
Organização Meteorológica Mundial está mais pessimista quanto ao aquecimento do planeta e prevê que limite de aquecimento de 1,5°C seja superado nesse período. 1.5°C é o chamado “limite seguro” das mudanças climáticas para eviar consequências das mudanças climáticas
AP Photo/Charlie Riedel
As previsões climáticas mostram que as temperaturas globais devem permanecer em níveis recordes ou próximos a eles até 2029 e há 80% de chance de um desses próximos cinco anos superar 2024, tornando-se o novo ano mais quente da história.
Os dados fazem parte da Atualização Global Anual para a Década, produzida pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e divulgada nesta quarta-feira (28) com os principais relatórios do clima. O documento busca informar governantes e formadores de políticas públicas sobre a atual situação climática.
“Acabamos de vivenciar os dez anos mais quentes já registrados. Infelizmente, este relatório da OMM não oferece nenhum sinal de trégua nos próximos anos, e isso significa que haverá um impacto negativo crescente em nossas economias, em nossa vida cotidiana, em nossos ecossistemas e em nosso planeta”, disse o Secretário-Geral Adjunto da OMM, Ko Barrett.
Superando níveis pré-industriais
A equipe da OMM apontou a possibilidade de 86% de uma temperatura média superior a 1,5 ºC do nível pré-industrial (1850-1900) em pelo menos um desses próximos cinco anos.
Ainda segundo o relatório, há uma previsão de 70% de que o aquecimento médio para o período total de 2025 a 2029 seja maior que1,5°C. Esse número é superior aos 47% do relatório do ano passado (para o período de 2024 a 2028) e aos 32% do relatório de 2023 para o período de 2023 a 2027.
Cada fração adicional de grau de aquecimento provoca ondas de calor mais nocivas, eventos extremos de chuva, secas intensas, derretimento de camadas de gelo, gelo marinho e geleiras, aquecimento do oceano e elevação do nível do mar.
Limites ultrapassados entre 2025 e 2029
Já é possível calcular que 2025 será um ano mais quente do que todos os outros entre 1991 e 2020 em quase todo o mundo, exceto em partes do Pacífico Sul e do Oceano Antártico. Além disso, será possível ver o impacto do aquecimento global ao redor do globo. Veja:
O aquecimento do Ártico nos próximos cinco invernos prolongados (novembro a março) deverá ser 2,4°C acima da temperatura média durante o período de referência mais recente de 30 anos (1991-2020);
O gelo marinho deve ter novas reduções no Mar de Barents, Mar de Bering e Mar de Okhotsk;
Novos padrões de chuva: no Sahel, norte da Europa, Alasca e norte da Sibéria, haverá mais precipitações e na Amazônia, as condições serão mais secas;
Mais chuva no sul da Ásia: com exceção de 2023, essa região tem enfrentado mais chuvas e isso deve continuar até 2029;
Por que o Acordo de Paris e a COP30 são importantes
Esta última previsão climática para a próxima década prevê que a estimativa central do aquecimento médio de 20 anos para o período de 2015 a 2034 será de 1,44 °C, mas as piores estimativas cravam 90% de confiança em uma variação de 1,22 ºC a 1,54 °C.
Frente a esse cenário, cresce a importância do cumprimento do Acordo de Paris, um tratado assinado em 2015, durante a COP21, a 21ª cúpula do clima da ONU em Paris.
Os países que assinaram o tratatado naquele ano concordaram em manter o aumento da temperatura média global da superfície a longo prazo bem abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais e em prosseguir os esforços para limitar o aumento a 1,5°C.
A conferência da ONU sobre mudanças climáticas deste ano, a COP30, será em Belém (PA) e analisará planos de ação climática atualizados dos países, conhecidos como Contribuições Nacionalmente Determinadas. Eles são cruciais para alcançar as metas do Acordo de Paris.
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