Os astronautas Butch Wilmore e Suni Williams retornaram à Terra após uma estadia inesperada de nove meses na Estação Espacial Internacional (ISS), atraindo um grande interesse sobre os efeitos físicos do espaço em longas missões.
Aliás, a imprensa norte-americana publicou diversas matérias comparando a aparência dos astronautas antes e depois da missão, que, originalmente, era para durar oito dias.
No entanto, esse prazo aumentou em 98% porque a Starliner, cápsula da nave da Boeing, apresentou problemas técnicos, além da agenda de missões da NASA na ISS.
Enfim, nesta semana, os astronautas já voltaram à Terra, mas diferentes não apenas na aparência. Devido à longa estadia no espaço, os astronautas sofrem efeitos físicos pelo ambiente de microgravidade, incluindo perda de massa muscular.
A maioria desses efeitos são reversíveis e temporários e, conforme os médicos da NASA, Wilmore e Williams apresentaram um bom estado de saúde na Terra.
Contudo, é certo que os astronautas que ficam longos períodos no espaço enfrentam alguns efeitos físicos. Por isso, vamos listar alguns deles. É importante ressaltar que a microgravidade, a ausência quase total de gravidade no espaço, é o principal fator por trás dos efeitos físicos e mudanças fisiológicas em astronautas. Confira:
1. Perda de massa óssea e muscular
Sem a força de gravidade, astronautas perdem densidade óssea e massa muscular. Aliás, os ossos podem perder 1,5% de sua densidade por mês, o que aumenta o risco de fraturas.
De acordo com a NASA, após o retorno à Terra, há o risco de os astronautas não conseguirem recuperar a massa óssea que perderam no espaço, mas o risco físico de fratura não é tão alto.
Para reduzir esses efeitos físicos no espaço, a NASA exige que os astronautas adotem uma dieta especial e façam exercícios por cerca de duas horas e meia por dia durante as missões.

Imagem: NASA/Reprodução
Esses exercícios incluem bicicleta e o ARED (Advanced Resistive Exercise Device), um dispositivo da NASA que simula aparelhos de musculação.
2. Sistema cardiovascular
Problemas no sistema cardiovascular serão um dos efeitos físicos do espaço nos astronautas Sunni Williams e Butch Wilmore terão que enfrentar após nove meses.
Novamente, esses problemas são consequência do ambiente de baixa gravidade, que podem causar danos significativos no tecido do coração.
De acordo com um novo estudo, os tecidos cardíacos expostos a ambientes de baixa gravidade apresentaram sinais de danos mitocondriais e estresse oxidativo.
Esses dois elementos são grandes protagonistas em casos de insuficiência cardiovascular.
De acordo com cientistas da Universidade John Hopkins, os tecidos cardíacos se enfraquecem e perdem o ritmo normal de batimentos no espaço.
3. Visão
Quando a nave da Boeing apresentou os problemas e impossibilitou o retorno dos astronautas após oito dias, a NASA afirmou que Williams e Wilmore retornariam à Terra em fevereiro deste ano.
No mesmo mês, o Giz Brasil publicou uma matéria sobre um dos principais efeitos físicos em astronautas que ficam muito tempo no espaço, sobretudo na ISS.

Imagem: NASA/Reprodução
De acordo com um estudo publicado em dezembro de 2024, 70% dos astronautas que ficaram entre seis e 12 meses no espaço apresentaram um problema de visão chamado Síndrome Neuro-Ocular Associada ao Voo Espacial (SANS).
“A SANS é o conjunto de alterações que incluem edema do nervo óptico, sinais de isquemia da retina, encurtamento do globo ocular, além de mudança geral na visão, como no grau de pessoas que usam óculos”.
Novamente, a causa dos problemas de visão dos astronautas é a microgravidade.
Leia mais: Astronautas com muito tempo na ISS apresentam alterações na visão
4. Sistema imunológico e alterações genéticas
Um estudo de 2023 analisou como o sistema imunológico dos astronautas da ISS sofreu alterações ao longo de seis meses no espaço. De acordo com o estudo, 297 genes foram afetados pela exposição no espaço. 100 desses genes estavam relacionados a respostas imunológicas.
As alterações genéticas, portanto, deixam os astronautas mais propensos a infecções e com menor imunidade para combater vírus, bactérias e tumores.
No espaço, a exposição a partículas radioativas é difícil de conter, gerando consequências de curto e longo prazo com base tanto no tempo em que os astronautas ficam no espaço quanto no nível de exposição à radiação.
Um dos maiores riscos à saúde de astronautas é a exposição à radiação, que pode causar doenças degenerativas e aumentar o risco de câncer.
5. Saúde mental
Por fim, um dos efeitos que os astronautas enfrentam por longas missões no espaço não é físico, mas, sim, mental.
O “efeito perspectiva” (ou “overview effect”) é uma profunda mudança cognitiva da consciência dos astronautas após verem a Terra do espaço. Geralmente, essa condição é uma experiência que influencia a perspectiva dos astronautas sobre todas as coisas.
A experiência gera um senso elevado de conexão com a humanidade e com o planeta.
Embora o efeito tenha consequências positivas, como um senso maior de responsabilidade global e que considera os problemas terrestres como insignificantes para o nosso “Pálido Ponto Azul”, a condição também tem seu lado negativo.
Muitos astronautas que ficam longos períodos no espaço apresentam ansiedades existenciais, que podem ter efeitos físicos. A enorme escala do Universo justaposta à vulnerabilidade da Terra pode causar sentimentos que beiram o pavor.
A reabilitação dos astronautas, apesar de ser desafiadora, costuma funcionar. Desse modo, os efeitos físicos das longas estadias no espaço tendem a desaparecer após seis meses de reabilitação. Contudo, os efeitos psicológicos podem ser mais duradouros.
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