Quem é Edmundo González, candidato que deu uma pausa no papel de avô para tentar tirar Maduro do poder


Em um instante, sem procurar, González trocou sua tranquila varanda pela campanha presidencial. Foi nomeado de último minuto após a inabilitação da carismática líder María Corina Machado e o veto de outros possíveis substitutos. Edmundo González, candidato da oposição na Venezuela, posa no aeroporto de Maracaibo
Matias Delacroix/AP
Até recentemente, Edmundo González Urrutia, 74 anos, conversava de varanda em varanda com os netos, vizinhos de um prédio adjacente. Mas o seu papel de avô foi inesperadamente substituído pelo de candidato à presidência da Venezuela, em uma eleição em que enfrenta o presidente Nicolás Maduro. As eleições acontecem neste domingo (28).
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Candidato da oposição da Venezuela fala sobre reação de Maduro e Lula
De uma hora pra outra, sem procurar, González trocou sua tranquila varanda pela campanha presidencial. Foi nomeado de último minuto após a inabilitação da carismática líder María Corina Machado e o veto de outros possíveis substitutos. 
“Nunca, nunca, nunca pensei em estar nesta posição”, admitiu o discreto diplomata de carreira, de 74 anos, à AFP em abril. “Esta é a minha contribuição para a causa democrática… faço isso com desprendimento, como uma contribuição para a unidade”. 
Sua nomeação foi inicialmente temporária, o que é conhecido na Venezuela como “candidato tampão” da coalizão Plataforma Unitária, que elegeu Machado nas primárias, a quem Urrutia devolveria o lugar.
“Estava em minha casa, em um sábado à tarde, quando me telefonaram” para “assinar uma carta ao CNE”, o Conselho Nacional Eleitoral, recordou. “Quando ouvi meu nome, eu disse: ‘Mas aqui tem algo diferente”. 
“O que eles não sabiam é que aquele ‘tampão’ ia virar uma garrafa, e aqui estamos hoje nestas condições”, disse ele com um sorriso. 
Na época, ele era desconhecido pela maioria. Ramón Guillermo Aveledo, ex-secretário da MUD, o retratou como “um venezuelano decente, um democrata e um servidor da República”.
‘Sem um pingo de populismo’
Nascido em La Victoria, uma pequena cidade a cerca de 110 quilômetros de Caracas onde ocorreu uma das batalhas mais heroicas da guerra de independência em 1812, González viveu e estudou lá até se mudar para a capital para iniciar a universidade. 
Formou-se em Estudos Internacionais pela prestigiada Universidade Central da Venezuela (UCV) e depois virou diplomata.
No escritório de sua casa, destaca-se um cartaz com a frase em latim: “Verba volant, scripta manent” (“as palavras voam, os escritos permanecem”, mesma frase que o então vice-presidente Michel Temer escreveu para a então presidente Dilma Rousseff em 2015, numa ruptura que resultaria no impeachment dela).
“Trabalhei com um embaixador que me dizia: ‘Você tem que ter mais uma conquista na vida. Tudo que você faz, tudo que está escrito, fica e as palavras voam'”, explicou sobre o significado dessa frase.
Falar diante de multidões não é fácil para ele. Ele geralmente lê seus discursos de maneira monótona e muito raramente improvisa. Prefere que as câmeras e microfones estejam apontados para Machado, que transborda carisma e é a alma da campanha que lhe transfere seu capital político. As pesquisas o apontam como vencedor por uma ampla margem. 
O analista José Toro Hardy o descreve como “a antítese do chavismo, do madurismo e da politicagem tradicional”. 
Como diplomata, morou na Bélgica e nos Estados Unidos. Foi embaixador na Argélia (1994-99) e na Argentina (1999-2002). Embora tenha vivido muitos anos fora da Venezuela, ele sempre insiste que conhece bem o país.
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Edmundo González, opositor de Maduro na eleição da Venezuela.
Reprodução/GloboNews
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