Neste Dia Mundial da Conscientização do Autismo, celebrado nesta quarta-feira, 2, é crucial ter em mente que o diagnóstico precoce do autismo pode fazer toda a diferença.
À Catraca Livre, o neurologista Flávio Sekeff Sallem, do Hospital Japonês Santa Cruz, explica que “quanto antes o autismo é identificado, mais cedo podem ser iniciadas intervenções que estimulam o desenvolvimento da criança, favorecendo linguagem, interação social, comportamento e autonomia.”
Isso ocorre porque o cérebro na primeira infância apresenta maior plasticidade, aumentando a eficácia das terapias.
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Então, qual é a importância do diagnóstico precoce?
Quando identificado cedo, o autismo pode ser tratado com terapias direcionadas, como fonoaudiologia, terapia ocupacional e terapia comportamental.
Essas intervenções contribuem para melhorar a linguagem, a comunicação social, o controle de comportamentos repetitivos e a autonomia.
“Além disso, reduz o estresse familiar, favorece a inclusão escolar e melhora o prognóstico a longo prazo“, explica Sallem.
O atraso no diagnóstico pode levar a:
- maior risco de atraso global de desenvolvimento;
- dificuldades de socialização já consolidadas;
- problemas de comportamento agravados;
- atraso no acesso a terapias essenciais;
- dificuldade escolar acentuada;
- impacto negativo na autoestima e na qualidade de vida.
No Brasil, de acordo com o neurologista, o acesso ao diagnóstico precoce enfrenta desafios como falta de capacitação dos profissionais da atenção primária; filas de espera longas para avaliação especializada no SUS; desigualdade regional, com poucos serviços especializados no interior; desinformação e estigma; e barreiras socioeconômicas para acesso ao setor privado.
Primeiros sinais de autismo
Os primeiros sinais podem ser identificados entre 12 e 18 meses e incluem:
- pouco contato visual;
- falta de interesse em interagir socialmente;
- dificuldade de responder ao próprio nome;
- atraso ou ausência de fala;
- brincadeiras repetitivas ou pouco imaginativas;
- hipersensibilidade a sons, luzes ou texturas;
- movimentos repetitivos (como balançar as mãos).
Como diferenciar sinais de autismo de comportamentos típicos da infância?
Muitas crianças pequenas apresentam manias ou brincadeiras repetitivas, mas o que caracteriza o autismo é a intensidade, frequência e persistência desses comportamentos, além do impacto na interação social e na comunicação.
“No autismo esses padrões tendem a ser mais rígidos e associados a outras dificuldades no contato social“, pontua o neurologista.
Como o autismo é diagnosticado?
O ideal é contar com uma equipe multiprofissional, incluindo neurologista infantil, psiquiatra, pediatra do desenvolvimento, psicólogo, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional.
“O diagnóstico formal pode ser feito, com boa confiabilidade, a partir dos 18 meses a 2 anos, mas requer acompanhamento“, afirma o especialista. Nos casos mais leves, a confirmação pode ocorrer mais tarde.
Em crianças muito pequenas, há risco de superdiagnóstico ou confusão com outras condições, como atraso global do desenvolvimento e distúrbios sensoriais. “Por isso, o diagnóstico deve ser feito por equipe experiente e sempre acompanhado ao longo do tempo“, reforça.

Não há exames laboratoriais ou de imagem que confirmem o autismo. O diagnóstico é clínico, baseado em critérios comportamentais e pode envolver:
- entrevistas padronizadas, como o ADI-R;
- escalas de observação, como o ADOS-2;
- questionários para pais, como o M-CHAT.
“Exames como EEG, audiometria, exames genéticos e neuroimagem podem ser solicitados para descartar outras condições associadas“, destaca o médico.