Novo exame promete transformar diagnóstico precoce do autismo em bebês

Teste oferece um diagnóstico rápido e com alto grau de precisão em apenas 15 minutos – ridvan_celik

Um novo exame, recém-aprovado nos Estados Unidos, promete mudar a forma como o transtorno do espectro autista (TEA) é diagnosticado em crianças pequenas. Utilizando tecnologia de rastreamento ocular enquanto os bebês assistem a vídeos, o teste oferece um diagnóstico rápido e com alto grau de precisão em apenas 15 minutos, representando um avanço significativo na detecção precoce do autismo.

A inovação tem participação do neurocientista brasileiro Ami Klin, diretor do Marcus Autism Center, um dos principais centros de tratamento de autismo nos Estados Unidos, com sede em Atlanta. A proposta é simples e não invasiva: bebês com idades entre 16 meses (1 ano e 4 meses) e 30 meses (2 anos e meio) assistem a 14 vídeos curtos em uma tela, enquanto câmeras capturam em tempo real a movimentação dos olhos.

Esses dados são processados por um sistema inteligente que identifica padrões de atenção visual. Crianças com desenvolvimento típico tendem a focar nos rostos e nas interações sociais apresentadas nos vídeos. Já aquelas com sinais de autismo costumam demonstrar atenção atípica a esses estímulos.  

Diagnóstico rápido, mais chances de intervenção precoce

A tecnologia foi aprovada pela FDA (agência reguladora de saúde dos EUA) em agosto de 2023 e já está sendo utilizada em 47 centros especializados em todo o país. Desde então, cerca de 5.800 crianças estão sendo avaliadas anualmente com o novo método.

O aumento dos diagnósticos de autismo impulsiona debates sobre inclusão, políticas públicas e suporte especializado – iStock/SewcreamStudio

Para ampliar o alcance, duas vans foram adaptadas como clínicas móveis, levando o exame a comunidades mais afastadas ou com menor acesso a serviços de saúde especializados. Isso permite que famílias em regiões carentes tenham a oportunidade de detectar o transtorno cedo e iniciar o tratamento mais rapidamente — algo crucial para o desenvolvimento da criança.

O custo do equipamento é de aproximadamente US$ 7 mil, e cada exame sai por US$ 225. No estado da Geórgia, alguns planos de saúde já oferecem cobertura para o procedimento.

E no Brasil?

Apesar da participação brasileira no desenvolvimento da tecnologia, ainda não há previsão de quando o exame estará disponível no país. A liberação depende da aprovação por parte da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e de outros órgãos regulatórios.

A chegada dessa inovação ao Brasil pode representar um marco no diagnóstico precoce do autismo, especialmente em um contexto em que a identificação do TEA ainda é, muitas vezes, tardia — o que pode comprometer a eficácia das intervenções terapêuticas.

Com métodos mais rápidos e acessíveis, especialistas esperam reduzir o tempo entre os primeiros sinais e o início do tratamento, garantindo mais qualidade de vida e desenvolvimento para crianças com autismo e suas famílias.


Sinais de autismo em adultos que muitos ignoram 

O autismo, também conhecido como Transtorno do Espectro Autista (TEA), não afeta apenas crianças. Muitos adultos convivem com o autismo sem sequer saberem, já que os sinais podem ser confundidos com traços de personalidade ou hábitos. 

Além disso, muitas pessoas autistas acabam desenvolvendo estratégias para mascarar os sinais ao longo da vida.

 

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