A retocolite ulcerativa (RCU), também chamada de colite ulcerativa, é uma doença inflamatória intestinal (DII) que atinge o intestino grosso (cólon e reto) e causa inflamação contínua da mucosa, com formação de úlceras, como explica a professora da Faseh, médica cirurgiã geral e oncológica, Fernanda Parreiras.
“Atualmente, não existe cura definitiva, mas os tratamentos disponíveis conseguem controlar os sintomas, evitar crises e permitir que o paciente tenha uma vida ativa e produtiva”, afirma.

Quem pode ter a doença?
A retocolite ulcerativa costuma surgir entre adolescentes e adultos jovens, mas pode atingir pessoas em qualquer faixa etária.
Sua causa exata ainda não é conhecida, mas fatores genéticos e alterações no sistema imunológico parecem estar envolvidos.
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Quais são os sintomas?
Os sinais mais comuns da retocolite incluem:
- diarreia com sangue e muco;
- dor abdominal;
- cólicas;
- vontade urgente de evacuar;
- febre.
Em fases mais graves, pode haver emagrecimento por receio de comer e agravamento da inflamação. As crises podem ser persistentes e se manifestar em qualquer horário do dia ou da noite.
Alguns pacientes também podem apresentar manifestações fora do intestino, como dores nas articulações, lesões de pele (como pioderma gangrenoso), inflamações oculares ou alterações no fígado.
“Caso esses sinais estejam presentes por várias semanas, é importante procurar um médico para investigação”, ressalta Fernanda.

Existe risco de complicações?
Em casos mais avançados e com inflamação extensa, a doença pode evoluir para complicações sérias como megacólon tóxico (uma dilatação grave e potencialmente fatal do intestino) ou sangramentos intensos.
Além disso, pessoas com retocolite ulcerativa há muitos anos, especialmente com inflamação em todo o intestino grosso (pancolite), têm maior risco de desenvolver câncer colorretal.
Por isso, o acompanhamento com colonoscopias periódicas é fundamental.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da retocolite é baseado em uma combinação de avaliação clínica e exames. O médico analisa sintomas, histórico familiar, condição geral e pode realizar exames físicos e laboratoriais.
A confirmação geralmente vem por meio de exames endoscópicos, como a colonoscopia, que permitem visualizar o intestino grosso e identificar as lesões características. Exames de sangue ajudam a avaliar anemia, inflamação e perda de proteínas.
Embora não haja cura, a retocolite ulcerativa pode ser controlada com medicamentos e acompanhamento médico regular. O objetivo do tratamento é interromper as crises e manter a doença em remissão. As opções incluem:
- Aminossalicilatos (sulfas e derivados): usados principalmente em fases leves e moderadas;
- Corticoides: indicados para crises agudas, com ação rápida no controle da inflamação;
- Imunossupressores: utilizados quando os demais medicamentos não são suficientes ou causam dependência;
- Biológicos: em casos mais graves, bloqueiam partes específicas do processo inflamatório;
- Cirurgia: indicada em casos refratários ou com complicações severas. A cirurgia pode envolver a retirada total do cólon e do reto, com reconstrução do trânsito intestinal por meio de bolsa ileal.
O tratamento é individualizado, considerando a extensão da doença, idade do paciente, resposta a terapias anteriores e presença de outras manifestações clínicas.
É possível viver bem com retocolite ulcerativa?
Com acompanhamento adequado, muitos pacientes conseguem manter a doença sob controle.
Adotar hábitos saudáveis, seguir as orientações médicas e manter uma alimentação adequada — evitando alimentos que irritam o intestino, como fibras insolúveis, condimentos fortes, leite e bebidas fermentadas — é essencial.
De acordo com a médica, também é importante controlar o estresse, praticar atividades físicas regularmente e evitar o tabagismo para reduzir os riscos e controlar os sintomas em quem já tem o diagnóstico.
Procure ajuda médica diante de qualquer sinal de agravamento, como sangramentos intensos ou febre persistente, e mantenha os exames em dia para prevenir complicações mais sérias.

Maio Roxo
Este mês é dedicado à conscientização sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais (DII). Essas doenças, que incluem a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, afetam milhões de pessoas no Brasil e no mundo.
Segundo o Ministério da Saúde, em 2022, foi constatado um aumento de 233% na quantidade de pessoas diagnosticadas com DII em comparação a 2012.
Para essa campanha, a Catraca Livre prepara uma série de reportagens para informar seus leitores. Clique aqui para acessar.