É a terceira vez que venho aqui a trabalho. Vim outras três a passeio. Roma é o tipo de cidade que não se esgota. Na última vez, fiquei dez dias e achei pouco. No início dos anos 2000, passei 45 dias aqui e saí dizendo que vi tudo. Ledo engano.
Foto: Daniel Scola/Especial
Vim mais cinco vezes e ainda não vi tudo que quero. Por isso, quero voltar mais vezes. Tem um clichê que diz assim: “Roma é um museu a céu aberto”. É a mais pura verdade. A capital italiana foi fundada em 753 antes de Cristo. A história tá em todo lugar, e a céu aberto.
Gigantismo
Roma é uma cidade gigante. Tem 2,4 milhões de habitantes e aproximadamente 800 mil veículos. Não surpreende que as ruas estejam constantemente congestionadas. É comum ver carros pequenos, com dois lugares. O espaço nas ruas é fundamental.
Com carros menores é possível estacionar em espaços exíguos. Outra característica são as motos. São milhares delas. Muitas da marca Vespa, tradicional aqui na Itália. É outra forma de encontrar vaga para estacionar com mais facilidade.
Foto: Daniel Scola/Especial
Medida polêmica
Recentemente, a prefeitura de Roma tomou uma medida drástica e polêmica para desafogar o trânsito. Criou zonas especiais na área central onde apenas veículos com autorização oficial podem circular. Muita gente reclamou, foram travados debates acalorados na imprensa. Mas não teve jeito. Apesar da polêmica, a nova regra foi imposta e minimizou os problemas do trânsito caótico de Roma.
Civilidade no trânsito
Em que pese o sério problema de tráfego, é chocante para um brasileiro ver o respeito que eles têm pelo pedestre. Ao contrário da selvageria do trânsito de cidades como Porto Alegre, aqui como pedestre usuário de bengala (uso em função de uma sequela do câncer), me sinto mais seguro.
Primeiro e mais importante: a faixa de pedestre é sagrada. O pedestre coloca o pé na faixa, o motorista para imediatamente. Uma rua importante do centro de Roma, Via Ottaviano, acabou de ser restaurada. O asfalto deu lugar a um vasto calçadão. Mais uma demonstração do quanto eles valorizam o pedestre. No site da prefeitura de Roma tem uma reportagem com o seguinte título: “Via Ottaviano ressuscita a cidade”.
Foto: Daniel Scola/Especial
Ano do jubileu
O anos de 2025 é especial para os italianos. Eles estão comemorando o jubileu – data especial da Igreja Católica celebrada a cada 25 anos. Por toda parte, se veem cartazes e obras recém-inauguradas para celebrar o ano jubilar. Também se vê aqui uma profusão de cartazes de papel, luminosos e imagens em homenagem ao papa Francisco.
Diferenças entre 2013 e 2025
Em 2013, havia 105 cardeais aptos a votar, cinco deles brasileiros. Hoje, 133. O brasileiro mais cotado em 2013 para ser papa era o cardeal dom Odilo Scherer, que agora volta a ter o nome cogitado. Na época, outro cardeal brasileiro era uma espécie de braço direito de Francisco, o gaúcho dom Cláudio Hummes (morto em 2022).
Pode ser mais ágil
O conclave anterior ocorreu para um substituto do papa que havia renunciado. Este, ao contrário, é para eleger o substituto de um papa que morreu. Por isso, desconfio que será um processo mais ágil, dado que os cardeais já se preparavam para a escolha desde quando o papa Francisco adoeceu, em março.
Aproximação
Por outro lado, muitos cardeais não se conhecem. O conclave será uma chance para eles se aproximarem.