Famoso pelo clássico de animação da Disney “Procurando Nemo”, o peixe-palhaço tem um superpoder especial. Ele é capaz de reduzir o tamanho de seu corpo durante ondas de calor perigosas, a fim de aumentar suas chances de sobrevivência. Um novo artigo na revista Science Advances explicou essa habilidade.
De acordo com a coautora Melissa Versteeg, estudante de pós-graduação da Universidade de Newcastle, na Inglaterra, esses peixes não apenas perdem peso: eles ficam mais “baixos”.
“Ainda não sabemos exatamente como eles fazem isso, mas sabemos que alguns outros animais também conseguem fazer”, relatou ela.
Isso porque muitos vertebrados apresentaram declínio no crescimento em resposta a estressores ambientais, sobretudo altas temperaturas. Outros fatores, como menos comida disponível, também afetam essa capacidade. Além disso, fatores sociais também influenciam no crescimento, como uma perturbação no status.
No caso dos peixes-palhaço, eles vivem em pares reprodutores com uma fêmea dominante e um macho subdominante, às vezes com outros subordinados não reprodutores. Os dominantes costumam crescer para corresponder ao tamanho da anêmona hospedeira, enquanto os subordinados crescem apenas até um tamanho para garantir recursos suficientes. Senão crescerem, podem ser expulsos e provavelmente morrerem.
Como foi feito o estudo com os peixes-palhaço?
A equipe analisou 67 casais reprodutores de peixes-palhaço selvagens em anêmonas na Baía de Kimbe, Papua-Nova Guiné, em 2023. Eles mediram o tamanho corporal dos peixes mensalmente, bem como a temperatura ao redor das anêmonas a cada quatro a seis dias.
Em seis meses, 101 dos 134 peixes encolheram pelo menos uma vez devido ao estresse térmico. Isso aumentou suas chances sobrevivência em até 78% em relação aos 33 peixes que não encolheram. Entre os pares, as taxas de crescimento foram distintas entre dominantes e subordinados. Além disso, pares que encolheram juntos tiveram maior probabilidade de sobreviver às ondas de calor.
“Foi uma surpresa ver a rapidez com que os peixes-palhaço se adaptam a um ambiente em mudança, e testemunhamos a flexibilidade com que eles regulavam seu tamanho, como indivíduos e como casais reprodutores, em resposta ao estresse térmico, como uma técnica bem-sucedida para ajudá-los a sobreviver”, disse Versteeg.
Os pesquisadores ainda não descobriram qual o mecanismo de redução dos peixes. No entanto, acreditam que esteja associado ao desencadeamento de vias neuroendócrinas através dos hormônios tireoidianos, que regulam o crescimento.
A estratégia adaptativa também pode ser uma forma de se adequar às mudanças nas necessidades metabólicas. Por outro lado, a redução para sobreviver a ondas de calor pode implicar em uma redução correspondente nas taxas de natalidade.
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