
Num mundo onde a pressa virou rotina e o barulho interno não dá trégua nem na hora de dormir, cresce um aliado silencioso — e cheio de agulhas fininhas — para crianças e adolescentes diagnosticados com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Sim, estamos falando da acupuntura.
Aquela prática milenar que muitos ainda associam só a dor nas costas e crises de enxaqueca agora ganha espaço nas terapias complementares voltadas para o equilíbrio emocional e neurológico da criançada mais elétrica da sala de aula.
O que é TDAH, afinal?
Antes de espetar qualquer coisa, é bom entender o terreno. O TDAH é aquele turbilhão mental que combina falta de atenção, impulsividade e hiperatividade. A criança quer fazer mil coisas ao mesmo tempo, não termina nenhuma e ainda arranja tempo pra subir em móveis ou interromper qualquer conversa — tudo num intervalo de três minutos.
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Segundo o Ministério da Saúde, essa condição afeta cerca de 7,6% da população de 6 a 17 anos, tornando-se um desafio tanto para pais quanto para professores, psicólogos e pediatras. E é aí que a acupuntura começa a furar bolhas de preconceito e se infiltrar, sem alarde, como uma alternativa promissora.
Acupuntura: tradição com foco no futuro
Derivada da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), a acupuntura é tudo menos nova. São milênios de prática em busca de equilíbrio entre yin e yang, qi (energia vital) e os sistemas do corpo. Mas não se engane: apesar do jeitinho zen, a ciência moderna está de olho.

Segundo o Dr. Sidney Brandão, pediatra e presidente do Colégio Médico de Acupuntura de São Paulo, a MTC oferece uma lente diferente para entender as fases da infância e adolescência. “Cada um é um. Tratar o indivíduo como um todo é mais do que um bordão: é fundamento”, afirma o médico, com a serenidade de quem já viu de tudo no consultório.
Agulhas que acalmam o turbilhão
E como a acupuntura ajuda exatamente no TDAH? Não se trata de “curar” o transtorno, mas de regular o caos. Estudos mostram que os pequenos com TDAH frequentemente apresentam um sistema nervoso simpático acelerado — aquele responsável por colocar o corpo em estado de alerta, como se um leão estivesse sempre à espreita.
A boa notícia? Agulhas estrategicamente colocadas em pontos específicos do corpo ajudam a modular esse sistema, promovendo relaxamento, foco e controle emocional. Ainda por cima, há indícios de que a acupuntura regula a produção de dopamina e serotonina — os “neurotransmissores da paz interior” — essenciais para atenção e estabilidade emocional.
E tem mais: ao reduzir a ansiedade, estimular a liberação de endorfinas e melhorar o sono, a acupuntura vira uma aliada poderosa no combate aos efeitos colaterais emocionais do TDAH, como frustração, irritabilidade e até mesmo distúrbios do sono.
Equilíbrio é tudo, até no fígado emocional
Na MTC, emoções e órgãos são dançantes parceiros de baile. E, segundo o Dr. Sidney, os surtos emocionais tão comuns nos pequenos com TDAH muitas vezes estão ligados ao sistema do “GAN” — o fígado. “É nessa fase, por volta dos sete anos, que esse sistema está mais ativo. O adolescente começa a tomar decisões com paixão. É como torcer pelo time do coração: intensidade pura.”
Medicina integrativa: nem só agulhas, nem só remédio
Hoje, o tratamento tradicional do TDAH ainda é fortemente baseado em medicamentos como a famosa Ritalina, além de acompanhamento psicoterapêutico. Mas cada vez mais, pais e profissionais enxergam na acupuntura uma aliada que não compete com a medicina ocidental — soma.
“Acupuntura e medicamentos não são inimigos. Pelo contrário, andam muito bem juntos quando bem indicados”, diz o Dr. Sidney. A chave está na integração: combinar estratégias, ajustar rotinas, respeitar o tempo e o temperamento de cada criança.
E pra quem ficou com a pulga atrás da orelha… ou a agulha na dúvida
Antes de sair marcando consulta, vale lembrar: acupuntura é coisa séria. Procure sempre profissionais médicos acupunturistas credenciados. E sim, as agulhas são esterilizadas, mínimas e, na maioria das vezes, indolores. Nada de filme de terror chinês: o que se busca aqui é o bem-estar, não a tortura.
No fim das contas, o TDAH não tem fórmula mágica — mas a acupuntura, com sua proposta de olhar o ser humano por inteiro, pode ser uma bela ferramenta nessa construção. Afinal, quando o mundo gira rápido demais, talvez seja nas picadas suaves que mora a pausa que tanta gente precisa.
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