São Sebastião do Caí vive dias históricos com a celebração de seus 150 anos de emancipação. A programação, que iniciou no dia 30 de abril, mobiliza a cidade com eventos que resgatam tradições, valorizam a cultura local e fortalecem o sentimento de pertencimento da comunidade. O clima é de festa e emoção, após um ano marcado por superações e reconstrução depois da maior catástrofe climática da história do Rio Grande do Sul, que afetou fortemente o município.
Foto: Gabriel Stöhr/GES Especial
A abertura oficial foi marcada pela escolha da nova corte da 23ª Festa da Bergamota e das Flores. Em uma noite de grande público no Ginásio A do Parque Centenário, Gabriela Azeredo foi eleita rainha, ao lado das princesas Lunna Rocha e Jade Dutra.
No feriado do Dia do Trabalhador, em 1º de maio, o Encontro de Carros Antigos reuniu apaixonados por automóveis no Parque Centenário. À noite, o espetáculo Rio de Lembranças, Berço de Gerações encantou o público no Cais do Porto com uma mistura de teatro, música e dança que contou a trajetória da cidade. A distribuição de uma cuca gigante de 150 metros, feita pelas comunidades, reforçou o espírito de união.
A sexta-feira foi dedicada às escolas, com apresentações artísticas e culturais organizadas por alunos da rede municipal. À noite, no Parque Centenário, o riso ficou por conta do humorista Badin, o Colono, seguido por uma sequência de shows de grupos de pagode formados por músicos da cidade.
Caminhada histórica e abertura da safra
Neste sábado pela manhã, moradores participaram de um passeio histórico pelas ruas centrais do Caí. A atividade, guiada pelo professor Caio Fernando Flores Coelho, apresentou pontos marcantes da história do município. Em seguida, ocorreu a cerimônia simbólica da abertura da safra da bergamota, fruta símbolo da cidade, ao som da bandinha típica Lancaster.
Foto: Gabriel Stöhr/GES Especial
Para o prefeito João Marcos Duarte Guará, a caminhada e traduz o espírito das comemorações, que é valorizar a história do município. “A ideia é resgatar esse pertencimento. Mostrar a história do município, para que mais pessoas conheçam. São Sebastião do Caí é berço de várias cidades, e esse é o primeiro passo para despertar o turismo e valorizar esse potencial que estava adormecido”, afirmou.
A aposenta Zuleika Maria Hillesheim, de 75 anos, participou da caminhada histórica. Moradora de São Sebastião do Caí desde os 8 anos, ela representa o artesanato no Conselho Municipal de Cultura e integra o coral da igreja. “Eu amo essa cidade. Moro aqui há muito tempo e faço questão de estar presente nas atividades. O diferencial daqui são as pessoas e a hospitalidade que oferecem”, afirmou.
Segundo ela, mesmo nos dias mais difíceis, o jeito acolhedor do povo caiense faz diferença. “Às vezes, tu não tá num dia tão bom, mas sai na rua, recebe um ‘bom dia’ e um sorriso, e já melhora. Esse carinho contagia. É isso que me faz ter orgulho de morar aqui”, disse Zuleika.
Henrique Duarte da Silva, de 21 anos, participou da caminhada com a mãe, Viviane. Para ele, a atividade foi uma oportunidade de aprendizado. “É legal poder conhecer melhor a cidade. Eu nasci aqui e não sabia de muitas dessas histórias. Foi uma experiência diferente, que faz a gente se sentir mais conectado com o lugar onde vive”, contou Henrique.
Viviane, de 47 anos, reforçou a importância do momento, especialmente após os desafios enfrentados pela cidade no último ano. “Depois de tudo que passamos com as cheias, é muito bom ver o povo sorrindo de novo. A autoestima voltou. Relembrar a história é essencial, principalmente agora. Precisamos valorizar nossas raízes e lembrar da força do povo que construiu essa cidade”, destacou.
Durante a abertura da safra, o prefeito Guará destacou a importância da agricultura familiar. “Nosso município é forte na indústria e no comércio, mas também é agrícola. Mostrar a bergamota, nossa fruta símbolo, é valorizar essa força produtiva da cidade”, disse.
“Há um ano estávamos vivendo a maior tragédia da nossa história. Hoje, apesar das fragilidades que ainda enfrentamos, estamos vivendo um momento de reconstrução e autoestima. Não podemos olhar só para as dificuldades. A cidade precisa seguir em frente e é isso que estamos fazendo”, completou o prefeito.
Foto: Gabriel Stöhr/GES Especial
Antônio Ernesto Soares da Cruz, de 67 anos, produtor de bergamota tipo murcote na localidade de Chapadão, falou sobre o peso da última enchente, e destacou a força do povo local para se reerguer. Ele esteve presente na abertura da sofra, quando também ocorreu um desfile de tratores.
“Foi um período muito triste. Em alguns pontos, a água passou dos dois metros. Mesmo sem ser atingido, vi gente que perdeu tudo. Isso abalou a cidade”, lembrou.
Apesar dos desafios, ele conta que a produção não parou. “Tinham medo de que a falta de abelhas, por causa da enchente, atrapalhasse a safra. Mas graças a Deus, tivemos uma ótima colheita, até melhor que em outros anos. Isso mostra a força do nosso povo e da agricultura familiar, que não se entrega nunca”, comemorou o produtor.
Programação continua
A festa ainda não terminou. Neste sábado à noite, o Parque Centenário volta a receber o público com diversas atrações musicais. No domingo, a Caminhada dos 150 anos vai encerrar a programação com uma grande celebração pelas ruas da cidade. Logo depois, o palco será tomado pela segunda edição do Som Livre Cahyfestival, com atrações locais e regionais.
Restante da programação no Parque Centenário
Sábado (3)
- 9 horas – Passeio Histórico de São Sebastião do Caí
- 11 horas – Abertura da Safra da Bergamota; Bandinha Típica Lancaster
- 14 horas – Festa de Arromba
- 16 horas – Passeio de carretas16h30min – Grupo Gaudérios do Vale
- 18 horas – Churrasco amigo
- 19 horas – Fandango com Paulo Costa
- 21h30 – Grupo Pontaço
- 23 horas – OFICIALBR – Tributo Charlie Brown Jr.
Domingo (4)
- 9 horas – Caminhada dos 150 anos
- 10 horas – 2ª Edição Som Livre Cahy Festival
- 13h30 – Taiana Silva e Banda
- 15h30 – Cassius Prado
- 17 horas – Glê Duran
- 19 horas – Brilha Som
- 21 horas – Banda Pandora