A enchente de 2024 tirou mais que a casa e os bens de Luzimari Dias Gonçalves, de 37 anos, moradora de Novo Hamburgo. Com cinco filhos na época e ainda sem saber que estava grávida do sexto, as águas de maio lhe tiraram também a vontade de viver. Pouco menos de um ano depois, com Matheus, de 3 meses, no colo, Luzimari celebra a chance de recomeçar uma vida com uma casa nova e longe de qualquer possibilidade de passar por uma enchente novamente.
Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial
Sem poder trabalhar por enquanto devido aos cuidados com o filho prematuro, a vendedora de rapaduras foi uma das oito* contempladas na manhã desta quarta-feira (26) com uma casa do Compra Assistida, programa do Governo Federal que garante R$ 200 mil na aquisição de um novo imóvel.
“Fiquei sabendo na semana passada que ganhei e vou me mudar na próxima semana para um apartamento de um condomínio no bairro São Jorge. Eu ainda não vi a casa porque é muito longe, quem viu foi o pai dos meus filhos. Até lá eu vou levando as minhas coisas”, comenta Luzimari, que no último ano passou por quatro endereços depois de perder seu lar.
Chance de recomeço
Luzimari estava na casa da avó, em Esteio, quando a água invadiu sua casa nos primeiros dias de maio de 2024. Ela só pôde retornar ao local cerca de um mês depois, mas o local já não podia mais ser chamado de casa. Logo em seguida, a notícia de que esperava mais um filho, ao invés de alegria, trouxe desespero.
“Eu passei por muita coisa, descobri a gravidez e me desesperei, me perguntando o que eu iria fazer. Grávida, sem ter onde morar, sem ter mais nada. Cheguei a falar que não queria mais viver porque eu não iria ter nada na minha vida. Mas a gente não sabe o que Deus está colocando em nossas mãos”, relata.
Foto: Dário Gonçalves/GES-Especial
Apesar do drama, ela não desistiu e há poucas semanas recebeu a tão aguardada notícia. “Quando me chamaram no setor de Habitação da Prefeitura, eu achei que eles iriam cortar o meu aluguel social, mas a notícia foi boa. Quando me falaram que ganhei a casa, que teria onde morar, foi uma felicidade muito grande”, disse.
Atualmente ela está morando em uma casa de madeira com os filhos no bairro Santo Afonso, enquanto organiza os trâmites da mudança. Para melhorar a situação, o apartamento para onde ela vai já é mobiliado. “A casa nova tem todos os móveis, só vou levar minha geladeira e o berço. Estava difícil de achar, mas começamos a procurar na internet e encontramos. É difícil de achar por esse valor, e ainda assim ele é todo mobiliado. Isso é Deus. Agora, é um recomeço”, finaliza.
Novo Hamburgo já recebeu mais de 100 casas do Compra Assistida
O ato de entrega de oito matrículas na manhã desta quarta-feira (26), no auditório da agência da Caixa Econômica Federal, na Rua Bento Gonçalves, fez com que Novo Hamburgo chegasse a 108 beneficiários do programa, que já destinou quase R$ 2 milhões para a aquisição de imóveis.
Conforme explica a Prefeitura, têm direito ao benefício famílias das faixas 1 e 2 do programa Minha Casa, Minha Vida, com renda familiar de até R$ 4,7 mil por mês. Os imóveis podem ser tanto em Novo Hamburgo quanto em outro município, desde que estejam avaliados em menos de R$ 200 mil, faixa de cobertura do programa Compra Assistida.
Estavam presentes o prefeito Gustavo Finck, a secretária de Desenvolvimento Social e Habitação (SDSH), Gislaine Pires, o titular da Secretaria para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, Maneco Hassen, o superintendente executivo de Habitação da Caixa Econômica Federal no Vale do Sinos, Ricardo Darós, e o superintendente de rede da Caixa, Marcos Tavaniello.
“Sabemos da aflição que é viver nesta situação vulnerável. Hoje, as famílias estão recebendo um bem que é delas, em um lugar que não é de risco”, destacou o prefeito Gustavo Finck.
Prazo prorrogado para mais famílias garantirem a nova casa
Além de Luzimari, outras famílias seguem no processo de aquisição de um novo lar pelo programa Compra Assistida. O superintendente executivo de Habitação da Caixa Econômica Federal no Vale do Sinos, Ricardo Darós, explica que algumas pessoas perderam o prazo inicial para indicação do imóvel, mas terão uma nova chance. “O prazo foi prorrogado até 30 de abril. O Ministério das Cidades foi sensível, a pedido inclusive da Prefeitura de Novo Hamburgo, e agora temos a renovação deste período”, afirma.
Caso o imóvel não se encaixe nos requisitos do programa, os beneficiários ainda terão um prazo adicional de 30 dias para apresentar uma nova opção. No início do ano, 24 famílias estavam nessa situação, e a Secretaria de Desenvolvimento Social e Habitação (SDSH) solicitou junto ao banco a extensão do prazo para evitar que elas perdessem o benefício. “Essas famílias estão tendo o seu sonho realizado e está sendo um sonho para nós, também, viver e acompanhar isso”, comenta a secretária Gislaine.
*Anteriormente havíamos informado que 10 casas haviam sido entregues, mas a informação correta é de que foram oito matrículas.
