A possibilidade de interdição ética no Hospital Pronto Socorro de Canoas (HPSC) aumenta a cada dia, alerta o Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers). A medida consiste na suspensão do funcionamento da casa de saúde, que atualmente opera no Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG).
Foto: Taís Forgearini/GES-Especial
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“Não queremos um hospital faz de conta. A população e os médicos não podem ser feitos de bobos. A interdição ética hospitalar ocorre quando não se está prestando um bom serviço, ou seja, quando o risco é maior no atendimento. Por exemplo, se uma pessoa foi baleada e naquele hospital não há condições o suficiente de atendimento, o risco é potencializado pela falta de insumos e profissionais”, esclarece o presidente do Cremers, Eduardo Trindade.
Diante do indicativo de interdição, na última quinta-feira (17), a Prefeitura de Canoas, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), entregou a documentação contendo resposta às medidas emergenciais solicitadas pelo Cremers. O Conselho cobrou soluções urgentes para a falta de insumos, para as escalas médicas incompletas e para o atraso nos salários dos médicos contratados em regime de Pessoa Jurídica (PJ).
“Não foram apresentadas soluções, somente medidas paliativas de curto prazo, que durante o feriado prolongado não foram cumpridas. O hospital ficou sem cirurgião vascular e traumatologista/ortopedista neste fim de semana. Um hospital que atende casos de alta complexidade e é referência em traumatologia não pode continuar sendo negligenciado. O HPSC não está recebendo a devida importância por parte da administração municipal”, diz.
Por meio de nota, a Prefeitura de Canoas informou que “durante o feriado de Páscoa e Tiradentes, não houve falta da especialidade de traumatologia e ortopedia, que contam com profissionais celetistas. A especialidade vascular é complementar, com o Hospital Universitário realizando a retaguarda do serviço”, diz o comunicado.
Sobre o atraso, de três meses, dos salários de médicos PJs e a falta de insumos, a administração municipal afirmou que “os pagamentos de janeiro já foram realizados e não há falta de insumos, que foram comprados antecipadamente.”
O presidente do Cremers reforça que a interdição é considerada o último recurso.
“Chegamos ao limite. Faremos uma nova vistoria nesta semana. Se as falhas persistirem, será feita a interdição, ou seja, o fechamento do HPSC [no HNSG]. Nenhum médico poderá atender novos pacientes, somente os que já estão no local até que eles sejam realocados para outros hospitais. É uma medida drástica, mas necessária, caso não haja ações contundentes da gestão”, ressalta Trindade.