Muitas pessoas apreciam — e até precisam — de momentos a sós. Estar sozinho pode ser revigorante, favorecer o autoconhecimento e promover o bem-estar emocional. Mas até que ponto essa solitude continua saudável? Um estudo recente publicado no Journal of Research in Personality, conduzido por cientistas da Universidade do Arizona, revela uma linha tênue entre estar sozinho e se sentir solitário, especialmente com o passar dos anos.
Estar só não significa estar solitário — até certo ponto
A pesquisa investigou como o tempo passado sozinho se relaciona com os sentimentos de solidão e trouxe descobertas surpreendentes: momentos de solitude só começam a se correlacionar fortemente com a solidão quando a pessoa passa mais de 75% do tempo sozinha.
De acordo com David Sbarra, professor de psicologia e autor sênior do estudo, “estamos aprendendo cada vez mais sobre a importância das conexões sociais para a saúde humana, e parece que a solidão e o isolamento são conceitos relacionados, mas distintos”.
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Como o estudo foi conduzido
Para garantir a precisão das informações, os cientistas utilizaram um método inovador de análise comportamental. Os participantes do estudo usaram um aplicativo de smartphone que gravava 30 segundos de som a cada 12 minutos, com o devido consentimento. A tecnologia permitiu monitorar, de forma prática e realista, a atividade social dos indivíduos ao longo do dia.
Os dados mostraram que, em média, os participantes passaram cerca de 66% do tempo sozinhos, mas apenas aqueles que ultrapassaram a marca de 75% do tempo em solitude relataram altos níveis de solidão. Ao se observar o grupo como um todo, houve apenas uma sobreposição de 3% entre solitude e solidão, evidenciando que são experiências diferentes — principalmente entre os mais jovens.
Diferenças entre jovens e idosos: o papel da idade na percepção da solidão
Entre pessoas mais jovens, os pesquisadores descobriram que estar sozinho e sentir-se solitário são fenômenos distintos. Jovens podem sentir solidão mesmo cercados de pessoas ou podem aproveitar o tempo sozinhos sem se sentirem isolados. Isso indica uma maior flexibilidade emocional e social nessa faixa etária, com maior controle sobre o próprio estado emocional.
Por outro lado, entre os idosos, o cenário é diferente. O estudo identificou uma forte associação entre o tempo passado sozinho e o sentimento de solidão nessa população. Isso significa que, para os mais velhos, a falta de companhia pode ter um impacto direto e mais intenso no bem-estar emocional e mental.
A importância das conexões sociais na saúde emocional
A pesquisa reforça que conexões sociais saudáveis são essenciais para a saúde mental, emocional e até física. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a solidão e o isolamento social estão ligados ao aumento do risco de doenças cardíacas, depressão, declínio cognitivo e mortalidade precoce, especialmente entre os idosos.
Para evitar esses efeitos nocivos, os especialistas recomendam:
- Manter contato regular com familiares e amigos, seja presencialmente, por videochamadas ou telefone.
- Participar de atividades em grupo, como cursos, clubes, grupos religiosos ou de voluntariado.
- Criar novas conexões sociais, principalmente durante o envelhecimento.
- Cuidar da saúde mental, reconhecendo sinais de solidão crônica ou depressão.