Escritor hamburguense leva obra ambientada na Ditadura Militar a evento na França

Enquanto o Hemisfério Sul vive a chegada do outono, o Norte inicia a estação das flores. Mas a Universidade Sorbonne Nouvelle, em Paris, na França, encontrou uma forma de aproximar os dois continentes com a Primavera Brasileira. O evento é dedicado às diversas formas de arte do Brasil, que ocorre de março a junho.

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Henrique Schneider em visita ao Grupo Sinos | abc+



Henrique Schneider em visita ao Grupo Sinos

Foto: Eduardo Amaral/GES-Especial

Com o sucesso internacional do filme Ainda Estou Aqui, mesmo antes de levar o Oscar de Melhor Filme Internacional, o interesse dos franceses sobre o período de repressão no Brasil cresceu. E é neste contexto que o escritor Henrique Schneider embarcou na quinta-feira (27) para falar justamente a respeito do período de repressão brasileiro que durou de 1964 a 1988, quando foi promulgada a nova Constituição do País.

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Schneider conta que o interesse pelo tema surgiu ao perceber uma nova geração aos poucos se esquecendo do que foi o período e mesmo pedindo a volta da repressão política. “Naquelas manifestações de 2013 que culminaram com o golpe da Dilma, a gente via aquelas velhinhas com faixas dizendo coisas como ‘o erro da ditadura foi só torturar e não matar’. E isso era muito assustador, mas o mais assustador era ver uma molecada de 17 e 18 anos, que já nasceu com direitos garantidos indo para rua pedindo a volta da ditadura, e isso me assustou”, afirma.

Do susto com as manifestações em prol de um regime que impediria esses mesmos manifestantes de irem às ruas, Schneider decidiu colocar “a mão na massa”, principalmente pensando nas novas gerações. “Sou leitor, a gente sabe que a melhor forma de virar uma página é ler essa página.”

Ficção com pés na realidade

Diferente de outras obras sobre o período ditatorial, Schneider optou por não fazer um levantamento histórico ou biográfico do governo militar. Em seu trabalho, ele utiliza o regime como pano de fundo para dar vida a personagens fictícios, mas com base em histórias reais. Foi assim que nasceu o livro Setenta, lançado em 2018, que por sugestão da editora de Schneider acabou virando uma trilogia.

Dessa, dois livros já foram publicados: Setenta, que trata sobre o tema da tortura; e A Solidão do Amanhã, onde o escritor hamburguense aborda o tema do exílio. Previsto para ser lançado até 2026, o terceiro livro da trilogia trará a questão da censura durante o regime. O escritor gaúcho fará duas palestras durante o evento, uma na próxima segunda-feira (31) e a outra na terça-feira (1º).

A Primavera Brasileira na Universidade Sorbonne Nouvelle é um desdobramento mais amplo da antiga Primavera Literária Brasileira, organizada por Leonardo Tonus em outra instituição universitária da França. Mas diferente do evento inicial que tinha como foco apenas a literatura, desta vez os encontros levarão para o território francês uma gama muito mais ampla de atividades culturais. Além de Schneider, outro escritor convidado para a Primavera Brasileira é o paulista Marcelo Rubens Paiva, autor do livro Ainda Estou Aqui.

 

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