alex Rosa, que também trabalhava na empresa, com senhas para acesso aos investimentos dos clientes e também um e-mail explicando a situação.
Armas apreendidas na casa de André Luiz de Jesus Rosa, sócio da B&B Capital, em Ribeirão Preto, SP
Polícia Civil/Divulgação
Golpe milionário
A B&B Capital foi criada em junho de 2014, quando passou a atuar para assessorar e a prestar consultoria financeira e administrativa para empresas.
Os clientes assinavam um contrato de prestação de serviços de administração de investimentos e a empresa deveria fornecer consultoria e assessoria financeira, com finalidade de rentabilizar os recursos investidos pelo contratante utilizando-se de operações no mercado financeiro através da BMF Bovespa e produtos de investimentos em renda fixa.
Para isso, o escritório cobrava 50% da rentabilidade gerada mensalmente. De acordo com o contrato, a B&B garantia um repasse mínimo mensal de 2,5% sobre o capital investido.
Site da B&B Capital, escritório de investimentos em Ribeirão Preto
Reprodução/EPTV
Para início da operação, o cliente deveria investir a partir de R$ 10 mil, transferidos para a conta da empresa.
A B&B Capital também garantia o resgate total ou parcial do capital, sem qualquer tipo de desconto para o cliente. Para sacar, o investidor deveria comunicar a empresa sobre o valor até o dia 5 de cada mês, e o depósito seria feito até três dias úteis depois.
Extratos de movimentações de clientes obtidos pelo g1 à época que o golpe foi denunciado, mostram a rentabilidade de clientes. Em um mês, uma aplicação inicial de R$ 100 mil tinha rendido R$ 2.766,85 — 2,76%.
Outro investimento, de R$ 91.685,59, rendeu R$ 1.746,61 em três semanas, sendo que os rendimentos chegaram a ser atualizados até três vezes na mesma semana.
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