Entenda a polêmica de monopólio envolvendo o Google no Japão

A polêmica de monopólio envolvendo o Google no Japão é algo que tem gerado debates intensos nos setores de tecnologia, direito e economia. Nesse sentido, trata-se de um episódio marcante na história recente das big techs, que coloca em questão as práticas comerciais da gigante estadunidense em território japonês. 

Dessa forma, a decisão do governo do país, por meio da Comissão de Comércio Justo do Japão (Japan Fair Trade Commission – JFTC), de ordenar que o Google cesse certas ações consideradas anticoncorrenciais é inédita no país e pode desencadear efeitos significativos no mercado global de tecnologia.

Então, neste conteúdo, exploraremos a polêmica de monopólio que envolve o Google no Japão e também explicaremos os motivos dela. Juntamente com isso, iremos pensar sobre os possíveis desdobramentos da mesma, bem como refletir se outros países podem adotar medidas parecidas com a japonesa. Ademais, listaremos algumas lições que podem ser aprendidas com o contexto.

Qual a polêmica de monopólio que envolve o Google no Japão?

A polêmica de monopólio começou a ganhar força após uma investigação que foi iniciada no ano de 2023 pela JFTC, responsável por zelar pela livre concorrência no Japão. No dia 15 de abril de 2025, a comissão concluiu que o Google teria imposto cláusulas contratuais consideradas abusivas a fabricantes de smartphones que utilizam o sistema Android, com o objetivo de dificultar o uso de mecanismos de busca concorrentes.

A imposição de cláusulas restritivas

Segundo a comissão, o Google exigia que os fabricantes de dispositivos móveis que possuem o sistema operacional Android incluíssem, obrigatoriamente, o navegador Google Chrome e a loja Google Play em seus aparelhos. 

Em conjunto a isso, os aplicativos deveriam ser posicionados em locais de destaque na tela inicial dos dispositivos. Ou seja, tais exigências eram responsáveis por reduzir a visibilidade de outros navegadores e buscadores, o que limitava a escolha do consumidor.

A medida inédita contra uma big tech

A decisão do governo japonês é histórica. Em outras palavras, é a primeira vez que uma das chamadas big techs estadunidenses, como por exemplo Google, Apple, Facebook (Meta), Amazon e Microsoft recebe uma ordem formal de “cessar e desistir” de práticas comerciais em solo japonês. Vale ressaltar que a determinação implica a interrupção imediata dessas práticas, sob pena de multas e outras sanções.

Do mesmo modo, a Japan Fair Trade Commission reforça que tais imposições violam diretamente a legislação antimonopólio vigente no Japão, ao prejudicar a livre concorrência e o acesso equitativo ao mercado por empresas menores.

Quais os motivos dessa polêmica?

O centro da polêmica de monopólio reside no modelo de negócios que o Google adotou com o intuito de consolidar sua presença dominante no ecossistema Android. Embora o sistema operacional seja de código aberto, a empresa detém o controle dos principais aplicativos e serviços que integram sua funcionalidade, como o Google Play e o Chrome.

Condições comerciais favorecendo o Google

Desde julho de 2020, de acordo com a JFTC, o Google estabeleceu contratos com diversos fabricantes japoneses de smartphones. Em tais acordos, era estipulado que o navegador Chrome e a loja Google Play deveriam ser pré-instalados e exibidos com destaque nos aparelhos. Para garantir a aceitação dessas condições, a empresa oferecia incentivos financeiros aos fabricantes.

Mas, esses estímulos eram condicionados a regras como por exemplo:

  • Manter o Chrome como navegador padrão;
  • Não instalar navegadores ou mecanismos de busca concorrentes;
  • Garantir a exclusividade dos serviços do Google nos dispositivos.

Acordos com ampla abrangência

A investigação revelou que, até o mês de dezembro de 2023, pelo menos seis grandes fabricantes de smartphones, que representam aproximadamente 80% do mercado de celulares Android vendidos no Japão, mantinham contratos com o Google nos moldes que foram descritos acima.

Essa prática gerava um ciclo de dependência entre os fabricantes e a big tech. Sendo assim, isso limita severamente a competitividade de outras empresas de tecnologia e diminui a diversidade de opções disponíveis para os consumidores do Japão.

A polêmica de monopólio se deve ao fato de que o Google firmava acordos com empresas japonesas de celular para garantir exclusividade de serviços.
A polêmica de monopólio se deve ao fato de que o Google firmava acordos com empresas japonesas de celular para garantir exclusividade de serviços. | Foto: DALL-E 3

Possíveis desdobramentos dessa polêmica

A decisão da Japan Fair Trade Commission visa não apenas coibir os abusos que já foram cometidos. Paralelamente, também tem o objetivo de criar um ambiente regulatório que seja mais equilibrado e transparente para o futuro do mercado digital japonês.

