A partir do segundo semestre de 2025, 100 escolas estaduais de São Paulo adotarão o modelo cívico-militar, conforme anunciado pelo governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) na terça-feira, 29.
O plano inicial era implementá-lo apenas em 2026, mas a data foi antecipada. A medida, que visa uma gestão mista entre civil e militar, traz mudanças significativas para o cotidiano escolar.
O que é o modelo cívico-militar?
O modelo cívico-militar, adotado em outras partes do Brasil, faz parte do Projeto Complementar 1.398, sancionado pelo governador do estado de São Paulo em maio de 2024.
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A medida inclui a contratação de policiais militares aposentados para atuarem nas escolas como monitores e “responsáveis pela disciplina”.
Esses profissionais trabalharão desarmados e terão a missão de reforçar a segurança e promover atividades extracurriculares voltadas à cidadania e à ética.
O que muda nas escolas que vão adotar o modelo?
- Monitores
É previsto que cada unidade escolar tenha ao menos um policial militar da reserva, embora o número exato de monitores por escola ainda deva ser definido em resolução oficial.
Terá um processo seletivo para escolher os PMs, responsabilidade da Seduc-SP em parceria com a Secretaria da Segurança Pública (SSP). De acordo com o texto do projeto, os militares atuarão como prestadores de tarefa por tempo determinado, que não poderá ultrapassar cinco anos.
Além das atividades de segurança, os PMs vão participar do desenvolvimento de atividades cívico-militares, com destaque para o “Projeto Valores”, que abordará ética, cidadania e direitos e deveres do cidadão. A carga horária semanal será de duas horas-aula por turma.
Os alunos também terão aulas sobre a estrutura e funcionamento do Executivo, Legislativo e Judiciário. Ainda conforme a resolução publicada em junho pelo governo estadual, os policiais ensinarão, por exemplo, a diferença entre as funções dos representantes políticos, incluindo vereadores, deputados e presidente.

- Uniformes
Os estudantes das escolas cívico-militares deverão usar uniformes específicos, que ainda estão sendo definidos pela Secretaria da Educação.
- Apoio às escolas em regiões vulneráveis
O governo paulista justifica a implementação do modelo em escolas situadas em áreas de maior vulnerabilidade social, com a expectativa de que a presença dos militares contribua para a melhoria do ambiente escolar.
Já escolas que oferecem aulas noturnas ou atendem a grupos específicos, como comunidades indígenas ou quilombolas, não farão parte da mudança.
Críticas ao modelo
O modelo tem gerado polêmica e críticas. O Ministério da Educação (MEC) já havia suspendido o Programa Nacional de Escolas Cívico-Militares (Pecim), argumentando que o foco da segurança nas escolas não deveria recair sobre forças militares, mas sim sobre políticas sociais.
Especialistas também questionam a eficácia do modelo para resolver os problemas educacionais de escolas em regiões vulneráveis e apontam riscos de adoção de práticas autoritárias ou de doutrinação.
Constitucionalidade questionada
Em 2024, a adoção do Programa das Escolas Cívico-Militares (ECM) em São Paulo foi colocada em debate. Em junho, o Ministério Público Federal o considerou “inconstitucional”, alegando que ele não está previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
O governador Tarcísio defendeu o projeto no Supremo Tribunal Federal, argumentando que, diferente do serviço militar obrigatório, as escolas cívico-militares têm foco na formação educacional “sob direção pedagógica dos mesmos profissionais da educação que atuam nas demais escolas estaduais”.
No fim de novembro, o ministro Gilmar Mendes reverteu uma decisão anterior do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e permitiu que o governo estadual prosseguisse com o programa.
Apesar das controvérsias, o governo de São Paulo segue com o plano, que foi aprovado para 132 escolas pela comunidade escolar (pais, professores e alunos). A medida será implementada gradualmente.