Ex-prefeita de Ivoti tem pena de prisão anulada por causa da idade

Condenada em outubro do ano passado a 11 anos e três meses de prisão em regime fechado, a ex-prefeita de Ivoti Maria de Lourdes Bauermann teve a pena anulada no último dia 23. Ela respondia a longo processo criminal por fraude na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) e chegou a ser cassada em 2017.

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Maria de Lourdes Bauermann | abc+



Maria de Lourdes Bauermann

Foto: Reprodução/Instagram

A extinção foi decretada pelo juiz da 2ª Vara Criminal de Taquara, Juliano Fonseca, o mesmo que condenou. Ele acolheu o pedido da defesa de Maria, com base no artigo 115 do Código Penal, que reduz pela metade o prazo de prescrição da pena para réus com mais de 70 anos.

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Professora aposentada, Maria fez 80 anos em 12 de novembro. Na anulação, o juiz observou que a prescrição ocorreu no dia 30 de novembro. A política concorreu novamente à prefeitura de Ivoti no ano passado, pelo Republicanos, mas perdeu. Fez 5.353 votos (40,65%).

“Essa defesa afirmou, com o devido lastro técnico, que a descabida condenação, emanada da 2ª Vara Criminal de Taquara, inexistia, seja pela total insuficiência de provas ou pela gritante inobservância da legislação vigente”, declara o advogado Daniel Kessler. Para ele, a condenação foi uma “uma pretensa sentença condenatória e absurda”.

Condenação mantida para as outras duas rés

Os crimes contra a saúde pública, conforme a Operação F5 do Ministério Público, aconteceram entre abril de 2013 e novembro de 2015. Foram condenadas no mesmo processo a vereadora de Taquara Magali Vitorina da Silva, 47, e Irani Weber, 64, apoiadora de Maria de Lourdes. As duas receberam 14 anos e quatro meses em regime fechado. Elas recorrem em liberdade.

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Conforme a sentença, a fraude tinha como base furar a fila do SUS. Para isso, Maria de Lourdes, Magali e de Irani “inseriam no sistema de agendamentos pacientes de Ivoti na fila de Taquara, sempre usando dados falsos”. Magali trabalhava na Secretaria da Saúde de Taquara. O objetivo do esquema, segundo o MP, era trocar atendimento médico por votos. O órgão afirma que até cirurgias plásticas foram feitas para “ganho de capital político”.

As condenadas foram pelos delitos de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistemas de informação. “Personalidade deturpada, oportunista e egoísta” são alguns dos termos aos quais o juiz se referiu às acusadas.

Vereadora nega envolvimento

Cassada em agosto de 2021, Magali da Saúde, como é conhecida, foi eleita em outubro do ano passado com 527 votos, pelo União Brasil, para retornar à Câmara de Vereadores de Taquara.
Ao contrário das duas supostas comparsas, que ficaram em silêncio na frente do juiz, a vereadora negou participação no esquema. Afirmou ter sido envolvida em razão de o login da Secretaria Municipal de Saúde de Taquara, onde trabalhava, estar cadastrado em seu nome, frisando que era usado por todos os servidores.

Magali da Saúde | abc+



Magali da Saúde

Foto: Divulgação

Negou ter conversado com as outras acusadas sobre agendamento de consultas e procedimentos médicos. Confirmou ter atendido uma ligação de Maria de Lourdes, a qual conhecia por ser do meio político, tendo ligado para saber sobre o encaminhamento de pacientes, não sabendo se eles moravam em Taquara. Alegou que era “comum” trocarem consultas entre municípios, devido às cotas que sobravam.

Para o defensor de Magali, Julio Cezar Garcia Junior, a condenação não condiz com as provas. “A sentença será objeto de recurso por parte da defesa técnica da ré Magali dentro do prazo legal e, confia-se que, ao final, será reconhecida a sua absolvição.”

Já a defesa de Irani nunca se manifestou.

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