Como estas árvores viajam entre Amazônia e Mata Atlântica?

O conjunto de biomas chamado “diagonal seca” forma um corredor separando a Mata Atlântica da Amazônia por mais de mil quilômetros, mas algumas árvores ainda conseguem viajar entre as duas florestas tropicais brasileiras.

Um estudo publicado por uma equipe internacional no último dia 22, que contou com a participação de cientistas brasileiros, revela com as árvores viajam entre a Amazônia e a Mata Atlântica.

A diagonal seca consiste em três biomas: a caatinga, o cerrado e o chaco (no Pantanal). Anteriormente, a teoria vigente era de que a migração de sementes entre a Amazônia e a Mata Atlântica ocorria quando a região era mais úmida e favorável ao crescimento da floresta.

No entanto, o estudo revela que as florestas ribeirinhas funcionam como “rodovias”. A conexão desses dois biomas ocorre pelos rios dessas florestas, em um processo contínuo e lento.

Bacias hidrográficas entre um dos biomas e a diagonal seca, como o Rio Doce, em Minas Gerais, transportam sementes por longas distâncias.

Árvores viajam mais da Amazônia para a Mata Atlântica

O estudo examinou o processo biogeográfico responsável pela diversidade de espécies de árvores na Mata Atlântica, focando na Ingá por sua vasta população também na Amazônia.

A equipe analisou 164 espécies de árvores do gênero Inga, incluindo 62% das espécies do gênero na Mata Atlântica. Desse modo, os cientistas identificaram entre 16 e 20 eventos de dispersão da Amazônia para a Mata Atlântica.

Na direção oposta, da Mata Atlântica para a Amazônia, os pesquisadores identificaram uma ou duas migrações.

Além disso, as árvores viajaram entre os biomas durante a história evolutiva do Ingá, mas sem evidências de um período específico.

Árvore Ingá crescendo às margens de um rio no Cerrado. Imagem: RT Pennigton/Divulgação

Por que a dispersão foi menor na Mata Atlântica?

Ainda de acordo com o estudo, as árvores viajaram menos da Mata Atlântica para a Amazônia pelo simples motivo do tamanho entre as duas florestas. A Amazônia produz e dispersa um volume muito maior de sementes, além de possuir rios com fluxos maiores.

Os cientistas destacam a necessidade de preservar não apenas os remanescentes da Mata Atlântica, que hoje representam apenas 20% da área original, mas também as conexões ecológicas.

São essas conexões ecológicas que permitem a viagem das entre os biomas, possibilitando uma reconstrução do bioma.

“O estudo também nos diz algo fundamental sobre a história da incrível biodiversidade da Mata Atlântica, que contém cerca de 3.000 espécies de plantas a mais do que a Amazônia brasileira”, afirmou Toby Pennington, um dos autores do estudo.

Assine a newsletter do Giz Brasil

The post Como estas árvores viajam entre Amazônia e Mata Atlântica? appeared first on Giz Brasil.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.