Obrigação de encerrar práticas anticoncorrenciais

O Google agora está legalmente obrigado a encerrar qualquer conduta que infrinja as regras antitruste do Japão. Isso inclui não apenas os contratos existentes com os fabricantes, mas também qualquer outra iniciativa que imponha restrições à concorrência de forma direta ou indireta.

Criação de diretrizes internas

Em conjunto ao fato de cessar as práticas abusivas, a gigante da tecnologia deverá criar diretrizes internas de conformidade com a legislação japonesa, de modo a evitar novos conflitos com a regulação local. Tais diretrizes deverão ser submetidas à JFTC e revisadas periodicamente.

Possibilidade de sanções e reações internacionais

Caso o Google não cumpra a ordem do órgão do Japão, a empresa poderá enfrentar multas que são significativas. Ainda não se divulgou oficialmente o valor das penalidades, mas sabe-se que o país pretende usar a medida como exemplo para fortalecer sua postura antimonopólio.

O Google classificou a decisão como “lamentável” em um comunicado oficial, pois argumenta que seus investimentos no Japão têm como foco o incentivo à inovação. Até o momento, a empresa não confirmou se recorrerá judicialmente.

Conexão com investigações internacionais

Essa ação do governo japonês ocorre em paralelo a investigações semelhantes em outras jurisdições. Nos Estados Unidos, por exemplo, um tribunal apontou em 2024 que o Google se beneficiou de sua posição dominante para limitar a concorrência. Tal processo é algo que ainda está em fase de apelação. 

Já na Europa, a União Europeia já impôs várias sanções à empresa por algumas condutas semelhantes. Em tal sentido, a articulação entre os órgãos reguladores dos diferentes países, inclusive com troca de informações, está fortalecendo uma resposta global às práticas anticompetitivas das big techs.

Outros países podem adotar medidas parecidas com a polêmica de monopólio do Japão?

A repercussão internacional da polêmica envolvendo o Google no Japão é um indicativo de que outros países podem seguir o mesmo caminho regulatório. Logo, a decisão japonesa, que questiona práticas anticompetitivas da big tech, serviu de alerta global sobre a necessidade de regulamentações mais rígidas para preservar a concorrência no ambiente digital.

Cenário nos Estados Unidos e Europa

Na União Europeia, as autoridades já haviam exigido que o Google disponibilizasse opções de buscadores concorrentes nos dispositivos Android. Além disso, a empresa enfrentou multas bilionárias por práticas semelhantes às observadas no Japão, incluindo favorecimento de seus próprios serviços em detrimento de concorrentes.

Nos Estados Unidos, a crescente pressão por uma regulação mais rígida sobre as big techs pode levar a medidas similares, especialmente se o processo judicial em andamento resultar em condenações por práticas monopolistas.

Impacto da polêmica na Ásia e América Latina

Outros países asiáticos com mercados tecnológicos robustos, como por exemplo Coreia do Sul e Índia, já demonstraram preocupação com a concentração de poder nas mãos de poucas empresas. 

Em tal sentido, a decisão japonesa pode inspirar essas nações a intensificarem suas investigações e desenvolverem legislações mais rigorosas. Finalmente, na América Latina, o tema também começa a ganhar força, especialmente no Brasil, onde o Congresso já debate propostas voltadas à regulação das plataformas digitais.

Lições a aprender com essa polêmica

A polêmica de monopólio do Google no Japão oferece diversas lições importantes, tanto para governos quanto para empresas e consumidores.

A importância da regulação no setor digital

A atuação firme da JFTC demonstra que é possível e necessário regular o setor de tecnologia, mesmo diante da força econômica das big techs. Em outras palavras, a regulação garante um mercado mais justo, onde pequenas e médias empresas também possam competir.

A necessidade de transparência nos acordos comerciais

Os contratos que o Google firmou com os fabricantes de smartphones mostram como cláusulas aparentemente técnicas podem ter um impacto profundo na competitividade. A exigência de transparência e auditoria desses acordos pode ser uma ferramenta eficaz no intuito de evitar abusos.

O papel do consumidor na pressão por diversidade

Apesar de as práticas do Google terem limitado as opções, os consumidores também têm um papel importante ao pressionar por mais diversidade de escolha nos dispositivos. Tal pressão pode influenciar tanto os fabricantes quanto as próprias big techs a adotarem condutas mais éticas.

Em resumo, a polêmica de monopólio que envolve o Google no Japão representa um marco na tentativa global de regular o poder das gigantes tecnológicas e garantir um ambiente digital mais justo e competitivo. Dessa maneira, o caso evidencia a urgência de medidas coordenadas entre países para enfrentar práticas anticoncorrenciais que afetam não apenas os mercados locais. Além disso, atingem também a economia digital global como um todo.

Quer se manter informado sobre os próximos capítulos dessa polêmica e entender como ela pode impactar o futuro da tecnologia no mundo? Acompanhe conteúdos sobre o tema e fique por dentro das atualizações sobre essa e outras polêmicas que moldam o mercado digital!

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