Peça que reflete sobre envelhecimento volta aos palcos depois de dois anos

O ano era 2015 quando quatro artistas de Novo Hamburgo se uniram para criar o grupo Tre Vecchio, que traduzindo português significa justamente Três Velhos. Formados dentro da ParaNóia de Novo Hamburgo, Henry Nícolas Rodembuch, Leonardo Nunes, Pedro Reisdörfer e Assis Eugênio, buscaram justamente trazer para os palcos uma reflexão sobre a terceira idade.

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Peça voltará aos palcos em Porto Alegre após dois anos sem apresentações | abc+



Peça voltará aos palcos em Porto Alegre após dois anos sem apresentações

Foto: Divulgação

Foi assim que nasceu a peça Aqueles Velhos, um espetáculo sem falas no qual Henry, Leonardo e Pedro dão vida a Jaime, Romeu e Celestino, um trio de idosos que se conhecem na sala de espera do consultório médico. Partindo do encontro no consultório, a peça busca refletir sobre os desafios do encarar o envelhecimento.

Em meio a dificuldades financeiras, o grupo ficou sem apresentar a peça nos últimos dois anos. A retomada já tem data e acontecerá pela primeira durante o festival Porto Verão Alegre, um dos mais tradicionais do Rio Grande do Sul. O grupo sobe ao palco nos dias 14 e 15 de fevereiro, quando o trio sobe ao palco do Auditório do Goethe-Institut, na capital gaúcha.

Inspiração em casa

Para construir o texto e os personagens, os três apuraram o olhar para dentro de casa e o comportamento dos próprios avôs. “Cada um pegou característica do seu avô, e a gente dá uma exagerada,não é nada ao pé da letra , temos muitas referências. Então tem o meu avô que é é mais fechado, outro mais sério, um mais rabugentinho”, explica Henry.

Há ainda duas apostas bastante inusitadas e que chamam atenção do espectador. A primeira é a escolha por uma peça teatral realizada sem palavras, toda a atuação está baseada em gestuais dos atores e na sonoplastia.

Outro ponto que chama bastante atenção é o uso de máscaras, que são utilizadas como forma de dar ao trio o aspecto de idosos. As máscaras foram confeccionadas pelo também hamburguense Cléber Melo.

Impactos e reflexão

Quando criaram a peça, os autores não esperavam que ela tivesse um impacto tão forte no público. “Depois da primeira apresentação a gente foi ouvindo de pessoas o quanto aquilo era importante, o quanto coisas que a gente fazia que eram simples na peça, tocavam as pessoas de mais idade, e até os nossos próprios avós que assistiram também”, relata Henry.

A relação do público com as apresentações também tocou diretamente os atores neste período de praticamente uma década. “E ver vovo chorando no nosso espetáculo, emocionado, dizendo ‘isso já me aconteceu’, coisas comuns na terceira idade que dificilmente se vê uma peça teatral sobre isso. Isso foi mudando nossa percepção sobre o espetáculo, hoje em dia, na minha opinião, tem um papel muito mais social do que apenas uma peça”, destaca Henry.

Para Henry, com o passar do tempo a peça foi ganhando uma importância e relevância diferentes devido às mudanças no perfil etário do país.

“Hoje em dia, na minha opinião, ela tem um papel muito mais social do que apenas uma peça. O número de idosos é muito maior no Brasil, a cada dia cresce mais, então a gente tenta tratar isso com carinho e passar isso para o público de uma forma sensível, delicada sobre o assunto”, reflete Henry falando inclusive de alterações realizadas na peça em razão deste novo cenário.

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