A exibição de uma nova versão da novela Vale Tudo na Globo trouxe à tona o questionamento sobre quem matou Odete Roitmann. Já se sabe que a vilã não será morta pelo mesmo personagem do capítulo histórico que foi ao ar em janeiro de 1989.
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Quase uma década antes de Vale Tudo, no entanto, a grande pergunta no Brasil era “quem matou Miguel Fragonard?”, personagem de Raul Cortez na novela Água Viva, de Gilberto Braga e Manoel Carlos. Fragonard foi morto em um capítulo exibido em julho de 1980, há quase 45 anos.
Mas o que Novo Hamburgo tem a ver com a morte de um personagem da novela Água Viva? Naquele tempo, era comum a divulgação de convites de enterro em locais públicos da cidade. Até mesmo as árvores viravam murais dos “falecimentos”.
Eis que alguém da cidade resolveu entrar na onda da novela, que foi um grande sucesso de audiência, e produziu convites para o enterro de Miguel Fragonard. Os impressos foram espalhados pela cidade, indicando até mesmo o local (obviamente falso e, por isso, preservado neste texto) do velório. O convite para enterro era assinado pela “Funerária Água Morta”, que obviamente não existia.
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A trama apresentava dois irmãos em conflito, o famoso e rico cirurgião plástico Miguel Fragonard (Raul Cortez) e o playboy falido Nelson (Reginaldo Faria), que disputam o amor da mesma mulher, Lígia (Betty Faria), dividida entre a paixão e o futuro incerto de um, e o amor porto-seguro do outro.
A novela também girava em torno de Maria Helena (Isabela Garcia), uma pequena órfã que ligava boa parte dos personagens. Atingindo a idade de ser transferida para outro orfanato, Maria Helena estava insegura e amedrontada. Sua única amiga era Suely (Ângela Leal). Ela descobriu que o pai biológico de Maria Helena era Nelson Fragonard (Reginaldo Faria), irmão por parte de pai do famoso cirurgião Miguel Fragonard (Raul Cortez).
Além do enredo em si, Água Viva é até hoje reconhecida quase como um documento dos hábitos, costumes e modismos da classe média carioca da passagem das décadas de 1970 para 1980. Diferente de Dancin’ Days, fechada em uma discoteca, Água Viva era uma novela com muitas externas, mais iluminada, que valorizava as belas paisagens do Rio de Janeiro de 1980.
Lígia era uma mulher descasada, que trabalhava fora e sustentava os filhos, tema que ainda era discutido pela sociedade brasileira naquele tempo. O top-less, uma novidade no Brasil, também virou discussão na trama atrás da socialite Stella (Tônia Carrero).