A história de Claudiomiro Pereira de Sousa, ou Mimo, como é conhecido por todos em Milagres, interior do Ceará, desafia qualquer roteiro de superação comum. Agricultor de profissão, e boleiro por vocação, ele é o nome por trás de um dos capítulos mais inspiradores do futebol amador brasileiro.
Mimo brilhou nas décadas de 1980 e 1990 nos campos de terra batida do interior cearense. “Joguei em uns 46 times. Na década de 90, fui campeão por uns 15”, revelou certa vez em entrevista a uma emissora de TV, como quem enumera passagens de uma vida comum. Mas a dele está longe de ser.
Em 1994, no auge de sua forma, Mimo sofreu um grave acidente de carro ao voltar para casa durante o carnaval, comemorando mais um título com um amigo. O resultado: a amputação de uma das pernas. Para muitos, seria o fim. Para ele, no entanto, foi o início de um novo jogo.
Do luto à luta: uma nova versão de Mimo nasce
Dois anos depois do acidente, Mimo voltou aos gramados. Sim, com uma perna amputada. E foi aí que a lenda começou a se firmar. Mas a vida, como o esporte, não alivia: durante uma partida em 1996, outro golpe — quebrou a perna restante e ficou sem andar por três meses.
“Jogando um campeonato aqui na Gameleira, jogo valendo mesmo… subi pra cabecear e, na queda, o cara pisou na minha perna. Quebrou. O mais difícil foi isso. Quando perdi uma, fiquei com a outra. Mas ali… pensei que não voltava mais. Passei um tempo de cadeira de rodas”, relembrou ainda na reportagem.
E como nas melhores histórias do esporte, a aposentadoria foi adiada — ou melhor, cancelada. Mimo voltou. E voltou gigante. Em Milagres, virou sinônimo de persistência. Nos campos, nos documentários, nas conversas de fim de tarde — ele é o milagre vivo da bola.
Do campo para as telonas
A jornada improvável de Claudiomiro ganhou forma nas telas com o documentário “Mimo: o Milagre de Milagres”, lançado em 2022. A obra, dirigida por Rafael Luis Azevedo e produzida por Larissa Cavalcante, com fotografia de Iago Monteiro e trilha sonora de Wesdley Vasconcelos, eterniza a história que já era épica nos bastidores do futebol de várzea. A coprodução é assinada pelo projeto Verminosos por Futebol em parceria com a José Media Haus.
A saga de Mimo é mais do que um retrato de superação — é uma ode à resiliência, um golaço contra os limites impostos pela vida, e uma lembrança poderosa de que, às vezes, o futebol salva.
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