Representantes da Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo buscam apoio no Ministério da Cultura

Em meio à crise financeira que ameaça o futuro da Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo (OSNH), representantes da instituição estiveram em Brasília na terça-feira (1º) para buscar alternativas que garantam a continuidade do projeto. O diretor artístico da orquestra, Gustavo Müller, e o ex-secretário de Cultura de Novo Hamburgo, Ralfe Cardoso, foram recebidos pelo secretário-executivo do Ministério da Cultura, Márcio Tavares.

Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo | abc+



Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo

Foto: Divulgação

Durante o encontro, Tavares reconheceu a relevância do trabalho desenvolvido pelo Instituto Arlindo Ruggeri, responsável pela OSNH, e afirmou que o Ministério irá acompanhar de perto os esforços para viabilizar alternativas. “A gente busca soluções e apoio para essa instituição que é muito importante para a cultura do Rio Grande do Sul e do Brasil, na formação de músicos, orquestras jovens, plateias… Não só para a música clássica, mas também para a música popular. Vamos apoiar tudo o que for necessário”, declarou.

Müller reforçou o papel social e cultural da orquestra, que além de empregar músicos e técnicos da região metropolitana, desenvolve o Núcleo de Orquestras Jovens, considerado um dos projetos mais reconhecidos de formação musical do país. “Estamos tentando manter a orquestra viva. Ela é tombada como patrimônio histórico, artístico e cultural de Novo Hamburgo, e transforma a realidade de muitos jovens e famílias da cidade”, disse.

Ralfe Cardoso, Márcio Tavares e Gustavo Müller | abc+



Ralfe Cardoso, Márcio Tavares e Gustavo Müller

Foto: Divulgação

“Estamos trabalhando na elaboração de projetos para buscar recursos via Lei Rouanet. Como até o ano passado éramos mantidos pela Prefeitura, não tínhamos projetos deste tipo. Mas estamos esperançosos que iremos conseguir e poder, em breve, retomar as atividades. Há um otimismo muito grande em relação a isso”, acrescentou o diretor artístico.

O ex-secretário Ralfe Cardoso destacou ainda o alcance social das ações do Instituto. “Levamos música a locais onde muitas pessoas não têm acesso ao teatro ou à compra de um instrumento. Os filhos de trabalhadores podem participar dos projetos, recebem os violinos, têm acesso à formação artística. Esse é um trabalho de transformação que precisa continuar. Não é dessa vez que a Orquestra irá sucumbir e certamente tem coisas boas pela frente”, declarou.

Segundo os representantes da OSNH, a ida a Brasília também foi importante para sensibilizar o governo federal sobre a urgência da situação e reforçar a necessidade de apoio institucional e financeiro para manter viva uma das orquestras mais antigas do Estado, que completa 72 anos em 2025.

Prefeitura e Instituto negociam retomada

A Prefeitura de Novo Hamburgo confirmou que está em tratativas com o Instituto Arlindo Ruggeri para viabilizar a retomada das atividades da OSNH. Segundo o Executivo, um encontro entre o prefeito Gustavo Finck e a secretária estadual de Cultura, Bia Araújo, no final de março selou o compromisso de buscar uma solução conjunta para a continuidade das atividades.

“Neste momento, Prefeitura e Instituto estão buscando equacionalizar a retomada da orquestra e trabalham em conjunto para implementar um cronograma. Foi acordado que a OSNH apresentará a planilha de custos para a Prefeitura, de modo que se faça uma avaliação e se verifique a possibilidade de estabelecer um fluxo financeiro que permita ao Município aportar recursos”, informou.

Reunião na Câmara

A busca por soluções para o financiamento da Orquestra também foi tema de uma reunião na Câmara de Vereadores de Novo Hamburgo na segunda-feira (31), com a participação de representantes do setor cultural, do Ministério da Cultura e do Executivo Municipal. Durante o encontro, Fahbricio Pereira, da Diretoria Geral de Projetos e Captação de Recursos, anunciou que a Secretaria de Educação garantiu a manutenção de sete núcleos da Orquestra Jovem, com um investimento de R$ 750 mil. Os demais núcleos, um total de 26, seguem sendo financiados via Lei Rouanet.

Müller destacou que a captação de recursos próprios trouxe R$ 600 mil para a OSNH, mas ressaltou que o montante não garante a sustentabilidade a longo prazo. Ele também criticou a falta de prioridade dada à cultura no orçamento municipal.

Já Mariana Martinez, coordenadora do Ministério da Cultura no Rio Grande do Sul, anunciou que Novo Hamburgo tem R$ 9,7 milhões destinados ao setor, sendo R$ 1,7 milhão da Lei Paulo Gustavo e repasses anuais de R$ 1,5 milhão até 2027. Além disso, o município receberá um novo Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) para ações culturais e comunitárias.

Apesar desses investimentos federais, Novo Hamburgo atualmente não está apto a receber recursos estaduais para a cultura, pois não atende aos requisitos estabelecidos pelo governo do Estado. A possibilidade de uma audiência pública para discutir a situação foi sugerida pela Comissão de Educação da Câmara.

Sobre a Orquestra

A Orquestra de Sopros de Novo Hamburgo (OSNH) é uma das instituições musicais mais antigas do Rio Grande do Sul, com 72 anos de história. Fundada em 1952 pelo maestro Arlindo Ruggeri, a orquestra é composta por 34 músicos distribuídos entre os naipes de metais, madeiras, palhetas, contrabaixo e percussão.

Reconhecida como Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural de Novo Hamburgo desde 2008, a OSNH tem desempenhado um papel crucial na preservação da memória musical da região, apresentando repertórios que transitam entre as linguagens erudita e popular.

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