Novo grupo sanguíneo é revelado por cientistas britânicos: saiba como isso impacta a medicina

O grupo MAL não é apenas uma nova sigla — é um símbolo da persistência científica e da capacidade humana de ir além – iStock/kentarus

 Em um marco histórico da hematologia moderna, cientistas da Universidade de Bristol e do NHS Blood and Transplant (NHSBT), no Reino Unido, anunciaram a descoberta de um novo grupo sanguíneo,  batizado de MAL.

A revelação, publicada no prestigiado periódico Blood, da Sociedade Americana de Hematologia, não é apenas mais um nome na complexa taxonomia do sangue humano — é uma porta que se abre para a medicina de precisão e a esperança de milhares de pacientes ao redor do mundo. 

Muito além de ABO e Rh: o que é o grupo sanguíneo MAL?

Durante décadas, os sistemas sanguíneos foram tratados como uma realidade quase imutável: grupos como A, B, AB, O e o fator Rh eram os pilares dos procedimentos transfusionais. Mas o sangue humano é um universo ainda em expansão — e o grupo MAL é a mais nova constelação nesse céu.

O MAL não surgiu ontem: sua pista mais antiga remonta a 1972, quando cientistas notaram algo diferente em certos pacientes. O mistério permaneceu por décadas até que, recentemente, uma equipe de pesquisadores utilizou tecnologias genéticas de ponta para identificar com precisão a presença (ou ausência) de um antígeno chamado AnWj.

Embora a esmagadora maioria da população mundial seja AnWj-positiva, a ausência desse antígeno — conhecida como fenótipo AnWj-negativo — é extremamente rara. E é justamente essa raridade que torna a descoberta tão crítica para a medicina moderna.

AnWj: o antígeno camaleônico

O AnWj é mais do que uma marca no sangue. Ele pode desaparecer em determinadas doenças, como alguns tipos de câncer, o que complica ainda mais a detecção e o tratamento. Em outras palavras, o AnWj não é apenas raro — é volátil.

“É como tentar identificar uma pessoa com base numa tatuagem que pode desaparecer sem aviso”, compara a Dra. Laura Mendes, especialista em imuno-hematologia. “A introdução de um teste genético confiável é um divisor de águas.”

Transfusões personalizadas: a promessa que se concretiza

A descoberta do MAL vem acompanhada de um novo teste genético capaz de identificar com precisão pacientes AnWj-negativos. Isso significa que, em casos de transfusão, será possível evitar reações adversas potencialmente fatais, fornecendo sangue 100% compatível — uma exigência vital para pacientes com condições sanguíneas complexas.

iStock/Pijitra Phomkham

Na prática, o impacto é direto: mais segurança nas transfusões, maior eficiência na busca por doadores raros e um salto qualitativo na medicina transfusional. “Estamos entrando na era do sangue sob medida”, destaca o Dr. Anthony Waller, hematologista do NHSBT.

Muito mais que um novo grupo: uma mudança de paradigma

Com a inclusão do MAL, o número de sistemas de grupos sanguíneos oficialmente reconhecidos pela Sociedade Internacional de Transfusão de Sangue chega a 47. Mas o número, embora impressionante, é apenas a ponta do iceberg. A verdadeira revolução está na forma como entendemos a compatibilidade, o diagnóstico e o tratamento.

Para pacientes com doenças raras, aqueles que precisam de transfusões frequentes e para os profissionais da saúde que lidam com a urgência do desconhecido, o grupo MAL representa algo valioso: clareza onde antes havia dúvida.

Um futuro mais seguro no horizonte

A ciência do sangue não para. A cada descoberta, novas camadas se desdobram, revelando a complexidade e a beleza do que circula em nossas veias. O grupo MAL não é apenas uma nova sigla — é um símbolo da persistência científica e da capacidade humana de ir além.

E, no coração dessa conquista, está a certeza de que, às vezes, salvar vidas depende de enxergar o invisível.

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