Depois de assistir à série “Adolescência“, da Netflix, muita gente ficou em choque. Mas o que assusta ainda mais é que essas problemáticas, que parecem ficção, estão mais próximas do que se imagina.
“A verdade é que aquilo pode acontecer com qualquer família. Mesmo com pais presentes e amorosos“, alerta Mariana Ruske, pedagoga e fundadora da Senses Montessori School.

A nova produção da Netflix acompanha Jamie Miller, um garoto de 13 anos que está sendo acusado de matar uma colega da escola. Ao abordar o impacto do bullying, das redes sociais, do ódio online, do isolamento e de influenciadores misóginos sobre alguns adolescentes, a série provoca uma reflexão sobre a necessidade de os adultos estarem mais atentos aos jovens.
- Série ‘Adolescência’: o alerta de uma pedagoga sobre conversas difíceis que os pais não podem adiar
- Pão nosso de cada dia: herói ou vilão da alimentação?
- Bourbon Shopping São Paulo recebe O Mundo Perdido dos Dinossauros
- 9 passeios gratuitos para fazer na Bolívia e se surpreender
Adolescência moderna
Conforme a pedagoga, a adolescência sempre foi uma fase turbulenta. Mas, hoje, ela acontece sob pressão — com excesso de estímulos, redes sociais 24 horas por dia, pornografia, discursos de ódio, influenciadores e um algoritmo treinado para viciar.
“Os pais estão achando que os filhos estão seguros no quarto. Mas, é na tela que muita coisa começa a desmoronar”, pontua Mariana.
Para ajudar pais e responsáveis a atravessar esse momento com mais clareza e segurança, Mariana lista 5 reflexões urgentes.
Conversas com os adolescentes que não podem ser adiadas, segundo Mariana
1. Educação sexual começa cedo — e não tem nada a ver com erotização
Até os 9 anos, o foco é ensinar respeito ao corpo, limites e situações de risco. Isso protege a criança e a prepara para se defender — de abusos, bullying e até do papel de agressora.
Na pré-adolescência, é hora de falar sobre consentimento, relacionamentos reais e diferenciar pornografia de realidade.
2. Os riscos do algoritmo
“Seu filho pode estar aprendendo sobre sexo e amor com vídeos violentos e distorcidos“, alerta Mariana. “E sobre autoestima com influenciadores que propagam ódio, racismo ou machismo“, completa.
Por isso, é importante estar atento ao que ele consome online e manter canais de conversa abertos.
3. Autoconfiança se constrói
Crianças superprotegidas ou elogiadas em excesso têm mais dificuldade de lidar com frustrações.
“Permita que seu filho enfrente desafios reais, sinta que é capaz, reconheça seu próprio esforço. Isso evita a busca desesperada por validação externa“, orienta.
4. O exemplo fala mais alto do que qualquer conversa
Seu filho aprende sobre respeito, diálogo e convivência observando a forma como você se comunica e resolve conflitos em casa.
“A adolescência é um espelho do que foi construído na infância — e da relação que foi cultivada”, lembra Mariana.
5. Crie uma rede de apoio, não um campo de guerra
Conheça os amigos do seu filho e, sempre que possível, seus pais. Relações saudáveis ajudam a construir uma “microcomunidade” de segurança e pertencimento.
Quanto mais forte essa rede, menor a chance de ele buscar aceitação em grupos radicais ou nocivos.
“Se você é pai, mãe ou responsável, talvez já tenha sentido aquele medo silencioso: será que estou conseguindo proteger meu filho do mundo lá fora? A resposta está dentro de casa. Começa no diálogo, no exemplo, na escuta e, principalmente, na coragem de enfrentar as conversas que mais assustam. Porque o maior risco não está no que é dito, mas no que nunca é falado“, finaliza Mariana.