Sindicato dos Motociclistas do RS se manifesta sobre a morte de trabalhador em Canoas: “Precisamos dar um basta”

Após o atropelamento e morte do motoboy Guilherme Joaquim da Silva, de 19 anos, na tarde de sexta-feira (31) em Canoas, a consequente prisão do motorista responsável pelo crime levou à revolta a categoria de motociclistas profissionais.

Guilherme Joaquim da Silva, 19 anos, perdeu a vida nesta sexta-feira (31), em Canoas



Guilherme Joaquim da Silva, 19 anos, perdeu a vida nesta sexta-feira (31), em Canoas

Foto: REPRODUÇÃO

Os trabalhadores começaram a se reunir, a partir do final da tarde de ontem, em frente a sede da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Canoas, para onde o homem de 51 anos foi encaminhado ao ser preso pela Brigada Militar.

Houve confusão e acabou sendo necessário que os agentes da Polícia Civil pedissem calma aos trabalhadores diante da situação. À noite, já eram centenas tomando a Avenida Boqueirão em protesto.

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Presente no ato, o entregador Denílson Almeida, 37, explica que o caso é um exemplo perfeito dos riscos que os trabalhadores do setor acabam sofrendo diariamente no trânsito.

“Tem que acabar com essa palhaçada”, afirma. “É uma barbaridade que o sujeito atropele e mate um colega. Fez isso porque eles se acham grandes protegidos dentro do carro. É um absurdo isso e acontece diariamente”.

O buzinaço e gritos de protesto em frente a uma das sedes da Polícia Civil levou o Sindicato dos Motociclistas e Ciclistas Profissionais do RS (Sindimoto) a se posicionar oficialmente na manhã deste sábado (1º). Declarando luto pelo acontecimento, o sindicato destacou que além dos perigos intrínsecos da profissão, atualmente o trabalhador precisa conviver com outras situações de risco.

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“A morte do Sr. Guilherme Joaquim da Silva, nesta sexta em Canoas, é apenas uma ponta de fragilidade que estamos expostos”, diz o texto. “Precisamos dar um basta, buscamos novas regulamentações, que não sejam apenas para punir os trabalhadores, mas sim, sejam protetivas e inibidoras de violência, como a que levou a óbito o jovem Guilherme ontem.”

Confira a nota na íntegra:

“Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil se encontra em um ranking desonroso, ocupando a classificação como quarto país no mundo, com maior índice de violência no trânsito. Esses índices de acidentalidade refletem em inúmeros mutilamentos, aleijamentos e óbitos, causando um prejuízo inestimável a toda a sociedade.

As estatísticas revelam um cenário preocupante em relação às motocicletas que, embora sejam meio de transporte eficiente e econômico, são os mais suscetíveis a acidentes. Infelizmente nossa sociedade não usufrui de um ambiente viário seguro, já que nossa política de prevenção a acidentes não se mostra suficiente, bem como a formação do condutor não é efetiva desde a formação como cidadão, no sentido de educação, respeito e prudência.

A repressão aos crimes de trânsito, a nosso ver, é insignificante, já que a pena máxima de 4 anos, conforme o artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) não coíbe os crimes.

A morte do Sr. Guilherme Joaquim da Silva, nesta sexta em Canoas, é apenas uma ponta de fragilidade que estamos expostos. Não basta todo o risco inerente à profissão do motociclista, profissão essa, por lei considerada perigosa, o trabalhador também precisa conviver diariamente com esse tipo de violência, como a praticada na data de ontem, vivenciada rotineiramente contra motociclistas, afetando inclusive as condições psíquicas e emocionais do trabalhador.

Estamos chegando a um nível jamais visto. Precisamos dar um basta, buscamos novas regulamentações, que não sejam apenas para punir os trabalhadores, mas sim, sejam protetivas e inibidoras de violência, como a que levou a óbito o jovem Guilherme ontem.

O Sindimoto está em luto em razão da violência contra trabalhadores”.

Relembre o caso

O acidente de trânsito que matou Guilherme Joaquim da Silva e deixou a namorada dele ferida aconteceu no início da tarde desta sexta-feira. A colisão do carro Citroën C4 e a motocicleta Honda CG teria ocorrido minutos após uma discussão, quase no cruzamento da Avenida Boqueirão com a Rua AJ Renner, no bairro Estância Velha.

O motorista do veículo responsável pelo atropelamento fugiu do local do acidente. Ele acabou preso em casa, ao ser encontrado pela Brigada Militar.

Câmeras de segurança flagraram o momento da batida, o que acabou sendo decisivo para garantir a posterior prisão em flagrante na DHPP de Canoas.

Preso preventivamente

O homem de 51 anos acusado da morte acabou tendo a prisão em flagrante convertida para prisão preventiva na manhã deste sábado. Segundo a Polícia Civil, o suspeito admitiu ser o homem que estava no Citroën C4 que atingiu a motociclista guiada por Guilherme Joaquim da Silva.

Conforme a delegada Graziela Zinelli, responsável pela Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Canoas, houve uma perseguição ao motociclista. “Houve uma discussão no trânsito e, depois disso, ele passou a perseguir o motociclista até atingi-lo”, explica. “Chegou até passar com o veículo por cima de uma parte da moto”.

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