Vídeo: pesquisadores descobrem espécie de aracnídeo do Cerrado no PI; animal está ameaçado de extinção


Aracnídeo vive às margens de rios e riachos e apresenta características diferentes de outros do gênero esquizômido. Primeiro espécime foi encontrado, em Floriano, na beira de um riacho que deixou de existir devido ao desmatamento. Pesquisadores descobrem espécie de aracnídeo ameaçada de extinção no Piauí
Pesquisadores da Universidade Federal do Piauí (UFPI) de Floriano descobriram uma nova espécie de aracnídeo, batizada como Rowlandius ufpi (veja acima), potencialmente ameaçada de extinção. É a primeira espécie de esquizômido encontrada no Piauí e a única do Cerrado, que vive às margens de rios e riachos, diferentemente das demais de seu gênero.
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Segundo o professor Leonardo Carvalho, doutor em Zoologia e um dos autores do estudo que divulgou a descoberta, o primeiro indivíduo da Rowlandius ufpi foi localizado à beira de um riacho próximo ao Rio Parnaíba, no Colégio Técnico de Floriano, em 2012. Desde então, os pesquisadores procuravam outros indivíduos para descrever a espécie.
“Nós estudamos aracnídeos no Piauí há quase 20 anos, então as atividades de campo fazem parte de nosso dia a dia. Em uma delas, estávamos procurando em folhas nas margens do rio e encontramos esse espécime pela primeira vez”, explicou o professor ao g1.
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Pesquisadores descobrem espécie de aracnídeo ameaçada de extinção no Piauí
Pedro H. Martins
Os esquizômidos apresentam características diferentes dos outros aracnídeos, conforme apontou o professor da UFPI. Eles possuem uma estrutura na parte posterior do corpo, chamada de flagelo, que conta com pequenos furos. Durante o acasalamento, as fêmeas mordem os furos e são conduzidas pelos machos em uma dança.
Em termos de tamanho, a Rowlandius ufpi mede cerca de 1 cm e pode ser comparada ao potó, inseto encontrado no Nordeste e que causa queimaduras de até segundo grau na pele. Ao contrário do potó, porém, o aracnídeo é praticamente inofensivo.
“Eles não soltam veneno como as aranhas e os escorpiões, por exemplo. Há a liberação de ácido acético, ou vinagre, por meio de uma glândula. Até poderia ser classificada como uma estrutura de defesa, mas quase não dá para sentir o cheiro devido ao pouco tamanho”, destacou Leonardo Carvalho.
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Doze anos após a descoberta do primeiro espécime do aracnídeo, o riacho em que ele vivia não existe mais. O pesquisador afirmou que a região de mata que circundava o riacho, bem preservada à época, foi desmatada para uma plantação. Depois disso, o animal deixou de frequentar o local.
Pesquisadores descobrem espécie de aracnídeo ameaçada de extinção no Piauí
A equipe de pesquisadores da UFPI encontrou outros espécimes às margens do Rio Parnaíba, o que indica que a Rowlandius vive em ambientes restritos. Se houver uma grande queimada ou cheia em seu habitat, o aracnídeo pode ser completamente extinto.
“O desmatamento é um problema enfrentado pelo Rio Parnaíba ao longo de toda a sua extensão. Para evitar a extinção do aracnídeo, a recuperação da mata ciliar, a preservação de matas de galeria ao longo dos riachos e o cumprimento do Código Florestal são medidas fundamentais”, completou o professor.
Além de Leonardo, a bióloga Iara Siqueira, também da UFPI de Floriano, e o professor Adalberto Santos, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), conduziram o estudo. Os pesquisadores estudam ainda outra espécie de aracnídeo, natural de região cavernosa em Piripiri, que deve ser descrita em breve.
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