O cenário epidemiológico da hepatite A no Brasil tem despertado preocupação entre autoridades de saúde. A doença, antes associada majoritariamente à infância e a regiões com saneamento precário, mostra agora um novo padrão de transmissão.

Os adultos, especialmente os homens, se tornaram os principais afetados por uma alta significativa nos registros da infecção em 2023. Esse aumento tem sido atribuído, em grande parte, à transmissão sexual do vírus.
Alta nos casos acende sinal de alerta
Segundo dados do Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais, divulgado pelo Ministério da Saúde, os casos saltaram de 856 em 2022 para 2.081 em 2023.
- Cheiro estranho na máquina de lavar? Veja como resolver esse problema de forma simples e eficaz
- Vai ter 3ª temporada de ‘The Last of Us’? Showrunner revela mudança de planos
- Veja como montar um roteiro econômico para curtir Maragogi em 3 dias
- Ataxia de Friedreich: tratamento inovador para doença rara é aprovado no Brasil
Entre esses registros, 1.877 ocorreram em pessoas com mais de 20 anos, sendo aproximadamente 70% do sexo masculino. Esse novo perfil epidemiológico indica uma mudança no modo de contágio predominante.
Transmissão sexual entra no foco
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que a principal forma de contágio da hepatite A continua sendo a via fecal-oral. No entanto, ressalta que “práticas sexuais podem aumentar o risco de contrair a doença”.
Essa forma de transmissão tem se destacado, especialmente entre adultos sexualmente ativos, tornando-se um fator determinante para o crescimento dos casos.

Vacinação é ampliada para grupo de risco
Como resposta ao crescimento dos casos, o Ministério da Saúde estendeu, em maio, a vacinação contra hepatite A para todos os usuários da PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), medicamento usado na prevenção ao HIV.
A meta do governo é imunizar 80% dos mais de 120,7 mil usuários da PrEP atualmente atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A medida visa conter a expansão da doença em grupos com maior risco.
Mudanças no perfil da doença
“A hepatite aguda costumava afetar predominantemente crianças em áreas com saneamento básico precário. No entanto, mudanças no perfil epidemiológico da doença trouxeram uma nova preocupação: a transmissão sexual tornou-se uma das principais formas de propagação em adultos”, analisou Guenael Freire, infectologista do São Marcos Saúde e Medicina Diagnóstica.
Essa nova realidade reforça a importância de estratégias voltadas à prevenção em faixas etárias adultas, além da continuidade da imunização infantil.
Histórico da vacinação e seus impactos
Desde 2014, a vacina contra a hepatite A está disponível no SUS para crianças de 12 meses a menores de 5 anos. O impacto foi notável.
Os casos caíram de 6.261 em 2013 para apenas 437 em 2021, o que representa uma redução de 93%. Entre menores de 5 anos, a queda chegou a 97,3%, e entre crianças de 5 a 9 anos, foi de 99,1% entre 2013 e 2023.
“É indiscutível que a aplicação da vacina é o melhor método de prevenção contra a doença. A experiência mostra que a vacinação em massa pode reduzir drasticamente a incidência da doença, protegendo inclusive os adultos, que têm sido mais suscetíveis à doença”, destaca o infectologista.
Agravamento dos sintomas em adultos
A hepatite A é uma infecção viral que afeta o fígado e, em adultos, tende a se manifestar com sintomas mais intensos.
Entre os sinais estão náuseas, vômitos, dor abdominal e icterícia, podendo levar a complicações em pacientes com comorbidades hepáticas ou soropositivos para HIV.
A vacina está disponível também em clínicas privadas, tanto na forma isolada quanto combinada com a vacina contra hepatite B, o que permite uma proteção ampliada com menos aplicações.