Médica que levou bebê de Uberlândia para Goiás era professora e dava aulas no mesmo hospital onde a criança nasceu


Segundo a Universidade Federal de Uberlândia, médica Cláudia Soares Alves é docente da Faculdade de Medicina e o vínculo inclui atividades de ensino no Hospital de Clínicas. Claudia Soares é médica foi presa por sequestrar uma recém-nascida em Uberlândia
Reprodução/Redes sociais
Claudia Soares Alves, a mulher que levou a recém-nascida do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) e foi presa em Itumbiara, é docente da Faculdade de Medicina (Famed) da UFU com vínculo que inclui atividades de ensino no HC há cerca de 3 meses.
Ela é formada em medicina pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), em Uberaba, em 2004. Na página do Conselho Federal de Medicina (CFM), consta que a médica está cadastrada na especialidade de neurologia e clínica médica.
Cláudia, que está presa preventivamente na Unidade Prisional Regional Feminina de Orizona, em Goiás, deve responder pelo crime de sequestro qualificado, cuja pena pode chegar a 8 anos de prisão. A informação foi confirmada pela Polícia Civil durante coletiva na tarde de quarta-feira (24).
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Defesa alegou surto psicótico
Segundo o delegado Carlos Antônio Fernandes, a mulher afirmou que usou medicação e entrou em surto.
“Ela disse que teria feito uso de medicação, entrado em surto psicótico e, por isso, teria entrado na maternidade e sequestrado a criança”, disse Fernandes.
No entanto, Fernandes não informou qual seria o remédio usado pela mulher. Ela foi presa em Itumbiara (GO), a 134 quilômetros de distância da cidade mineira. A recém-nascida está bem e já reencontrou a mãe. O vídeo abaixo mostra o momento do crime.
Recém-nascida levada por médica de hospital de Uberlândia reencontra a mãe após ser resgatada
Reprodução
De acordo com o delegado-chefe da Polícia Civil, Marcos Tadeu de Brito, o primeiro passo da investigação era recuperar o bebê. “O nosso segundo passo é investigar todas as circunstâncias que levaram à prática desse ilícito. Investigaremos junto com a Polícia Civil de Goiás os motivos”, afirmou o delegado.
O advogado Vladimir Rezende, responsável pela defesa da médica, explicou que ela faz acompanhamento psiquiátrico há alguns meses por conta da morte da mãe e toma medicamentos controlados. Segundo a defesa, por conta de uma suposta gravidez, Cláudia precisou mudar a medicação e teve um surto, que a levou a sequestrar a recém-nascida.
“Com a alteração dos medicamentos, ela deu um surto, um surto psicótico. Tem um laudo clínico relatando toda a situação dela. Nossa defesa vai ser essa, porque realmente é o que aconteceu”, afirmou.
Sequestro do bebê
Na noite de terça (23), a médica entrou no hospital usando roupa de profissional de saúde, luvas e com o rosto coberto por máscara. Ela também usava crachá da UFU.
A criminosa foi até o quarto onde a recém-nascida estava, se apresentou ao pai da bebê como pediatra e a retirou de lá dizendo que iria alimentá-la (leia mais abaixo). Em seguida, saiu com a menina do hospital e caminhou com ela em direção ao carro.
Inicialmente, a mulher foi apontada como falsa médica, mas, após ser presa, a polícia confirmou que ela estava cadastrada no Conselho Federal de Medicina, na especialidade de neurologia e clínica médica.
Segundo a Polícia Militar (PM), a mulher se identificou como pediatra, entrou na maternidade e pegou a bebê, que tinha nascido havia apenas três horas. O pai da menina disse que, ao chegar ao local onde a criança estava, a médica disse que precisava levá-la para se alimentar, e não voltou mais.
“Ela era muito bem articulada. Entrou, mexeu nos peitos da minha esposa para ver se tinha leite, disse que era pediatra e que ia levar a bebê para se alimentar. Minutos depois, eu vi que a minha menina não voltava, e aí percebemos que ela tinha sido levada”, disse o pai da recém-nascida, Édson Ferreira.
O vídeo abaixo mostra a médica estacionando o carro na rua, andando pelo hospital e depois carregado a bebê no braço em direção ao carro.
Ponto a ponto do vídeo
Um dos vídeos indica que ela chegou de carro em frente ao HC-UFU, às 23h18.
Ela desce do veículo usando jaleco, touca, máscara, luvas de borracha e uma mochila amarela nas costas.
A mulher caminha até o hospital e retorna 37 minutos depois.
Às 23h55, a médica passa novamente pelas câmeras de monitoramento, já carregando a recém-nascida em um dos braços.
Ela entra pelo banco do motorista e sai logo em seguida.
Vídeo mostra falsa pediatra que levou recém-nascida do HC-UFU em Uberlândia
Após a médica ser presa e a recém-nascida encontrada, o delegado-chefe da Polícia Civil de Uberlândia, Marcos Tadeu de Brito Brandão, informou que a bebê passou por exames. “Não havia qualquer sinal de maus-tratos”, disse.
O delegado Carlos Fernandes, que apura o caso, afirmou que a mulher já é investigada por envolvimento na morte de uma farmacêutica em Uberlândia, em 2020.
Falsa pediatra que levou recém-nascida do HC-UFU
g1
O que diz o HC-UFU
“A Universidade Federal de Uberlândia (UFU) agradece as ações da Polícia Militar de Minas Gerais, Polícia Civil de Uberlândia e de Itumbiara e das(os) servidoras(es) do Hospital de Clínicas de Uberlândia (HC-UFU/Ebserh) que resultaram no resgate, com segurança, da criança recém-nascida subtraída nas dependências daquela unidade de saúde, na noite desta terça-feira, 23 de julho. A UFU manifesta sua solidariedade para com os pais da bebê, diante do intenso sofrimento causado e informa que todo suporte necessário a eles está sendo oferecido por nossa equipe do HC-UFU/Ebser
A acusada pelo crime, identificada pela Polícia Civil, é estudante regularmente matriculada no curso de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPCSA) e, recentemente, foi aprovada em concurso público e tomou posse como docente no curso de graduação em Medicina da Faculdade de Medicina da UFU.
A Universidade Federal de Uberlândia tomará, de imediato, as necessárias medidas administrativas e afirma seu compromisso no esclarecimento, apuração e responsabilização dos fatos ocorridos.
Conforme já informado pelo HC-UFU/Ebserh, protocolos de segurança do paciente estão sendo revisados para melhorar o atendimento e a segurança dos pacientes.”
Após a recém-nascida ser sequestrada, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que administra HC-UFU, divulgou um ofício delimitando os acessos de funcionários e pacientes no local.
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