Papiro de 2 mil anos revela que a corrupção já existia no Império Romano

Recentemente, cientistas austríacos e israelenses traduziram um papiro descoberto no Deserto da Judeia, em 2014, revelando casos de corrupção e fraude fiscal no Império Romano. Inicialmente, os pesquisadores acreditaram que o papiro de quase dois mil anos foi escrito em aramaico nabateu, idioma dos antigos árabes que habitavam o sul do Levante e o norte da Arábia.

No entanto, reanálises em 2014 comprovaram que o texto do papiro de 133 linhas era em grego. Em um estudo publicado na terça-feira (28), os cientistas revelaram a tradução do papiro. Hannah Cotton Paltiel, pesquisadora da Universidade Hebraica de Jerusalém, foi quem descobriu o papiro e traduziu o documento quando descobriu que o idioma do texto era grego.

De acordo com o estudo, o papiro é um documento de anotações judiciais detalhando um julgamento. Dois homens respondiam por crimes de corrupção.

Papiro detalha ações contra corrupção no Império Romano

Os crimes de corrupção incluíam falsidade ideológica, evasão de divisas ou mesmo venda e libertação fraudulenta de escravos nas províncias da Judeia e da Arábia — pertencentes ao Império Romano no início do Século 2 d.C.

As 133 linhas do papiro incluem, além de anotações dos procuradores, uma transcrição da audiência judicial posterior e comentários entre os promotores. Segundo a tradução, os promotores conversavam entre si sobre como responder aos argumentos da defesa e a sustentabilidade das provas.

Apesar de não descobrir as identidades, os cientistas sugerem que os procuradores faziam parte da administração fiscal do Império Romano. Os réus eram dois homens, Saulos e Gedalias, que enfrentavam acusações de corrupção pelo Império Romano de acordo com a tradução do papiro.

O texto afirma que Saulos coordenou vendas e emancipações forjadas de escravos sem pagar os impostos necessários. Gedalias, por sua vez, era filho de um nobre e tinha histórico de crimes, incluindo estelionatos.

Ambos foram acusados de falsificar documentos pela legislação de corrupção fiscal do Império Romano. O crime possui penas severas, como trabalho forçado e de morte.

O papiro não revela a decisão do julgamento. Porém, fornece um raro vislumbre dos procedimentos legais e das táticas de corrupção do Império Romano no Oriente. “Este papiro é o documento mais detalhado de um processo jurídico romano na Judeia após o Julgamento de Jesus”, afirmou Avner Ecker, arqueólogo e coautor do estudo.

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