Após um começo de semana turbulento na área da saúde, o secretário municipal de Saúde, Eduardo Bermudez, anuncia mudanças no plano operacional do Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC). A medida contempla um novo modelo operativo para escalas médicas e compra de insumos administrados pela mantenedora da casa de saúde, o Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde (IAHCS).
Foto: Vinicius Thormann/Divulgação
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O novo modelo, ainda em processo de desenvolvimento, surge em reação às queixas de falta de médicos (em diferentes especialidades) e de insumos básicos, como gazes, luvas, antibióticos e fraldas. Na última semana, segunda-feira (31), a tensão escalonou após o então diretor técnico do HPSC, Álvaro Fernandes, afirmar, por meio de ofício, que havia “insuficiência técnica” para atendimentos de emergência e urgência devido à escala incompleta de médicos. A situação foi negada pelo IAHCS e pela Prefeitura, e o diretor foi desligado do cargo no HPSC e no Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG).
“O novo plano operativo está em estágio avançado, ele está sendo elaborado em conjunto com o IAHCS. Queremos finalizá-lo até a próxima semana. Identificamos que o modelo atual não serve mais, então o novo plano vem para corrigir eventuais falhas e garantir a adequação às demandas do HPSC”, afirma Bermudez.
O titular da pasta reconhece a necessidade de estreitamento da relação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) com os hospitais.
“Vamos ampliar a aproximação e o acompanhamento da utilização dos recursos repassados às casas de saúde. Não fazemos gestão por confiança e sim, por fiscalização.”
Segundo o secretário, a demissão de Álvaro Fernandes foi uma decisão da gestora do HPSC.
“É responsabilidade do IAHCS. A SMS foi somente comunicada. Já no HNSG, era um cargo temporário e a substituição já estava programada”, diz.
Novos diretores técnicos
Nesta quarta-feira (2), a Secretaria Municipal de Saúde confirmou os novos profissionais que ocuparão o cargo de diretor técnico. No HPSC, o nome escolhido foi o médico Sérgio Ruffini. Já no HNSG assume o cargo, Aristides Chicarolli Neto.
“A definição foi feita pelo IAHCS e pela ABC [Associação Beneficente de Canoas], que possui autonomia na gestão do HNSG”, explica Bermudez.
Conforme o titular da pasta, a responsabilidade técnica de manter as escalas médicas completas é da gestora de cada hospital.
“O HPSC recebeu a visita do CRM [Conselho Federal de Medicina]. Sobre as equipes, não temos dificuldade. Recebi a informação do IAHCS de que todos os postos foram completados, ou seja, não há falta de médicos atualmente no hospital. É dever da gestora manter a viabilidade técnica e da SMS fiscalizar.”
Redução de repasses do Programa Assistir
Criado em 2021 pelo Governo do Estado, o Programa de Incentivos Hospitalares (Assistir) reduziu os repasses de recursos estaduais aos hospitais de Canoas. De acordo com Bermudez, o impacto negativo reflete no custeio operacional das três casas de saúde da cidade, HPSC, HNSG e Hospital Universitário (HU).
“Já perdemos dois terços dos valores. Estamos recebendo R$ 3 milhões [por mês]. Antes, eram R$ 9 milhões, isso afeta diretamente as demandas de média e alta complexidade.”
Para aumentar os repasses, o secretário afirma que está estudando alternativas em conjunto com o Estado.