
Uma nova análise da Comissão Lancet sobre saúde e bem-estar de adolescentes, divulgada na última terça-feira, 20, alerta que um em cada quatro jovens no mundo corre o risco de desenvolver obesidade ou transtornos mentais até 2030. O relatório atualiza dados de 2016 e mostra que pouco avançou na última década.
Quase 1,1 bilhão de adolescentes seguem expostos a problemas de saúde evitáveis, como HIV, depressão, má nutrição e gravidez precoce. Entre os fatores agravantes estão a pandemia, as mudanças climáticas e os impactos do ambiente digital.
O estudo projeta que 464 milhões de adolescentes estarão com sobrepeso ou obesidade até 2030 — um aumento de 143 milhões desde 2015. A anemia afetará cerca de um terço das meninas, e transtornos mentais devem causar a perda de 42 milhões de anos de vida saudável, dois milhões a mais que em 2015.
- Governo Lula divulga datas de pagamento do Bolsa Família para maio de 2025
- Você separa o dinheiro por valor? Entenda o que a psicologia diz sobre este hábito
- 11 dicas para lidar com o transtorno de ansiedade
- ‘Você não está só’: Como reconhecer, tratar e prevenir a Síndrome de Burnout
Saúde em ponto crítico
Em comunicado, a copresidente da comissão e pesquisadora da Universidade George Washington, Sarah Baird, comentou sobre o cenário desafiador. “A saúde e o bem-estar dos adolescentes em todo o mundo estão em um ponto crítico. Devemos priorizar o investimento na saúde dos jovens para garantir um futuro mais justo e saudável”.

Apesar de avanços pontuais, como a redução no consumo de álcool e cigarro e o aumento da escolarização, os autores do estudo apontam que esses progressos não acompanham a complexidade dos desafios.
O relatório destaca ainda os efeitos da crise climática — que deve elevar a exposição dos jovens a doenças e inseguranças alimentares — e da digitalização, que, embora conecte e eduque, traz riscos à saúde mental.
De olho no futuro
A comissão pede mais investimentos e participação ativa dos próprios jovens na criação de políticas. Hoje, eles representam 25% da população mundial, mas recebem apenas 2,4% da ajuda global para a saúde.
Para os autores, priorizar a saúde adolescente é essencial para um futuro mais justo e sustentável. “Investimentos em adolescentes geram retornos tão bons quanto os feitos em crianças pequenas e melhores que os em adultos”, reforça o relatório.
OMS pode incluir uso excessivo das redes sociais como novo CID
A relação de adolescentes com as redes sociais tem despertado preocupação crescente entre especialistas em saúde mental. Um novo movimento científico busca reconhecer o uso excessivo desses aplicativos como um transtorno psiquiátrico formal.
A proposta, divulgada por um grupo de pesquisadores, sugere que o comportamento compulsivo em plataformas digitais seja oficialmente categorizado como doença mental, o que poderia afetar diagnósticos, tratamentos e políticas públicas em todo o mundo.