Junta de Burkina Faso diz ter frustrado plano para atacar governo e acusa militares exilados

As autoridades militares de Burkina Faso anunciaram na segunda-feira (21) que desmantelaram o que classificaram como um “grande complô em preparação” para desestabilizar o país e “semear o caos total”. Segundo o governo, os idealizadores do plano estariam na vizinha Costa do Marfim, onde, de acordo com os militares, vivem ex-integrantes das Forças Armadas burquinenses envolvidos na articulação. As informações são do site The Defense Post.

“O meticuloso trabalho do serviço de inteligência revelou um grande complô sendo preparado contra o nosso país, cujo objetivo final era semear o caos total”, declarou o ministro da Segurança, Mahamadou Sana, em comunicado lido na televisão estatal.

A autoridade também afirmou que a operação conspiratória tinha como meta realizar, na última quarta-feira (16), um ataque ao palácio presidencial de Burkina Faso, executado por um grupo de soldados recrutados pelos supostos inimigos do governo.

Presidente interino de Burkina Faso, Ibrahim Traoré (Foto: Alexei Danichev/kremlin.ru)

Ainda segundo Sana, os mentores da ação estariam todos fora do território burquinense, especificamente na Costa do Marfim. Ele citou nominalmente dois ex-oficiais do exército, o major Joanny Compaore e o tenente Abdramane Barry, apontados como responsáveis por coordenar o plano.

As acusações surgem após a prisão, na semana passada, de pelo menos uma dúzia de militares, entre eles dois oficiais, suspeitos de participar da tentativa de desestabilização. A informação foi confirmada por fontes de segurança ouvidas pela agência AFP, que relataram a detenção dos militares acusados de conspirar contra o governo liderado pelo capitão Ibrahim Traoré.

Tomada de poder

Burkina Faso convive desde 2015 com a violência de grupos terroristas, insurgência que levou a um conflito com as forças de segurança e matou milhares de pessoas. Facções armadas lançam ataques ao Exército e a civis, desafiando também a presença de tropas estrangeiras.

Os ataques costumavam se concentrar no norte e no leste, mas se alastraram por todo o país, com quase metade do território nacional fora do controle do governo central. Assim, Burkina Faso superou Mali e Níger como epicentro da violência jihadista na região.

Houve um período de relativa calmaria, até que a violência aumentou após a tomada do poder no país por uma junta militar em janeiro de 2022. Oficiais descontentes derrubaram o presidente eleito Roch Marc Christian Kabore, que enfrentava protestos pela forma como combatia a sangrenta insurgência jihadista. Em setembro daquele ano, um segundo golpe levou a nova mudança no poder, com Traoré assumindo o governo central.

A instabilidade faz crescer o problema da insurgência. Para especialistas, os extremistas aproveitam a divisão pública no país, situação que se tornou ainda mais delicada após a França acatar um pedido do governo central burquinense e retirar suas tropas da nação africana. Paris mantinha até 400 membros de suas forças especiais por lá, parte da Operação Barkhane de combate ao extremismo no Sahel.

A situação gerou também uma crise humanitária que forçou mais de dois milhões de pessoas a fugirem de suas casas, com milhares de mortes ligadas ao conflito. Estima-se que quase cinco milhões de pessoas sofram de insegurança alimentar em Burkina Faso, três milhões delas no estágio agudo.

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