1º brasileiro a disputar uma competição mundial de rimas de improviso, rapper do interior de SP se divide entre dois empregos e sonho de viver da música


Luiz Fernando Ribeiro, o Enidê MC, tem 35 anos e é de Guaratinguetá (SP). Ele acumula mais de 25 anos no mundo da música e diversas participações em competições internacionais, encarando uma jornada tripla, como motorista de aplicativo, atuando com vendas e o que mais ama: as rimas. Enidê MC durante apresentação no mundial de rima de improviso
Arquivo pessoal
Foi com apenas oito anos que Luiz Fernando Ribeiro, conhecido como Enidê MC, de Guaratinguetá (SP), começou a descobrir sua paixão: o Rap. Mais de 25 anos depois, Luiz coleciona conquistas, mais de 20 mil discos vendidos e se tornou o primeiro brasileiro a representar o país em um campeonato mundial de rima de improviso.
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O rapper não se recorda a primeira vez exatamente que ouviu o gênero musical, mas lembra que aos oito anos se pegou escutando e gostando de ‘Gabriel o Pensador’ e Racionais. Paralelamente a isso, ele observava grafites pelas ruas e, com influência do irmão mais velho, que já era fã de Rap e grafitava, Luiz foi mergulhando nesse mundo.
Aos nove anos, já fazendo grafites no caderno da escola e começando a esboçar letras de Rap, Enidê começou a andar de skate, pontapé inicial para entrar de vez no mundo do Rap.
“Não sei muito bem exatamente como começou, mas foi tudo muito natural. Uma coisa foi puxando a outra, e o skate influenciou muito para que eu pudesse entrar de cabeça no Rap. As trilhas sonoras dos campeonatos sempre eram de Rap. Fui cada vez mais gostando e criando letras, e a partir disso nunca mais parei”, disse Enidê.
Alguns anos mais tarde, Enidê começou a estudar espanhol e ter contatos com alguns MCs do Chile. Praticamente no mesmo período, gravou sua primeira faixa solo, que foi quando o rapper considera o início de fato profissionalmente no ramo.
Com o passar dos anos, foram lançados letras e discos de sucesso, com destaque para ‘fatos não se esgotam’, com mais de 20 mil cópias vendidas em 120 cidades da América Latina.
Rapper do interior de SP é o primeiro brasileiro a disputar mundial de rima de improviso
Arquivo pessoal
Em 2014, durante nova viagem ao Chile, onde foi produzir CDs e fazer shows, começou com uma nova prática: o freestyle, conhecido como rima de improviso. E a entrada nesse lado do Rap começou de um jeito adverso.
“Eu estava no meio de um show no Chile, e um homem me desafiou para uma batalha. Mas apesar de já falar espanhol, eu não sabia improvisar no idioma. E isso ficou na minha cabeça, de começar a improvisar não somente em português, mas em espanhol também. E estudando, descobri que era possível, algo que não imaginava antes”, disse.
Apesar do sucesso e do talento, Enidê precisa de outras fontes de renda para se sustentar e continuar com o sonho de viver da música, principalmente após a pandemia da Covid-19. Além da produção musical e da participação de eventos, o rapper concilia isso com a venda de produtos e auxílio de marcas parceiras, além de trabalhar como motorista de aplicativo de forma flexível.
“Os maiores desafios para conciliar tudo é o tempo e o dinheiro. Tempo para se dedicar e estudar. Para praticar o Rap tem que ter um arsenal de palavras, ler muito, se atualizar, e ficar atento nas coisas que acontecem no mundo. E dinheiro principalmente para se locomover para outros países. Já perdi competições em vários países no exterior por conta da falta de verba. No geral, infelizmente falta apoio e falta investimento para os músicos”, ponderou o MC.
No entanto, no meio das dificuldades, Enidê compareceu nos últimos anos em várias competições internacionais. Ele foi o primeiro brasileiro a conseguir representar o país em um campeonato mundial de rima de improviso. E até o momento, repetiu a dose.
O MC disputou os campeonatos mundiais no Chile em 2023 e esse ano voltou a estar no palco. Além disso, competiu em outros torneios na Bolívia e no Equador no período. E nessas competições, o brasileiro atuou com o freestyle espanhol, se tornando um especialista na prática com o idioma.
Rapper do interior de SP é o primeiro brasileiro a disputar mundial de rima de improviso
Daniel Santos
De acordo com o rapper, cada um dos campeonatos teve um sentimento diferente. No primeiro, ele se sentiu mais preparado, com a mente mais tranquila e gostou da resposta do público durante suas apresentações. Já em 2024, apesar de melhora técnica, o MC relata que a falta de apoio e patrocínios não possibilitou o descanso e o preparo necessários para a competição.
Mas todo o esforço vale a pena e é somente pela sua maior paixão: a música. “A música me possibilitou tudo. Cheguei em lugares que jamais imaginei. Tive acesso a diferentes culturas e gastronomias. A música me incentivou ao estudo, me ensinou um idioma diferente, além de ser minha válvula de escape para viver a vida de uma maneira mais leve”, completou Enidê.
O próximo compromisso do MC de Guaratinguetá é a final do circuito de batalha de rimas realizado por ele mesmo, o ‘Pancadarima’, em Caçapava, no dia 8 de setembro. Esse circuito, aberto ao público, garante vagas para o ‘Red Bull Francamente’, uma das maiores batalhas de rimas do país.
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