Pinhão já é encontrado nas estradas da Serra gaúcha; vendas devem aumentar cerca de 30%

Quem percorre a RS-115 e a RS-235 em direção a Gramado, próximo aos pórticos, já percebeu que a semente mais procurada entre o outono e o inverno já está disponível para venda, na sua forma crua e cozida. É a safra do pinhão, que teve a colheita e a permissão de comercialização desde a terça-feira, dia 1º de abril. A atividade é regulamentada via lei estadual e proíbe a retirada antes desta data, para que a fauna possa usufruir do alimento.

Colheita e venda do pinhão em 2025 já são permitidas



Colheita e venda do pinhão em 2025 já são permitidas

Foto: Fernanda Fauth/GES-Especial

Nas duas rodovias, o fruto da araucária pode ser encontrado em 11 casinhas, de trabalhadores que fazem parte da Associação dos Extrativistas e Comerciantes de Pinhão de Gramado e Canela.

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Conforme a presidente da Assecope, Rosângela da Silva, as notícias são positivas em relação à safra de 2025. O primeiro dia de vendas dela e do marido foi na quarta-feira, dia 2. “No dia 1º fomos buscar o pinhão e a safra vai ser muito boa. Esperamos que tenha turistas, um movimento bom. Porque a qualidade do pinhão está ótima. Nossa expectativa é que as vendas aumentem 30%”, afirma.

As casinhas foram revitalizadas, para ofertar comodidade aos profissionais, que ficam das 8h30 às 18 horas vendendo pinhão e mel. As melhorias ocorreram através de uma parceria com a Prefeitura de Gramado, que há três anos auxilia os comerciantes. “A administração municipal nos dá apoio, ajudam no que quebrou, nos acessos para os carros. Em parceria com o prefeito, também temos um padrão de casinhas. Todos os que são associados e regulamentados vendem em uma estrutura padrão”, coloca.

Casinhas de pinhão ficam nas estradas, na RS-115 e RS-235



Casinhas de pinhão ficam nas estradas, na RS-115 e RS-235

Foto: Fernanda Fauth/GES-Especial

Após dificuldades

2024 foi um ano difícil para os pinhãozeiros. “No ano passado deu bem menos pinhão e não tinha essa qualidade, acreditamos que devido ao tempo. A pinha dá de um ano para o outro e se nesse meio tempo dá muitos temporais ou seca a semente não se desenvolve”, pontua.

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A catástrofe climática que atingiu o Estado também afetou o pinhão mais tardio, que costuma cair entre maio e junho. Com a chuva, a semente ficou indisponível meses antes do que o normal.

“Atingiu nossa renda, que foi a zero. Atingiu nosso emocional, não tem como não se solidarizar com o próximo. Participamos de campanhas solidárias na Vila do Sol. Mas foi um ano que não tínhamos ânimo para trabalhar. Ficamos sem a semente para venda, as araucárias que não quebraram, derrubaram as pinhas em formação”, lamenta Rosângela.

“Abertura de chave de ouro”

O início da colheita e das vendas coincide com a temporada de Páscoa e um feriadão que será emendado com Dia de Tiradentes. “Será uma abertura com chave de ouro, teremos esse feriadão de cinco dias, será espetacular”, comemora a presidente.

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Semente da araucária é vendida cozida e crua



Semente da araucária é vendida cozida e crua

Foto: Fernanda Fauth/GES-Especial

A estimativa é que os vendedores fiquem nas estradas até o fim do ano. “Não ficam todos, em torno de três a quatro, pois depende da disponibilidade do pinhão.”

Preços

Quem quiser aproveitar a iguaria, encontrará o saco de aproximadamente 2 quilos de pinhão cru por R$ 25. “Mas o que mais sai é o cozido, para já sair comendo. A porção fica por R$ 15”, pontua Rosângela.

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O preço mínimo pago para o extrativista neste ano é de R$ 4,45/kg. Em supermercados, fruteiras e feiras livre, a estimativa é que fique entre R$ 12 a 16 o quilo. Algumas banquinhas da RS-235 ainda não estão comercializando, devido às obras de calçamento. “Acreditamos que até o fim desta semana encerrem e os associados comecem a vender ali. Temos também oito casinhas na RS-115”, diz.

Em São Francisco de Paula, safra deve ser maior

A Região das Hortênsias e, em especial, os Campos de Cima da Serra, se caracterizam como as maiores produtoras de pinhão do Estado. Conforme a Emater/RS-Ascar, estima-se uma colheita de mais de 600 toneladas nos municípios com maior produção, enquanto que em todo o Rio Grande do Sul, 860 toneladas são esperadas. Assim como ocorreu em anos anteriores, as projeções para este ano variam de forma significativa entre as cidades.

“Isso se deve principalmente às secas recorrentes nos últimos anos, chuvas abundantes no final do inverno e início da primavera. Como planta nativa, a espécie apresenta variações naturais de produtividade em média a cada três anos”, explica a engenheira florestal Adelaide Ramos, da regional de Caxias do Sul.

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Normalmente, em anos de colheitas regulares, São Francisco de Paula é o maior produtor do Rio Grande do Sul, com uma produção anual estimada em 120 toneladas. Para este ano, prevê-se uma produção de cerca de 100 toneladas, um crescimento de 20% em relação à safra anterior, porém ainda abaixo da produção padrão. O município conta com cerca de 160 famílias da agricultura familiar envolvidas.

Jaquirana tem previsão de colheita de 100 toneladas e 150 famílias na atividade, com um aumento na produção em relação à safra anterior na ordem de 20%; Cambará do Sul, com 100 famílias envolvidas, apresenta uma estimativa de 50 toneladas, ou seja, 20% inferior à safra do ano anterior.

O pinhão tem destaque ainda em Gramado, Canela e Nova Petrópolis, mas, devido à natureza predominantemente informal da atividade, não é possível estimar com precisão o número de famílias envolvidas e a quantidade produzida. Entretanto, conforme a presidente da associação da região, mais de 5 toneladas devem ser vendidas.

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